29 de janeiro de 2015

Rosa


Tão imponente é uma rosa
Quando cruza meu caminho
Quando pausa para a prosa
Ou quando pousa a poesia
Quando pasmo a ver a rosa

Quando pauso o meu dia

26 de janeiro de 2015

Órbita


Não tenho a mais precisa órbita

Mas tenho onde habitar

Minhas córneas conhecem cada canto

Do que posso chamar de lar

 

Tenho incógnitas

E dificuldades cognitivas

Penso em situações mórbidas

Tenho vontade de mais mordidas

5 de janeiro de 2015

Camada de VALência

Pelo telefone, os parentes confirmaram que viriam passar a tarde. Havia um porém: a filha de um amigo da família. Com a resposta afirmativa de minha mãe, ela também estava escalada a comparecer ao período vespertino daquele 4 de janeiro.
 
Tarde de muito calor e com minhas escalas de cobrir a Copa São Paulo de Futebol Júnior. Passada a tarefa referente ao primeiro jogo, pude desfrutar um pouco da piscina. A menina tem 5 anos e brinca com minha tia, que ela, mesmo sem laços sanguíneos, chama de vó. A mãe de minha tia, minha tia-avó, é chamada de bisa. Minha prima, por fim, é madrinha dela. Sou só o Kiko.

1 de janeiro de 2015

Sempre dá a mesma nota: ratátátá

Prepara-se para o ano novo como se prepara a uma guerra. A maquiagem tem o sentido inverso. Não é camuflagem, mas para aparecer, para roubar cenas.
 
A preparação forma um ritual em que as pessoas realmente acreditam numa mudança drástica ao chegar da meia-noite. Aí outra característica bélica. A apreensão e o sentimento de que algo decisivo está por vir em mais essa batalha. Ao menos na cabeça da turma, geralmente trajada de branco.
 
A trilha é ouvida desde os cuidados faciais em frente ao espelho. São bombas e mais bombas. Iluminam o céu desde antes do anoitecer, ou simplesmente liberam a explosão audível. É uma guerra para ver quem incomoda mais. No anonimato aos vizinhos um pouco distantes, que não diferem se o encarregado dos lançamentos é o Fulano ou o Ciclano, da casa ao lado de Beltrano.
 
É interessante como o ditado do "até tu, Brutos" entra em campo. Aquele vizinho mais pacato está lá com o isqueiro ou com a caixinha de fósforos, pronto para aprontar uma e mais algumas vezes. Finalmente arrumados para a ocasião guerrilheira, atravessamos a rua a pé, rumo ao esconderijo para nos proteger das ameaças inimigas. Com muita sorte, a audição chega ainda inteira para encerrar o ciclo anual.
 
A sobrevivência em mais uma guerra, que na verdade dura este e os 364 dias anteriores, é comemorada. Pode abrir o champanhe, ou melhor, estourar o champanhe, que passa despercebido em meio ao céu povoado em pólvora. Ilesos, ao menos em aparência, as pessoas se abraçam e trocam palavras confortantes. Vão trocar os calendários, substituindo-os por novas folhas, com novas fotos inspiradoras, de lugares, pessoas e animais que desconheço.
 
O armamento e a preparação não esperam o ideal ensaio militar e treinamento qualificado para a disputa. Já está outra guerra por vir. São este e mais longos ou ligeiros 364 dias a batalhar. O cessar fogo nada mais é do que um cessar fogo (férias remuneradas?). E vamos, com a abolição da palavra "próspero" até a escrita dos cartões no próximo réveillon.