É noite e há chuva
Há recolhedores de lixo
E entregadores de lanche
Há restos de lanches no lixo
E quem acredite que todos têm chance
Há quem lute por um teto
Ou por um piso salarial
Há quem ache certo
O nosso nicho social
30/06/2015
16/06/2015
Gelos Queimam
Há diferentes tipos de gelo
Por mais distintos que sejam, sempre queimam
O caminho é um chão coberto de um
Escorregadio e traiçoeiro
Não se sabe se é um gelo fino
Se vai ceder no meu passeio
Se vou cair da superfície
E me molhar por inteiro
Há diferentes tipos de gelo
Por mais distintos que sejam, sempre queimam
O gelo que ela me dá não tem formato
Mas queima ao cubo
O gelo que ela me dá é um hiato
E queima tudo
Há diferentes tipos de gelo
Por mais distintos que sejam, sempre queimam
O inverno se camufla de inferno
Por mais distintos que sejam, sempre queimam
É o V ou F, de verdadeiro ou falso, que os difere
É o gelo ou é o fogo, que arde e nos fere?
Por mais distintos que sejam, sempre queimam
É o jogo, é o mistério
Por mais distintos que sejam, sempre queimam
O caminho é um chão coberto de um
Escorregadio e traiçoeiro
Não se sabe se é um gelo fino
Se vai ceder no meu passeio
Se vou cair da superfície
E me molhar por inteiro
Há diferentes tipos de gelo
Por mais distintos que sejam, sempre queimam
O gelo que ela me dá não tem formato
Mas queima ao cubo
O gelo que ela me dá é um hiato
E queima tudo
Há diferentes tipos de gelo
Por mais distintos que sejam, sempre queimam
O inverno se camufla de inferno
Por mais distintos que sejam, sempre queimam
É o V ou F, de verdadeiro ou falso, que os difere
É o gelo ou é o fogo, que arde e nos fere?
Por mais distintos que sejam, sempre queimam
É o jogo, é o mistério
Escravo Escriba
Escrevo e não enlouqueço
Já enlouqueci
Escrevo pra ver se cresço
Não sei o quanto cresci
Não quantifico, não meço
Não tem como medir
Escrevo universos
Eles vão se expandir
Escrevo e me apresso
Não há como fugir (do tempo)
Escrevo sem preço
Não tem como medir
Escrevo o expresso
Que vai me conduzir
O progresso ou regresso
Do ponto de partir
Não quantifico, não meço
Não tem, como medir
Já enlouqueci
Escrevo pra ver se cresço
Não sei o quanto cresci
Não quantifico, não meço
Não tem como medir
Escrevo universos
Eles vão se expandir
Escrevo e me apresso
Não há como fugir (do tempo)
Escrevo sem preço
Não tem como medir
Escrevo o expresso
Que vai me conduzir
O progresso ou regresso
Do ponto de partir
Não quantifico, não meço
Não tem, como medir
15/06/2015
A Seleção Brasileira e os bastidores do umbiguismo
Na quarta-feira passada (10), tive a oportunidade de acompanhar um jogo da seleção brasileira enquanto imprensa. Deixo no equivalente ao que seria o lead dessa crônica, mais uma vez, o agradecimento ao site VAVEL Brasil, no qual deixo minhas palavras em tom informativo há quase um ano, e que permitiu meu credenciamento.
Já faz quase uma semana da experiência para o marinheiro de primeira viagem em grandes eventos. Estou somente acostumado a cobrir jogos do Grêmio Atlético Farroupilha, da terceira divisão gaúcha. Talvez minha situação de rotina e a da oportunidade somem um dos maiores abismos do mundo do futebol. Pensando comigo, temos o caso de um clube que luta para sobreviver, atualmente na última das divisões estaduais de um estado judiado. Do outro lado, a seleção mais badalada do mundo, com muito dinheiro à mostra e muito dinheiro às escuras nos sujos bastidores.
Ironicamente, recebemos, os outros dois redatores e eu, a chance de tamanha cobertura do amistoso Brasil e Honduras (alerta de rima não proposital) justamente na corda mais bamba da polêmica história da CBF - Confederação Brasileira de Futebol. Os escândalos tomaram conta dos noticiários esportivos. A Fifa e a entidade brasileira passam por um período de intensa metamorfose e turbulência pela corrupção em que seus cartolas as soterraram.
No evento em si, no estádio Beira-Rio - mais uma ironia por se tratar da cancha do maior rival ao meu clube de torcida, o Grêmio -, pude vivenciar e confirmar duas situações que me desagradam. A torcida, com a chuva que se alojou no Rio Grande do Sul durante toda a semana passada, foi a mais pífia possível em termos de apoio.
Talvez as torcedoras do fã-clube de Neymar Junior, localizadas próximas ao escanteio, fossem as mais animadas e fiéis. De resto, muita gente pouco acostumada ao esporte e que acha normal vaiar e menosprezar qualquer jogada que não lhe agrade aos olhos.
Ali no campo, com pingos e pingos ininterruptos, os lobos das fotografias e filmagem de jogos até trocam piadas, mas querem mais é uns comerem os outros. Dog eat dog, man. É o show tendo que continuar. Um dos "colegas" da noite teve problema com sua câmera e cedi meu humilde material para ele terminar o trabalho. Capturou algumas fotos de Neymar e Douglas Costa - justamente os autores dos gols na estreia da Copa América contra o Peru.
Talvez muito agradecido pelo meu gesto de bondade, ele seguiu a puxar assunto comigo e ajudou-me, juntamente com meus colegas de VAVEL a terminar a missão após o jogo. Atualmente no Rio de Janeiro, Daniel trabalhou anteriormente no próprio Inter, em Porto Alegre. Deu dicas sobre o funcionamento das coletivas e zonas mista de imprensa e sobre o trânsito na saída do estádio até a rodoviária, nosso destino.
Mas houve bons momentos sobre as pessoas, apesar dos olhares de reprovação pela minha fisionomia de 15 anos no meio da aldeia dos que são o ápice da experiência. Lembrar do cadeirante bem humorado quando o pessoal da reportagem colocou os guarda-chuvas impedindo sua visão. Ele chiou, mas levou tudo numa boa.
Fora isso, é tudo muito diferente do interior. São olhares de desconfiança entre as pessoas, um ambiente em que fica claro a frieza e o "cada um por si" como máxima. Os próprios jogadores não pareciam ligar tanto para a torcida. Chateados com as vaias, será?
"Ah, mas na hora do hino existe a união", podem pensar. É, mas como é comum em Porto Alegre, o pessoal do estádio mandante canta em favor do seu clube sobre a melodia nacional de letra contestável. "Vamo, vamo, Inter", se ouviu bastante.
Assim, despedi-me da noite podendo realizar o gesto do empréstimo da câmera ao colega de imprensa. Um dos poucos exemplos de cooperação num espaço onde cada um se protegia da sua chuva, os preços de cada pipoca deviam ser estratosféricos e a lentidão do trânsito de saída encarada com impaciência com os demais.
Ah, e a seleção fez 1 a 0, gol de Firmino, EM ASSISTÊNCIA de Filipe Luis. Pelo menos na hora da foto da comemoração, a união fala bastante alto. Foto é minha mesmo porque eu estava lá para isso.
Já faz quase uma semana da experiência para o marinheiro de primeira viagem em grandes eventos. Estou somente acostumado a cobrir jogos do Grêmio Atlético Farroupilha, da terceira divisão gaúcha. Talvez minha situação de rotina e a da oportunidade somem um dos maiores abismos do mundo do futebol. Pensando comigo, temos o caso de um clube que luta para sobreviver, atualmente na última das divisões estaduais de um estado judiado. Do outro lado, a seleção mais badalada do mundo, com muito dinheiro à mostra e muito dinheiro às escuras nos sujos bastidores.
Ironicamente, recebemos, os outros dois redatores e eu, a chance de tamanha cobertura do amistoso Brasil e Honduras (alerta de rima não proposital) justamente na corda mais bamba da polêmica história da CBF - Confederação Brasileira de Futebol. Os escândalos tomaram conta dos noticiários esportivos. A Fifa e a entidade brasileira passam por um período de intensa metamorfose e turbulência pela corrupção em que seus cartolas as soterraram.
No evento em si, no estádio Beira-Rio - mais uma ironia por se tratar da cancha do maior rival ao meu clube de torcida, o Grêmio -, pude vivenciar e confirmar duas situações que me desagradam. A torcida, com a chuva que se alojou no Rio Grande do Sul durante toda a semana passada, foi a mais pífia possível em termos de apoio.
