20 de fevereiro de 2016

A Cólera E A Coleira

A cólera soberana sobre os olhos
A coleira, figurativa, nos pescoços
O qu'est-ce que c'est da vida, o imbróglio
O contentamento de roer apenas ossos

A cólera avança, toma conta
O nó da coleira é apertado
O ultraje que nos tinge, nos afronta
Dos pelos que não protegem da invernada

A cólera eufórica é o estandarte
Brilha forte ofuscando os outros brilhos
A cólera é a obra de arte
Proveniente do desandar de tantos trilhos

Encolhi-me à coleira que sempre aperta
Acolheu-me seu escravo aprisionado
Que pode enxergar, só por dentro, a porta aberta
Triste fim de um projeto inacabado

10 de fevereiro de 2016

Mas Te Vejo

A vida tem violência doméstica, tráfico de pessoas, de órgãos, drogas lícitas, ilícitas, deep web, mas também tem o refrão do Cidadão Quem.

Tem guerras, exílios, mercados escravos, repressões de regimes, fome, doenças virais, prostituição, mas também tem o refrão do Cidadão Quem.

Há crianças que perdem a infância
E há idosos que não tem onde cair mortos
Todos os jovens com a circuncisão da inocência
E os caminhos que os mentiram tão tortos
Foto: Henrique König


Nuvens

Nu vens, no mais
Não tem "jamais"
Se és meu sol
Já descobriu
Outros sistemas solares
Lares, bares
E mais malabares

Nu vens, no mais
Não tem "jamais"
Se és meu sol
Estou descoberto
Para te apanhar

Por perto de ti
É rotação
E a rotatividade
Invade em comunhão
Foto: Henrique König