Talvez as torcedoras do fã-clube de Neymar Junior, localizadas próximas ao escanteio, fossem as mais animadas e fiéis. De resto, muita gente pouco acostumada ao esporte e que acha normal vaiar e menosprezar qualquer jogada que não lhe agrade aos olhos.
Ali no campo, com pingos e pingos ininterruptos, os lobos das fotografias e filmagem de jogos até trocam piadas, mas querem mais é uns comerem os outros. Dog eat dog, man. É o show tendo que continuar. Um dos "colegas" da noite teve problema com sua câmera e cedi meu humilde material para ele terminar o trabalho. Capturou algumas fotos de Neymar e Douglas Costa - justamente os autores dos gols na estreia da Copa América contra o Peru.
Talvez muito agradecido pelo meu gesto de bondade, ele seguiu a puxar assunto comigo e ajudou-me, juntamente com meus colegas de VAVEL a terminar a missão após o jogo. Atualmente no Rio de Janeiro, Daniel trabalhou anteriormente no próprio Inter, em Porto Alegre. Deu dicas sobre o funcionamento das coletivas e zonas mista de imprensa e sobre o trânsito na saída do estádio até a rodoviária, nosso destino.
Mas houve bons momentos sobre as pessoas, apesar dos olhares de reprovação pela minha fisionomia de 15 anos no meio da aldeia dos que são o ápice da experiência. Lembrar do cadeirante bem humorado quando o pessoal da reportagem colocou os guarda-chuvas impedindo sua visão. Ele chiou, mas levou tudo numa boa.
Fora isso, é tudo muito diferente do interior. São olhares de desconfiança entre as pessoas, um ambiente em que fica claro a frieza e o "cada um por si" como máxima. Os próprios jogadores não pareciam ligar tanto para a torcida. Chateados com as vaias, será?
"Ah, mas na hora do hino existe a união", podem pensar. É, mas como é comum em Porto Alegre, o pessoal do estádio mandante canta em favor do seu clube sobre a melodia nacional de letra contestável. "Vamo, vamo, Inter", se ouviu bastante.
Assim, despedi-me da noite podendo realizar o gesto do empréstimo da câmera ao colega de imprensa. Um dos poucos exemplos de cooperação num espaço onde cada um se protegia da sua chuva, os preços de cada pipoca deviam ser estratosféricos e a lentidão do trânsito de saída encarada com impaciência com os demais.
Ah, e a seleção fez 1 a 0, gol de Firmino, EM ASSISTÊNCIA de Filipe Luis. Pelo menos na hora da foto da comemoração, a união fala bastante alto. Foto é minha mesmo porque eu estava lá para isso.
08/06/2015
Cooperação, competição e conflito na internet / A Cultura da Convergência de Henry Jenkins
Lakatos e Marconi (1999, p. 88-93) afirmam que as
interações causam processos sociais de cooperação, conflito e competição. Na
internet, não é diferente. Vamos a exemplos dos três conceitos com base na
autora Raquel Recuero.
Cooperação - A cooperação é essencial para a
existência das estruturas sociais tal como conhecemos. Ela consiste na
apresentação de um grupo de indivíduos dispostos a partilhar informações,
conhecimento e/ou serviços com o objetivo final de um bem comum ao grupo.
Embora
possa haver espaço para conflitos, por exemplo, no fórum abaixo, ele é uma
forma de cooperação entre usuários da internet. Trata-se do Fórum Cifra Club,
que reúne amantes da música para troca de experiências sobre os mais diversos
gêneros e instrumentos musicais conforme a imagem abaixo.
Competição
- Outro caso possível é a competição. "... a competição seria resultado
das diferenças entre desejos e aspirações e a capacidade de provê-los ou ainda,
a inadequabilidade desses recursos para toda uma população" (RECUERO,
Raquel, 2006, p.10)
Como
exemplo, separo tweets de fãs de diferentes artistas, que competem para
classificar seus ídolos como premiados no VMA de 2013 e em outras
votações. Outro exemplo fácil de visualizar a competição é na disputa de
empresas para atingir ao público por meio de ações de marketing, em
que cada uma afirma ser a melhor em determinado ramo para superar a
concorrência.
Conflito - Por fim, o conflito pode ser o resultado das divergências de opiniões em debates e fóruns, muitas vezes com discursos carregados de hostilidade e ódio. Na crescente intolerância na comunicação mediada por computador, os fóruns dos mais diversos tópicos e assuntos podem ocasionar o conflito. Desde o mesmo exemplo de fãs de artistas, assim como torcedores de clubes e atletas, pessoas que divergem em opiniões sobre política, religião e várias questões sociais, etc.
No
exemplo em anexo, a discussão de torcedores da dupla Gre-Nal sobre os problemas
dos estádios de um e outro, comum aos fóruns de futebol e nos sites de redes
sociais, como o Twitter. No caso abaixo e em tantos outros, predominam os
discursos de ódio e a intolerância.
A CULTURA DA CONVERGÊNCIA DE HENRY JENKINS
O autor
Henry Jenkins desenvolveu o termo "cultura da convergência" em
seu livro de mesmo nome, lançado em 2008. A relação com a internet está na
apropriação dos meios em convergir diferentes mídias em um mesmo espaço, como
pode ser observado nos principais portais do país. Podemos observar a presença
e o acoplamento no mesmo plano da multimidialidade representada em vídeos tais
como os que vão ao ar pelo canal de televisão, além de diferentes tipos de
texto.
Como exemplo da cultura da convergência, a imagem acima demonstra o site oficial do Grêmio, que apresenta opções para o leitor se tornar ouvinte e apreciar a Grêmio Rádio Umbro, assistir a vídeos dos bastidores ou ler sobre as últimas notícias do clube, plano para sócios, dentre outras funções.
Referências:
Como exemplo da cultura da convergência, a imagem acima demonstra o site oficial do Grêmio, que apresenta opções para o leitor se tornar ouvinte e apreciar a Grêmio Rádio Umbro, assistir a vídeos dos bastidores ou ler sobre as últimas notícias do clube, plano para sócios, dentre outras funções.
Referências:
LAKATOS,
Eva Maria e MARCONI, Marina de Andrade. Sociologia Geral. São Paulo: Atlas,
1999. 7ª edição.
RECUERO,
Raquel. Redes Sociais no Ciberespaço: Uma proposta de Estudo: Rio de Janeiro,
2005. XXVIII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – UERJ
O Ponto de Desequilíbrio segundo Gladwell
Ponto de equilíbrio é a banda aquela. Mas, então, ladies and gentlemen, o que seria o tal ponto de desequilíbrio? Conforme o título da postagem, nosso amigo Malcolm Gladwell contextualiza a coisa toda através de sua teoria no livro homônimo ao assunto.
De acordo com o jornalista Gladwell, em O Ponto de Desequilíbrio, a disseminação de maneira viral de uma propaganda, de uma notícia, de um fait diver, de uma imagem ou vídeo virando meme, depende de três elementos básicos. São eles: os eleitos, a fixação e o contexto.
Tudo ainda muito turvo para o entendimento, certo? Vamos conceituar um pilar de cada vez.
1) Os eleitos - São os agentes responsáveis por emitir o que vai ser disseminado. A regra dos eleitos diz que esses agentes são pessoas ou organizações influentes para produzir o efeito febril e viral desejado. Empresas conceituadas e com reputação, hubs e jornalistas de credibilidade são exemplos de eleitos.
2) Fixação - A parte da fixação está ligada ao efeito produzido nos consumidores, leitores, enfim, nos receptores do que foi repassado pelos primeiros agentes, os eleitos. A fixação, como o próprio nome sugere, quer que a mensagem seja lembrada e relembrada, e, mais do que isso, que provoque a inquietação pelo agir. Se aprofundar sobre, comprar? Sim, essas coisas.
3) Contexto - Ah, mas epidemias e o termo "viral" não são em vão. Através do conceito de contexto trabalhado por Gladwell, pode-se notar isso. Segundo o autor, as epidemias só são possíveis através das condições mediadas e permitidas pelo contexto, ou seja, circunstâncias de tempo e lugar. É fácil aceitar que as condições da sociedade ocidental dos Estados Unidos é mais propícia para propagandas da Coca-Cola do que um país oriental como o Butão ou a Tailândia.
Agora está mais claro para entender o funcionamento da dinâmica viral proposta pela indústria cultural, do marketing e do jornalismo para impulsionar publicações: eleitos com uma mensagem para produzir fixação de acordo com um contexto.
Aplicação do Ponto de Desequilíbrio no Jornalismo
No jornalismo, o ponto de desequilíbrio pode ser abordado no recente lançamento do jogo Fifa 16, que recebeu grande cobertura por dois motivos. Primeiramente, pela inédita colocação de times femininos no game, visto que as seleções femininas vem crescendo a cada ano e o número de praticantes com o controle nas mãos também. A partir disso, o outro ponto, pois infelizmente o saldo entre quem palpitou não foi somente positivo. Muitos comentários machistas tomaram conta das redes sociais e o assunto teve mais pano para manga.
A abordagem do site VAVEL Brasil contextualizou os dois expoentes do fato no texto de Renato Miyaji, "O machismo e a inclusão de times femininos no FIFA 16": http://www.vavel.com/br/futebol-internacional/495264-fifa-16.html
Referência: http://mude.nu/ponto-desequilibrio-resenha/
De acordo com o jornalista Gladwell, em O Ponto de Desequilíbrio, a disseminação de maneira viral de uma propaganda, de uma notícia, de um fait diver, de uma imagem ou vídeo virando meme, depende de três elementos básicos. São eles: os eleitos, a fixação e o contexto.
Tudo ainda muito turvo para o entendimento, certo? Vamos conceituar um pilar de cada vez.
1) Os eleitos - São os agentes responsáveis por emitir o que vai ser disseminado. A regra dos eleitos diz que esses agentes são pessoas ou organizações influentes para produzir o efeito febril e viral desejado. Empresas conceituadas e com reputação, hubs e jornalistas de credibilidade são exemplos de eleitos.
2) Fixação - A parte da fixação está ligada ao efeito produzido nos consumidores, leitores, enfim, nos receptores do que foi repassado pelos primeiros agentes, os eleitos. A fixação, como o próprio nome sugere, quer que a mensagem seja lembrada e relembrada, e, mais do que isso, que provoque a inquietação pelo agir. Se aprofundar sobre, comprar? Sim, essas coisas.
3) Contexto - Ah, mas epidemias e o termo "viral" não são em vão. Através do conceito de contexto trabalhado por Gladwell, pode-se notar isso. Segundo o autor, as epidemias só são possíveis através das condições mediadas e permitidas pelo contexto, ou seja, circunstâncias de tempo e lugar. É fácil aceitar que as condições da sociedade ocidental dos Estados Unidos é mais propícia para propagandas da Coca-Cola do que um país oriental como o Butão ou a Tailândia.
Agora está mais claro para entender o funcionamento da dinâmica viral proposta pela indústria cultural, do marketing e do jornalismo para impulsionar publicações: eleitos com uma mensagem para produzir fixação de acordo com um contexto.
Aplicação do Ponto de Desequilíbrio no Jornalismo
No jornalismo, o ponto de desequilíbrio pode ser abordado no recente lançamento do jogo Fifa 16, que recebeu grande cobertura por dois motivos. Primeiramente, pela inédita colocação de times femininos no game, visto que as seleções femininas vem crescendo a cada ano e o número de praticantes com o controle nas mãos também. A partir disso, o outro ponto, pois infelizmente o saldo entre quem palpitou não foi somente positivo. Muitos comentários machistas tomaram conta das redes sociais e o assunto teve mais pano para manga.
A abordagem do site VAVEL Brasil contextualizou os dois expoentes do fato no texto de Renato Miyaji, "O machismo e a inclusão de times femininos no FIFA 16": http://www.vavel.com/br/futebol-internacional/495264-fifa-16.html
Referência: http://mude.nu/ponto-desequilibrio-resenha/
Os memes - a publicidade e o jornalismo
O que são os memes e por que estão cada vez mais inseridos no campo da publicidade e, até mesmo, no jornalismo online?
Os memes são aqueles conceitos que se tornam virais, muito populares na internet. É possível que você tenha pensado somente naquelas tirinhas que já disseminaram-se bastante no ambiente virtual, mas eles também podem assumir as formas de outras imagens, gifs e vídeos, por exemplo.
Por facilitarem o entendimento (quase no princípio "entendeu ou quer que desenhe?"), os memes estão cada vez mais presentes na publicidade e propaganda de produtos. As exemplificações desta postagem comprovam isso com as imagens inteligentemente montadas pelo marketing do chocolate Bis.
Os memes são aqueles conceitos que se tornam virais, muito populares na internet. É possível que você tenha pensado somente naquelas tirinhas que já disseminaram-se bastante no ambiente virtual, mas eles também podem assumir as formas de outras imagens, gifs e vídeos, por exemplo.
Por facilitarem o entendimento (quase no princípio "entendeu ou quer que desenhe?"), os memes estão cada vez mais presentes na publicidade e propaganda de produtos. As exemplificações desta postagem comprovam isso com as imagens inteligentemente montadas pelo marketing do chocolate Bis.
São essas propagandas bem sacadas que impulsionam publicações e conseguem alcances muito grandes, popularizando-se entre as pessoas. Dessa maneira, o atingir ao público, prioridade do marketing, ganha o auxílio da ferramenta dos memes. No meio online, grandes jornais também já apelaram para a técnica de difundir notícias através dos memes, principalmente quando o assunto é descontraído, em notícias de comportamento ou do mundo dos esportes.
VAVEL - Site esportivo alimentado por estudantes e funcional na internet

A VAVEL é um site informativo que busca cobrir o melhor do esporte em diferentes modalidades. Futebol nacional e internacional, basquete, tênis, vôlei, UFC e automobilismo estão entre as pautas da redação virtual. No presente texto, analiso os aspectos que permitem ao site um bom e crescente número de seguidores, justamente pela plataforma obedecer a requisitos para um funcionamento adequado na web.
- Velocidade
Na figura acima, nota-se o conceito de velocidade na internet a partir do que é manchete no modo slider. A utilização de verbos no presente passam a ideia do que está acontecendo em tempo real no mundo esportivo. "Philippe Coutinho comemora primeiro gol pela seleção em vitória diante do México", em partida que havia terminado há menos de hora no mesmo domingo.
Nesse quesito, a internet salta espetacularmente à frente do meio impresso, que só vem a noticiar a repercussão das palavras do autor do gol na manhã seguinte. Muito antes disso, os internautas já obtém o acesso na maneira virtual.
- Convergências
As convergências cada vez mais são tendências para atrair e atingir ao público. A presença de muitas imagens e, eventualmente, vídeos, é recurso utilizado na VAVEL. No caso, a descrição do gol de Jô, do São José de Porto Alegre, não seria o bastante para satisfazer ao leitor. Assim, o vídeo do referido tento eleito como o mais bonito do campeonato se faz presente.
- Interatividade
O espaço para comentários dos leitores é fundamental e a VAVEL conta com essa opção. Abaixo das publicações, existe a possibilidade de interagir, seja com o complemento de uma informação, a opinião sobre o tema, uma crítica e etc.
O site também conta com plataformas nas redes sociais online, tais como twitter e facebook, possibilitando o contato ainda mais visível aos demais leitores.
- Hipertextualidade
Esta forma é marcada pela sequência não-linear do texto, dando liberdade ao leitor de promover o seu próprio caminho na busca pela informação e pelo conhecimento.
Na imagem acima, temos a presença da hipermídia, que é a utilização de recursos para aprimorar e contextualizar o que se quer passar ao leitor. São exemplos de hipermídia os infográficos, os áudios e os vídeos.
Além disso, a construção textual com hiperlinks, como mostrado na imagem, também auxilia a promover o caminho da pessoa que procura aprofundar determinado assunto inserido no site. Os redatores acabam ligando notícias referentes ao passado ou a outros temas simultâneos, trabalhando para o melhor entendimento do leitor.
A utilização do Hipertexto
O hipertexto caracteriza uma escrita não sequencial e apresenta princípios, tais como:
Heterogenidade - as construções são diferentes umas das outras;
Metamorfose - tem transformações de acordo com o leitor;
Exterioridade - sem fronteiras e limitações;
Mobilidade do centro - não lembrar a primeira ideia que gerou uma outra ideia;
Multiplicidade do encaixe de escalas.
Na VAVEL, as opções de construção do caminho do leitor estão evidentes desde a home do site. Em azul, a possibilidade de navegar pela representação da VAVEL em outros países e idiomas. Em amarelo, a possibilidade de navegar pela seção dos diferentes esportes: futebol, NFL, vôlei, basquete e etc. Em vermelho, as seções mais visitadas, que são as dos clubes brasileiros referentes à disputa do campeonato brasileiro da série A. Ao clicar no escudo, o leitor tem a opção de saber mais do Atlético Mineiro ao Vasco da Gama.
Há também os hiperlinks como os da imagem exemplificada no tópico da hipertextualidade. A opção com o link dentro do texto serve para guiar o navegante para mais informações em determinado assunto. Além de, é claro, haver os recursos multimídia, fundamentais para prender a atenção e entreter o usuário da web.
Heterogenidade - as construções são diferentes umas das outras;
Metamorfose - tem transformações de acordo com o leitor;
Exterioridade - sem fronteiras e limitações;
Mobilidade do centro - não lembrar a primeira ideia que gerou uma outra ideia;
Multiplicidade do encaixe de escalas.
Na VAVEL, as opções de construção do caminho do leitor estão evidentes desde a home do site. Em azul, a possibilidade de navegar pela representação da VAVEL em outros países e idiomas. Em amarelo, a possibilidade de navegar pela seção dos diferentes esportes: futebol, NFL, vôlei, basquete e etc. Em vermelho, as seções mais visitadas, que são as dos clubes brasileiros referentes à disputa do campeonato brasileiro da série A. Ao clicar no escudo, o leitor tem a opção de saber mais do Atlético Mineiro ao Vasco da Gama.
Há também os hiperlinks como os da imagem exemplificada no tópico da hipertextualidade. A opção com o link dentro do texto serve para guiar o navegante para mais informações em determinado assunto. Além de, é claro, haver os recursos multimídia, fundamentais para prender a atenção e entreter o usuário da web.
21/05/2015
Dias nocauteados
Caminho pelo meu bairro em direção ao centro. Do centro, sei que, no fim de tarde, vou voltar ao recanto e repouso de minha casa. Com os fones de ouvido preenchidos pelo que mais me satisfaz no quesito música, conduzo meus tênis por onde já passei outras vezes.
Os cachorros da vizinhança se incomodam quando saio com camisas do Grêmio e acho que jamais entenderei o porquê. As pichações estão mais corretas do que erradas, só precisam estar no lugar certo, por questões de respeito ao próximo e visibilidade.
Comemoro comigo mesmo a cada vez que cruzo por alguma escrita das ruas com um valor interessante ao cidadão que passe e a veja. Cunho político e social nas paredes. Há quadras que percorro sem que apareçam outros pedestres, mas muitos carros me ultrapassam seja qual for a marcha que esteja engatada neles. Em outras ruas, prefiro estar com a segurança de meus fones e meus óculos escuros enquanto driblo a multidão apressada.
Cruzo por postos de gasolina e, em ambos, os frentistas conversam descontraidamente, trocando anedotas e causos. Nem parece o mesmo cenário apocalíptico de dias atrás, quando motoristas formavam filas quilométricas na busca por combustíveis.
Mais adiante, funcionários de uma loja de colchões estão loucos para testar os produtos pelos quais são responsáveis. Eles apenas esperam o sol se por novamente para regressarem a seus respectivos lares. Talvez estacionem na ciclovia quando a ciclovia já puder ser ocupada como estacionamento, ao anoitecer. Talvez jantem em uma pizzaria ou algo assim, com o olhar voltado à tela do celular e sem agradecer devidamente ao garçom.
Alguns libertam-se da rotina de trabalho e trocam as vestimentas para se prender à rotina de correr pela avenida Dom Joaquim. A luta pelo salário e contra a balança é constante. Alguns criminalizam umas drogas e ingerem outras, adquiridas com receitas médicas nas 'drogarias'.
Eu desvio sempre do que os cachorros de uns deixam no caminho. A maioria está nem aí. Na verdade, nem aí em relação a todos os aspectos que me chamaram atenção pelas ruas. E, após ver pessoas de mais ou menos idade, mais ou menos condição física pela Dom Joaquim, retorno para meus aposentos.
O sol, cercado por um emaranhado de fios presos a postes, se despede em um mergulho teatral. O tempo, implacável, nocauteia mais um dia no manicômio a céu aberto.
Os cachorros da vizinhança se incomodam quando saio com camisas do Grêmio e acho que jamais entenderei o porquê. As pichações estão mais corretas do que erradas, só precisam estar no lugar certo, por questões de respeito ao próximo e visibilidade.
Comemoro comigo mesmo a cada vez que cruzo por alguma escrita das ruas com um valor interessante ao cidadão que passe e a veja. Cunho político e social nas paredes. Há quadras que percorro sem que apareçam outros pedestres, mas muitos carros me ultrapassam seja qual for a marcha que esteja engatada neles. Em outras ruas, prefiro estar com a segurança de meus fones e meus óculos escuros enquanto driblo a multidão apressada.
Cruzo por postos de gasolina e, em ambos, os frentistas conversam descontraidamente, trocando anedotas e causos. Nem parece o mesmo cenário apocalíptico de dias atrás, quando motoristas formavam filas quilométricas na busca por combustíveis.
Mais adiante, funcionários de uma loja de colchões estão loucos para testar os produtos pelos quais são responsáveis. Eles apenas esperam o sol se por novamente para regressarem a seus respectivos lares. Talvez estacionem na ciclovia quando a ciclovia já puder ser ocupada como estacionamento, ao anoitecer. Talvez jantem em uma pizzaria ou algo assim, com o olhar voltado à tela do celular e sem agradecer devidamente ao garçom.
Alguns libertam-se da rotina de trabalho e trocam as vestimentas para se prender à rotina de correr pela avenida Dom Joaquim. A luta pelo salário e contra a balança é constante. Alguns criminalizam umas drogas e ingerem outras, adquiridas com receitas médicas nas 'drogarias'.
Eu desvio sempre do que os cachorros de uns deixam no caminho. A maioria está nem aí. Na verdade, nem aí em relação a todos os aspectos que me chamaram atenção pelas ruas. E, após ver pessoas de mais ou menos idade, mais ou menos condição física pela Dom Joaquim, retorno para meus aposentos.
O sol, cercado por um emaranhado de fios presos a postes, se despede em um mergulho teatral. O tempo, implacável, nocauteia mais um dia no manicômio a céu aberto.
Foto: Henrique König |
19/05/2015
Sistema implacável
Uma sensação derrotista me invade. Li, há poucos dias, um texto de um sujeito com alguns problemas de ortografia e de invasões da crise existencial no cair das tardes de domingo. Eu, a um passo semelhante, sinto o aprochego dessa incômoda sensação no findar de uma segunda-feira.
"O que a traz ao meu encontro?". Prontamente, eu me questiono. Ter muito o que fazer e sem a mínima vontade de prosseguir nos afazeres me parece uma resposta simples e justa. Adiante, encarar a derrota momentânea na disputa entre o que eu quero fazer e o que eu tenho de fazer. Mas, o sentimento que era passageiro encontra apoios para prosseguir na sequência existencial.
Na sociedade em que nos encontramos, parece difícil driblar essa questão e, por vezes - muitas -, vejo-me cercado pelas paredes da rotina. Diversos artistas e filósofos já se confrontaram quanto a isso, mas a sensação é de atingir meus limites de paciência por agora, no exato momento em que dedilho estas presentes linhas.
Encarcerado entre os prazos de produção e dar respostas, encontro-me na saída de, primeiramente, desabafar o pequeno testamento, via em que os leitores trafegam com os olhos. Contra minha vontade, hei de prosseguir minhas tarefas.
Aos que por aqui deixam seu status de visita, peço-lhes desculpas, pois sinto um empobrecimento tremendo em assunto. Mas não seria essa a lógica produtivista na qual nos situamos? Produção, produção, prazo, prazo e pouco tempo a preencher com reflexões e sobre a lógica... do próprio sistema inserido para não refletirmos.
Peço perdão, portanto, pelo tempo de leitura e produção que minha escrita virtual os/me roubou. O sistema vai me/te castigar.
"O que a traz ao meu encontro?". Prontamente, eu me questiono. Ter muito o que fazer e sem a mínima vontade de prosseguir nos afazeres me parece uma resposta simples e justa. Adiante, encarar a derrota momentânea na disputa entre o que eu quero fazer e o que eu tenho de fazer. Mas, o sentimento que era passageiro encontra apoios para prosseguir na sequência existencial.
Na sociedade em que nos encontramos, parece difícil driblar essa questão e, por vezes - muitas -, vejo-me cercado pelas paredes da rotina. Diversos artistas e filósofos já se confrontaram quanto a isso, mas a sensação é de atingir meus limites de paciência por agora, no exato momento em que dedilho estas presentes linhas.
Encarcerado entre os prazos de produção e dar respostas, encontro-me na saída de, primeiramente, desabafar o pequeno testamento, via em que os leitores trafegam com os olhos. Contra minha vontade, hei de prosseguir minhas tarefas.
Aos que por aqui deixam seu status de visita, peço-lhes desculpas, pois sinto um empobrecimento tremendo em assunto. Mas não seria essa a lógica produtivista na qual nos situamos? Produção, produção, prazo, prazo e pouco tempo a preencher com reflexões e sobre a lógica... do próprio sistema inserido para não refletirmos.
Peço perdão, portanto, pelo tempo de leitura e produção que minha escrita virtual os/me roubou. O sistema vai me/te castigar.
11/05/2015
Spy Vs. Spy em Satolep
A banda australiana Spy Vs. Spy, fundada oficialmente em 1981, atravessou boa parte de nosso planeta geóide e apareceu pelas terras satolepianas. Após um desacordo, parece que deixaram o compromisso de São Leopoldo, na região metropolitana de Porto Alegre, e desceram o sul brasileiro até Pelotas. Na cidade do doce, outro entrave tirou o show deles planejado para o grande Theatro Guarany e colocou o bar/pub João Gilberto como destino.
Ao saber no próprio dia (07/05) sobre o evento, minha reação foi a de buscar informações que me credenciassem a participar. Sem a devida divulgação, ao menos as poucas infos que eu dispunha serviram para conseguir garantir presença. Uma certeza era a de que também seria possível comprar a entrada na hora do show, marcado para começar às 23h30 min.
Sem grande atraso, os músicos do Spy Vs. Spy tomaram os instrumentos colocados à frente do casamento entre a bandeira da Austrália e do Brasil. Apesar do público desconhecer as letras, eles não pouparam energia.
Os maiores sucessos não poderiam ficar de fora e animaram os presentes, mesmo que a imensa maioria sequer conhecesse All Over The World, Hardtimes e Clarity of Mind. Em comparação à produção de estúdio, Spy é uma banda que cresce com as atitudes e o carisma no palco e nem a falta de conhecimento em língua portuguesa atrapalhou o vocalista.
"Boa noite", "obrigado" e "mais uma" são algumas das expressões de aprendizado do pessoal da Oceania. Sempre fico a questionar o ponto de vista de quem vem de fora até algum lugar e procuro passar boa impressão. O João Gilberto reuniu um público de idade média entre 30 e 40 anos. Caçula no local, também observei a predominância de vestimentas mais consideradas elegantes e para proteção do frio, que já caracteriza um inverno em pleno outono.
De mangas curtas durante a exibição, os australianos foram bem atenciosos na saída. Com meu disco Demolition II, consegui passar as barreiras para conhecer um pouco mais da banda da noite. Cada um dos integrantes deixou a assinatura no compact disc. Um dos produtores do atual quarteto até deixou-me a setlist utilizada no evento.
Com meu inglês enferrujado, arranhei alguma coisa para compreensão mútua deles e minha, também com a ajuda de um amigo que me acompanhou. Outro ponto exótico foi ver o pessoal do outro lado do mundo bebendo Skol com tamanha naturalidade.
Quando questionei o que eles achavam do Brasil, a resposta de bate-pronto foi a de que amam o país. Demoramos a encontrar o vocalista após o show, pois o mesmo, sem perder tempo, já havia se direcionado ao bar - como poderia ser imaginado. Na breve conversa, listei algumas bandas da Oceania que tem minha singela aprovação, tais como Midnight Oil, formação com a qual o produtor do Spy trabalhou durante 10 anos, além de Jet e Australian Crawl.
Por fim, a recepção e o bom atendimento só melhoraram o que já se destacava como uma boa noite de pop rock, ska e pub rock (segundo os gêneros de classificação da banda). Os integrantes devem ter ficado felizes de receber algum feedback do público, já que levei meu CD comprado em sebo e meu amigo comprou um de aspecto artesanal que eles estavam vendendo a 20 reais, contendo a apresentação realizada em Newcastle. Além disso, contentes pelo nosso interesse em registrar os momentos, com vídeos durante o show e fotos após.Enfim, ladies and gentlemen, da Austrália ao sul do Brasil: Spy Vs. Spy.
De mangas curtas durante a exibição, os australianos foram bem atenciosos na saída. Com meu disco Demolition II, consegui passar as barreiras para conhecer um pouco mais da banda da noite. Cada um dos integrantes deixou a assinatura no compact disc. Um dos produtores do atual quarteto até deixou-me a setlist utilizada no evento.
Com meu inglês enferrujado, arranhei alguma coisa para compreensão mútua deles e minha, também com a ajuda de um amigo que me acompanhou. Outro ponto exótico foi ver o pessoal do outro lado do mundo bebendo Skol com tamanha naturalidade.
Quando questionei o que eles achavam do Brasil, a resposta de bate-pronto foi a de que amam o país. Demoramos a encontrar o vocalista após o show, pois o mesmo, sem perder tempo, já havia se direcionado ao bar - como poderia ser imaginado. Na breve conversa, listei algumas bandas da Oceania que tem minha singela aprovação, tais como Midnight Oil, formação com a qual o produtor do Spy trabalhou durante 10 anos, além de Jet e Australian Crawl.
Por fim, a recepção e o bom atendimento só melhoraram o que já se destacava como uma boa noite de pop rock, ska e pub rock (segundo os gêneros de classificação da banda). Os integrantes devem ter ficado felizes de receber algum feedback do público, já que levei meu CD comprado em sebo e meu amigo comprou um de aspecto artesanal que eles estavam vendendo a 20 reais, contendo a apresentação realizada em Newcastle. Além disso, contentes pelo nosso interesse em registrar os momentos, com vídeos durante o show e fotos após.Enfim, ladies and gentlemen, da Austrália ao sul do Brasil: Spy Vs. Spy.
28/04/2015
Azul, rosa e uma confusão de cores
É noite. As luzes acesas sobre nós. A iluminação pública que, de alguma forma, reprime a violência. Onde há pouca luminosidade, na ausência de dispositivos luminosos subsidiados pela prefeitura ou na ausência subjetiva da piedade, o ruim ainda se espalha. Ele está por toda parte. Mesmo que seja reprimido, às vezes.
É um mundo de trevas. É um mundo de entraves para bons projetos, para boas ações. Ok, podemos fazer por nós mesmos em ajuda aos demais. Podemos executar nós mesmos as escassas boas ações, que os arredores muito necessitam. Canso-me pelas devidas proporções que mentalizo sobre a humanidade.
Os maus exemplos tomam conta em volta. A violência ganha na repercussão e na audiência. Vem demais. Vende mais. Penso, nesta exata altura do texto, que concilio ainda entre conversas virtuais e paralelas, que devo, quando encerrá-lo, encerrá-lo com uma mensagem positiva.
Talvez, a tal mensagem positiva seja uma forma de mentir para mim mesmo e aos leitores. Prefiro cortar esse barato. Ser sincero como não se deve ser. O positivismo baila fora da trama. Mal aê, camaradagem.
Explicação motivacional do texto
Tudo começou na aula da última segunda-feira. A professora nova ministrou sua primeira experiência com nossa turma e não pude deixar de observar o quão cor de rosa (literalmente) eram seus exemplos em sala. Com uma simplicidade, ao que me despertou uma sensação até de ingenuidade, ao falar das cores a serem empregadas no jornalismo, ela utilizou o exemplo universal: cor azul para meninos, cor rosa para meninas. Destacou essa questão como uma identidade reconhecida pelas pessoas. Daí, ela relacionou com as identidades do vermelho para sensacionalismo, do preto para luto ou tristeza e etc. Mas tudo iniciou no exemplo que me causou reviravoltas: o simples azul para meninos e rosa para meninas.
Enquanto estudante acadêmico e passageiro do trem chamado vida, esperava uma maior crítica dela em relação ao azul e ao rosa para criar identidades em crianças. Afinal, o mundo não é essa perfeição e essa simplicidade de dividir em azul e rosa e, talvez, de aprisionar em azul ou rosa. O azul ou rosa pode ser uma sustentação dos pilares para outros pontos conhecidos pelas crianças mais tarde: estereótipos (felizmente ela usou essa palavra uma vez em aula) de futebol é para meninos, brincar de boneca é para meninas. Estereótipos estúpidos de mulheres devem ficar na cozinha, só homens sabem dirigir... Essas ideias absurdas que são reproduzidas pela sociedade.
Creio que a intenção dela - e destaco que não a culpo - foi a melhor possível. Inclusive, a forma de passar o conteúdo a nós estudantes foi interessante e didaticamente boa. Mas, então, a partir desse ponto de vista de que o mundo não é cor de rosa, não pode se arramar a estereótipos e nem é fácil de entender, as linhas a serem escritas foram estimuladas.
Uma vasectomia chamada mundo
Ao ponto de saber que a professora tem uma filha pequena, pode ser esta uma das razões para a forma como aborda exemplos de uma forma carinhosa. Penso e repenso o mundo, hoje (talvez sempre), como um local difícil para me dar ao luxo de criar nele um filho. A tristeza reside em perceber que, mesmo com a melhor educação dada, a maior proteção feita, a violência e a maldade o cercarão.
Portanto, posso jamais desfrutar de comprar roupas azuis ou rosas para um descendente. Posso guardar a mim e aos meus textos meus devaneios e desilusões. Por hoje, parecem o bastante. O futuro, claro, tem aquela incerteza como predominância em seu nome. Mas, volto a dizer, não o vejo com a minha condição atribuída a ser pai.
É uma gangorra de prós e contras complicada e muita gente exalta momentos felizes em participar dela. A princípio, recorro à opção de não participar e, assim, creio que pouparei problemas. Para mim e para a criaturinha que não virá.
Ok, o mundo pode passar por algumas melhoras e saúdo a todos com o coração grande o suficiente para fazer atos e atitudes em nome dos próximos - já que muitos são os grupos de oprimidos. Por outro lado, as preocupações acerca dos problemas que nos cercam já bastam para minha pessoa. Pouco me sinto capaz de cuidar a mim mesmo. Menos ainda de dividir minhas gotas de responsabilidade com quem mais precisa.
"Há muitos sonhos a sonhar; há muitas vidas a viver", diz Gessinger. Nas missões hoje irrealizáveis a mim, deixo, entre as realizáveis, mais um texto de descendente. Boa semana, leitor que chegou à linha de chegada. Continue pensando-questionando-mudando o mundo aí fora.
É um mundo de trevas. É um mundo de entraves para bons projetos, para boas ações. Ok, podemos fazer por nós mesmos em ajuda aos demais. Podemos executar nós mesmos as escassas boas ações, que os arredores muito necessitam. Canso-me pelas devidas proporções que mentalizo sobre a humanidade.
Os maus exemplos tomam conta em volta. A violência ganha na repercussão e na audiência. Vem demais. Vende mais. Penso, nesta exata altura do texto, que concilio ainda entre conversas virtuais e paralelas, que devo, quando encerrá-lo, encerrá-lo com uma mensagem positiva.
Talvez, a tal mensagem positiva seja uma forma de mentir para mim mesmo e aos leitores. Prefiro cortar esse barato. Ser sincero como não se deve ser. O positivismo baila fora da trama. Mal aê, camaradagem.
Explicação motivacional do texto
Tudo começou na aula da última segunda-feira. A professora nova ministrou sua primeira experiência com nossa turma e não pude deixar de observar o quão cor de rosa (literalmente) eram seus exemplos em sala. Com uma simplicidade, ao que me despertou uma sensação até de ingenuidade, ao falar das cores a serem empregadas no jornalismo, ela utilizou o exemplo universal: cor azul para meninos, cor rosa para meninas. Destacou essa questão como uma identidade reconhecida pelas pessoas. Daí, ela relacionou com as identidades do vermelho para sensacionalismo, do preto para luto ou tristeza e etc. Mas tudo iniciou no exemplo que me causou reviravoltas: o simples azul para meninos e rosa para meninas.
Enquanto estudante acadêmico e passageiro do trem chamado vida, esperava uma maior crítica dela em relação ao azul e ao rosa para criar identidades em crianças. Afinal, o mundo não é essa perfeição e essa simplicidade de dividir em azul e rosa e, talvez, de aprisionar em azul ou rosa. O azul ou rosa pode ser uma sustentação dos pilares para outros pontos conhecidos pelas crianças mais tarde: estereótipos (felizmente ela usou essa palavra uma vez em aula) de futebol é para meninos, brincar de boneca é para meninas. Estereótipos estúpidos de mulheres devem ficar na cozinha, só homens sabem dirigir... Essas ideias absurdas que são reproduzidas pela sociedade.
Creio que a intenção dela - e destaco que não a culpo - foi a melhor possível. Inclusive, a forma de passar o conteúdo a nós estudantes foi interessante e didaticamente boa. Mas, então, a partir desse ponto de vista de que o mundo não é cor de rosa, não pode se arramar a estereótipos e nem é fácil de entender, as linhas a serem escritas foram estimuladas.
Uma vasectomia chamada mundo
Ao ponto de saber que a professora tem uma filha pequena, pode ser esta uma das razões para a forma como aborda exemplos de uma forma carinhosa. Penso e repenso o mundo, hoje (talvez sempre), como um local difícil para me dar ao luxo de criar nele um filho. A tristeza reside em perceber que, mesmo com a melhor educação dada, a maior proteção feita, a violência e a maldade o cercarão.
Portanto, posso jamais desfrutar de comprar roupas azuis ou rosas para um descendente. Posso guardar a mim e aos meus textos meus devaneios e desilusões. Por hoje, parecem o bastante. O futuro, claro, tem aquela incerteza como predominância em seu nome. Mas, volto a dizer, não o vejo com a minha condição atribuída a ser pai.
É uma gangorra de prós e contras complicada e muita gente exalta momentos felizes em participar dela. A princípio, recorro à opção de não participar e, assim, creio que pouparei problemas. Para mim e para a criaturinha que não virá.
Ok, o mundo pode passar por algumas melhoras e saúdo a todos com o coração grande o suficiente para fazer atos e atitudes em nome dos próximos - já que muitos são os grupos de oprimidos. Por outro lado, as preocupações acerca dos problemas que nos cercam já bastam para minha pessoa. Pouco me sinto capaz de cuidar a mim mesmo. Menos ainda de dividir minhas gotas de responsabilidade com quem mais precisa.
"Há muitos sonhos a sonhar; há muitas vidas a viver", diz Gessinger. Nas missões hoje irrealizáveis a mim, deixo, entre as realizáveis, mais um texto de descendente. Boa semana, leitor que chegou à linha de chegada. Continue pensando-questionando-mudando o mundo aí fora.
24/04/2015
Paraísos ao Sul: São José do Norte
O contato é dado através das águas salgadas. A ligação de São José do Norte com a parte continental mais habitada do Rio Grande do Sul vem por meio da balsa, para carros e caminhões, e lanchas para os pedestres. Não calculamos com precisão o tempo de travessia, mas creio que possa ser encontrado na internet. A saída é da zona portuária de Rio Grande, uma espécie de irmã maior de São José.
Ao sairmos com leve atraso ao horário previsto, os prédios antigos de Rio Grande ficam para trás em um visual composto também pelos demais barcos atracados. Sobre nossas cabeças, as mais diversas aves fazem o reconhecimento da área de mergulho em busca de alimento. São biguás e gaivotas, que descansam em boias e logo retomam suas procuras.
Existe um certo trânsito na região, com pescadores, os veículos de transporte da população e até navios de maior porte. Com a aproximação de São José do Norte, o charme maior em fotografar está no topo da igreja matriz do município. Mais barcos amontoam-se no cais ensolarado.
Com a chegada, percebe-se algumas ruas calçadas, mas a maioria já em processos muito antigos de pavimentação. Não poderia faltar os pequenos comércios que garantem o bem estar dos turistas para comprar água, sucos, gelo ou picolés antes dos passeios de balsa.
Existe um certo trânsito na região, com pescadores, os veículos de transporte da população e até navios de maior porte. Com a aproximação de São José do Norte, o charme maior em fotografar está no topo da igreja matriz do município. Mais barcos amontoam-se no cais ensolarado.
Com a chegada, percebe-se algumas ruas calçadas, mas a maioria já em processos muito antigos de pavimentação. Não poderia faltar os pequenos comércios que garantem o bem estar dos turistas para comprar água, sucos, gelo ou picolés antes dos passeios de balsa.
Nosso destino é a praia do Mar Grosso, a 6 quilômetros da parte central de São José. A maior parte do caminho é pavimentada com pedras, mas existem trechos de chão batido, mas que não se mostraram ruins. Logo, avistamos o mar e a presença do vento, companheiro carrapato dos veranistas da região. À primeira vista, nota-se o panorama típico do litoral gaúcho, com areia dura e de ampla ocupação, mar escuro e algumas dunas.
Para quem gosta de sossego e não se importa com o forte vento, um lugar ideal. A água não é fria como em Hermenegildo, Santa Vitória. Encontramos pelas areias uns exemplares da sensação do verão 2015: as águas vivas, ou mães d'água. Conchas e pequenos siris também se fazem presentes. O sol não deu trégua e os protetores solares com fatores altos são recomendados. Os níveis de radiação ultravioleta no Rio Grande do Sul são vorazes.
Para o almoço, duas opções maiores de restaurante no ponto de volta à estrada de acesso à praia. Ali, retornamos para escolher entre o de um lado da rua e o do lado oposto. A escolha feita não gerou arrependimento e os filés de peixe inclusive sobraram, tamanha foi a quantidade dos preparados caprichosamente.
De refeição feita e apreciada, pudemos esperar para retornar às areias mais próximas ao mar.
No fim de tarde, a volta é pela mesma estrada de calçamento antigo e trechos de chão batido. Cruzando-a, vamos de encontro à balsa novamente. Não tivemos dificuldade para conseguir vaga, pois os caminhões, que também a aguardavam, só a pegariam em horário mais adiante. Um picolé de suco natural na venda em frente ao ponto de saída para a embarcação foi o petisco final ao paladar.
Um dia bem aproveitado em um dos paraísos ao sul: São José do Norte.
20/04/2015
O Amor é Subsistência
Eu preciso me tratar
A sobrevivência é o amor
A subsistência do amar
___________________________________________
Amar é uma agricultura de subsistência
Eu cultivo reflexões com o que bebo
E no líquido refletido borbulha a essência
Na terra cultivada mora o imponente medo
E me procuro nas sementes e credos
Não asseguro minha sobrevivência
Há muitas pragas que eu não tolero
No plantar do amor, que é subsistência
13/04/2015
10/04/2015
Pessoas e Pessoas
Há muitas pessoas em que as conversas são como o árduo esforço para arrancar o capim das calçadas úmidas.
Mas, felizmente, há pessoas que geram belas conversas, e dão-me a sensação de um mergulhador a explorar profundos oceanos.
Mas, felizmente, há pessoas que geram belas conversas, e dão-me a sensação de um mergulhador a explorar profundos oceanos.
Te quero em um abraço. Um abraço como a quem empresta um casaco no frio, sem se preocupar com devolução.
![]() |
http://visaonacional.com.br/wp-content/uploads/2014/06/tartaruga-mergulhador.jpg |
07/04/2015
You Are All
O que eu poderia querer mais de você?
Nada. O meu querer é que sejas o tudo que és.
O que eu poderia querer mais do que te ver?
Nada. Esvaziaria todo o depósito da minha fé.
Nada. O meu querer é que sejas o tudo que és.
O que eu poderia querer mais do que te ver?
Nada. Esvaziaria todo o depósito da minha fé.
06/04/2015
Horta dos Gozos
Minha mente é fértil
Para plantar os frutos que você goza
Através das suas semeadas
Para plantar os frutos que você goza
Através das suas semeadas
Sob um sol poente, céu cor de rosa
03/04/2015
Cãoindo
Às vezes tenho um jeito
De cão caído da mudança
Não sei se me faço de vítima
Ou realmente sou nessas andanças
http://www.anuariocaes.com.br/images/upload/andar-de-carro-com-o-cachorro.jpg
Onde fui, eu errei.
02/04/2015
Ânsia
Há distância
E a ânsia
Que tanto lança-se
Sobre mim
Como insistência
Que minhas palavras
Acariciem-te
Beijem-te
Como sinal
De minha
Benevolência
Há distância
E, sim, há desejo
Há esperança
Que um dia
Um belo dia
Sejas meu cortejo
_________________________________________________________________
A ânsia é como uma onda no mar
Parece longe, dança dócil
Mansa e espumosa
De repente, tumultuosa
Sonda que em mim vem pousar
27/03/2015
Tato nas Teclas
Quero molhar com saliva
O dizer das últimas palavras
Abafadas e absorvidas
Pelas meias horas da madrugada
A galopes os ponteiros troteiam
E os loucos em um tiroteio
O dizer das últimas palavras
Abafadas e absorvidas
Pelas meias horas da madrugada
A galopes os ponteiros troteiam
E os loucos em um tiroteio
De tirar palavras com alguma lucidez
Mas a cobertura e o recheio
São de pura e doce loucura
E molho minhas palavras
E molho minhas palavras
Como molharia na saliva a pena
E molho minhas madrugadas
Em tua pele suave, morena
E busco no tato
Só tenho o tato das teclas
E busco o contato
Com o tanto de metas
E busco o contrato
Com o tato nas teclas
Em tua pele suave, morena
E busco no tato
Só tenho o tato das teclas
E busco o contato
Com o tanto de metas
E busco o contrato
Com o tato nas teclas
Queria seu touchscreen ativado
Queria seu touchscreen atiçado
Queria seu touchscreen atiçado
20/03/2015
Semanas Ensacadas
Sexta-feira. Um pessoal faz hora, na espera pelo "anúncio oficial" do fim de semana. Enquanto isso, pelo centro, saio com o objetivo de me desfazer das franjas e do cabelo que, de tão comprido que deixei dessa vez, já nem sabe mais como e para onde crescer. Os fios capilares copiaram o dono e se sentiram indecisos e perdidos na jornada do amadurecimento ombro abaixo.
De forma inédita, corto em novo endereço, recomendado pela minha tia, que vai cortar também o dela, dali uns 20 minutos, conforme hora marcada. Outra vez procurei o local, indicado pela rua tal entre a rua X e a rua Y e não encontrei. Acompanhado dela pela quadra, dessa vez ela me aponta com exatidão. Me despeço dela, com outros afazeres corriqueiros antes do horário reservado a ela.
Converso com o cortante desde a lavagem sobre o futebol e o Farroupilha, clube que ele, como muitos pelotenses são, revela admiração e respeito. Sempre curto ouvir isso do próximo, embora fosse muito mais confortante ouvir do outro lado expressões de torcedor fiel e aficionado, como são poucos o do Grêmio Atlético onde faço estágio.
Pelos papos, vão e vem nomes do folclórico futebol pelotense. De boêmios a gênios e vice-versa, pelos bastidores, dos quais arrancamos algum background information. Quanto ao cabelo, ele pede minha opinião, eu o aconselho e saio satisfeito pelo corte, em 20 dilmas de preço.
Aliás, bom ou ruim não termos falado de política? As forças andam antagônicas nesses papos. Pró-governo é petralha, anti-governo é coxinha, bradam os enfiadores de certeza pela goela. Sabemos que não há resumo tão fácil de explicar e contextualizar. Mais cedo, li que o congresso nacional (culpa da Dilma, companheiro?) pretende reduzir a maioridade penal. Solução de jogar para baixo do tapete os problemas de formação de jovens infratores em periferias. Socá-los em presídios é mais viável para uma bancada conservadora e umbiguista, como a que temos. Aquela mesma que aumenta o salário sempre como a convém. Gente, descentralizem o problema político brasileira da figura da sra. Rousseff e depois conversamos, ok?
Por fim, saio de lá com 20 pila a menos e o desejo de abastecer minha quase nula (mas iniciada) coleção de camisas de bandas. Vou ao local certo e encontro meu sonho da passagem anterior. "And Justice for All", ilustração de estampa da capa do álbum do Metallica, o único que possuo da banda. Pelo som mais do que gabaritado e pela estampa com mensagem também social, levo a camisa ensacada na sacola. Ensacolada existe?
Com a justiça para todos ainda ensacada, a gente vê e sente coisa errada nos passos a seguir até em casa. A sirene de ambulância corta o trânsito e o veículo passa em alta velocidade na avenida principal. Mais adiante, um rapaz de pele negra enche um saco com mais do que o dobro de seu corpo, ao procurar conteúdo reciclável em um contêiner de lixo.
Cruzo por um hospital, que habitualmente reparo, mas hoje não. Possivelmente seriam mais exemplos de onde quero chegar (neste texto). E assim se estende a caminhada por entre gente em trabalhos pesados e gente acomodada em cadeiras de praia na tarde findando. Gente com carro do ano e gente com transportes do tempo do show de meu recém adquirido dvd de Elton John na União Soviética (1979).
Entre os sorrisos e chimarrões da avenida Dom Joaquim e os buracos e desníveis nas calçadas - quando há calçadas - no meu bairro Areal. Mesmo ao chegar em casa e mostrar contente a minha nova camiseta, a sensação é de que a "Justiça para Todos" segue ensacada.
De forma inédita, corto em novo endereço, recomendado pela minha tia, que vai cortar também o dela, dali uns 20 minutos, conforme hora marcada. Outra vez procurei o local, indicado pela rua tal entre a rua X e a rua Y e não encontrei. Acompanhado dela pela quadra, dessa vez ela me aponta com exatidão. Me despeço dela, com outros afazeres corriqueiros antes do horário reservado a ela.
Converso com o cortante desde a lavagem sobre o futebol e o Farroupilha, clube que ele, como muitos pelotenses são, revela admiração e respeito. Sempre curto ouvir isso do próximo, embora fosse muito mais confortante ouvir do outro lado expressões de torcedor fiel e aficionado, como são poucos o do Grêmio Atlético onde faço estágio.
Pelos papos, vão e vem nomes do folclórico futebol pelotense. De boêmios a gênios e vice-versa, pelos bastidores, dos quais arrancamos algum background information. Quanto ao cabelo, ele pede minha opinião, eu o aconselho e saio satisfeito pelo corte, em 20 dilmas de preço.
Aliás, bom ou ruim não termos falado de política? As forças andam antagônicas nesses papos. Pró-governo é petralha, anti-governo é coxinha, bradam os enfiadores de certeza pela goela. Sabemos que não há resumo tão fácil de explicar e contextualizar. Mais cedo, li que o congresso nacional (culpa da Dilma, companheiro?) pretende reduzir a maioridade penal. Solução de jogar para baixo do tapete os problemas de formação de jovens infratores em periferias. Socá-los em presídios é mais viável para uma bancada conservadora e umbiguista, como a que temos. Aquela mesma que aumenta o salário sempre como a convém. Gente, descentralizem o problema político brasileira da figura da sra. Rousseff e depois conversamos, ok?
Por fim, saio de lá com 20 pila a menos e o desejo de abastecer minha quase nula (mas iniciada) coleção de camisas de bandas. Vou ao local certo e encontro meu sonho da passagem anterior. "And Justice for All", ilustração de estampa da capa do álbum do Metallica, o único que possuo da banda. Pelo som mais do que gabaritado e pela estampa com mensagem também social, levo a camisa ensacada na sacola. Ensacolada existe?
Com a justiça para todos ainda ensacada, a gente vê e sente coisa errada nos passos a seguir até em casa. A sirene de ambulância corta o trânsito e o veículo passa em alta velocidade na avenida principal. Mais adiante, um rapaz de pele negra enche um saco com mais do que o dobro de seu corpo, ao procurar conteúdo reciclável em um contêiner de lixo.
Cruzo por um hospital, que habitualmente reparo, mas hoje não. Possivelmente seriam mais exemplos de onde quero chegar (neste texto). E assim se estende a caminhada por entre gente em trabalhos pesados e gente acomodada em cadeiras de praia na tarde findando. Gente com carro do ano e gente com transportes do tempo do show de meu recém adquirido dvd de Elton John na União Soviética (1979).
Entre os sorrisos e chimarrões da avenida Dom Joaquim e os buracos e desníveis nas calçadas - quando há calçadas - no meu bairro Areal. Mesmo ao chegar em casa e mostrar contente a minha nova camiseta, a sensação é de que a "Justiça para Todos" segue ensacada.
05/03/2015
Vida de Gado - Povo Marcado - Povo Feliz
Cá estou no meio de mais uma madrugada, completamente desinteressado pela vida. Acúmulo de derrotas disfarçadas nos últimos tempos. São tumores alojados na alma esperando pela ação benéfica do relógio. Receita minha, na ausência de remédios. Fisicamente, somam-se algumas picadas de mosquito nas pernas, referentes ao bar em frente ao campus pelo voltar das aulas.
A primeira semana de março começa pouco agradável, na tentativa em eufemismo de explicar o momento. Preciso realmente de espaço e já não o tenho, rodeado pelas cercas pontiagudas da rotina. A instabilidade me percorre os passos, envolvidos de muitas incertezas e a nada posso confiar de maneira estável. Já pensei a respeito de coisas que parecem naturais no cotidiano de outras pessoas parecerem alguma prática de tortura para mim. Realmente são pesares carregados em forma de uma densa e imensa cruz no dia a dia.
O peso da existência. A angústia na pesarosa passagem. Dias longos cortados por noites mal dormidas. Noites mal dormidas alimentadoras de mau humor, preguiça, falta de memória e péssimo desempenho no que me obrigo a desempenhar. Não sei mais onde vou parar. A incerteza poderia ser uma benção por ser surpreendido, mas são trevas onde assustadoramente desconhecemos o degrau do próximo passo.
A curto prazo, a semana passa da metade e se encaminha a um final. Um final pouco desejado e de poucas expectativas. Final que, na verdade, é ligado a outro início: cíclico. Nem o carpe diem e nem grandes planejamentos me atraem momentaneamente. Pode ser, e espero ser, passageira a tal náusea formadora do sentimento atual. Após este breve desabafo, espero encontrar-me com o sono, mas sem ainda definir minha última atividade antes do repouso de mais um ciclo diário completo. Me sinto bastante incompleto.
Tá faltando peça no quebra-cabeça. Não sei se são pedras de bingo que não vão ser cantadas novamente. Não sei se são horizontes inalcançáveis. E, nesta improvisada reflexão, é bem possível que sejam inalcançáveis. Tudo bem, mais um dia. Ou menos um dia.
Queria atravessar as madrugadas como o povo gado. Povo marcado, mas povo feliz. Poeta Zé Ramalho, pessoas.
Queria atravessar as madrugadas como o povo gado. Povo marcado, mas povo feliz. Poeta Zé Ramalho, pessoas.
28/02/2015
Mordidas no Veneno
Ainda não sei lidar
Não sei lhe dar
O que você quer
O que eu quero
O que nós queremos
Ainda não sei lidar
Não sei lhe dar
O momento à altura
Daquela lembrança
Que não esquecemos
Ainda não sei livrar
Nem lavrar
A terra que temos
Não sei se a vendo
Ou fico a vendo
Enquanto o tempo me deixar
Ainda não sei levar
Nem louvar
A vida que temos
Tanta praga e inseticida
Tantas mordidas no veneno
Ainda não sei ligar
Os pontos distantes
Para o mesmo instante
Ser o que escolhemos
Sei que meus planos
E minhas ações
Não foram os melhores
Nesses anos de plantações
Mas ainda acredito
Haver algo para colhermos
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Tive problema com legenda adiantada, dessincronizada com este filme. Foi a revisão de Os Carabineiros, de Jean Luc Godard. Terceiro filme re...
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Esse é o segundo filme colorido de Jean Luc Godard. Desprezo é um filme que tem meu apreço (trocadilhos), também porque foi um dos primeiros...
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Pierrot le Fou não era de meus filmes mais apreciados na filmografia de Jean Luc Godard. Mas a segunda vista é de novos olhares e experiênci...
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Meu Pé de Laranja Lima causou grande impressão e pode ser considerado um dos melhores filmes nacionais. Acostumado a filmes iranianos que re...
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Bando à Parte é mais um filme de Jean Luc Godard lançado em 1964, em uma fase muito trabalhadora do então jovem diretor francês. A cinematog...
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Alphaville talvez seja meu filme favorito de Godard. E o talvez aqui ainda é totalmente humano. Alphaville é um lugar robotizado no futuro, ...
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Por ordem cronológica de preparação, o filme seguinte a ser analisado é A Chinesa (1967), um dos mais políticos de Godard enquanto fase da p...
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Filme senegalês que, em formato documentário, apresenta a vida das empregadas domésticas no país. Através da história de diferentes trabalha...
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Apontamentos sobre o filme: 1- as técnicas, sonoplastia, cores, roupas 2- diálogos e exagero com as mortes e armas de fogo 3- a crítica aos ...
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Filme adaptado de um romance homônimo, A Face do Outro pode ser considerada parte da Nouvelle Vague do Japão. Nesta história, um marido acid...