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15/11/2022

Lua de Pel

Nós dois juntos num ap da Cohabpel

A avaliação desse mundo é uma lua de mel

Me apresento, não represento nenhum papel

Lugar no mundo não encontrei melhor 

Daqui ao céu

Encontrei minha cura é nos braços seus

Muito além daquilo do que se procura

A redenção em atos em uma só figura

A proteção como uma bolha dessa vida dura

A diagramação ideal, a arquitetura

O remédio, o remar contra as agruras


Nós dois juntos num ap da Cohabpel

Com você, o sabor, o melhor do mel

As estrelas você vê, me ensina o melhor do céu

A constelação na visão pelo quarto andar

As gatas no jardim, grama pra cortar

Eu procê, cê por mim, é melhor assim

Noite tem, quando vem e não tem mais fim

Posição, procissão, profusão 

Proeficiência é a questão em rimar ou não

As estrelas iluminam a escuridão 

É você que me anima, mia arrecadação

Felicidade que encontro em cima do colchão

Num almoço, num jantar ou fora de hora

A prisão do teu olhar vai que me devora

Ao meu lado seu casaco és minha senhora

Nós dois juntos num ap na Cohabpel


Nós dois juntos num ap na Cohabpel

Trago a pasta, tiro a máscara, tiro meu chapéu

O mundo inteiro se afasta desse aluguel

Barulho lá na praça, moto se perdeu

Mundo existe assim distante como é o céu

Pudesse alcançaria ao alcance meu

Comparar pra provar que é nada ao seu

Seu olhar, seu luar, tão melhor que o céu

Ao redor, o sabor, a lua de mel

Nós dois juntos num ap na Cohabpel

29/10/2020

Supermarcado

Minhas ideias na ponta da caneta
Nem tirei as remela e tá de novo na placenta
Não te assenta!
Que eles sentam o cacete no povo
And again and again
E de novo e de novo
Sentam em ti, sentam em mim e neles também
And again and again
Runnin' down a dream
Pra dormir o dramin
E acorda dia sim e no outro também
Única saída é sair desde as seis a trabalhar
Sustento pro lar - ônibus lotado, tráfego pesado
Em pé, mal acomodado - sem migué a dar
A escolha é a mesma porque não tem
É a mesma a cada página, a cada folha
É a mesma escolha!
É a que existe no ponto de vista de quem olha
E não estoura saca-rolha com champanhe
São os que na rua estão, pro que der e que apanhe
Apanha, apanha
Ônibus pesado, tráfego lotado
Em pé, acomodado mal e sem dar migué
Apanha, apanha
Às vezes reclama
Mas vai na manha
Pensa e sonha quando deita a cabeça na cama
E busca a ceia pra ter o que jantar
E banana com aveia pra tarde passar

A rotina é essa que cola na retina
Em meio às casta, baixando e levantando fumaça
Cada um a cada dia atrás de suas caça
A rotina é essa que cola e adesiva
Se apresenta sempre com pouca alternativa
Cada um a cada dia a mantendo viva

A rotina é essa que cola, sacola de super
Marcado o horário pra bater o ponto
Tem que estar pronto. Sem pegar leve
Sem um breve intervalo e sem desconto
O que cair da prateleira é desconto no salário
Se persistirem os sintomas, demissão
Assim já foram vários
Do estoque pra reposição no armário
Nas caixas de sucrilho e quadro de funcionários
Drama, runnin' down a dream
Diário

Supermarcado no supermercado
Nas prateleiras dos macro-atacados
Atacados por todos os lados
Na rotina que cola na retina
No que não se atina
E no que já tá atolado
Ou nem atina mais
Já tá anestesiado
Aqui é caixa-rápido
Seu carrinho tá lotado
Aqui é preferencial
Você não tá grávido
Ó meu cidadão, colosso, impávido
Seu ticket alimentação tá inválido
O gerente não sei, tá ocupado
E me respeita, trabalho aos sábados
Supermarcado no supermercado

18/02/2020

ondas e marés

"A gata mia, boemia aqui não me tens de regresso"
Faz todo o sentido na vida tumultuada do rapper Black Alien, o Gustavo de Almeida Ribeiro, na época da gravação e lançamento do último disco com 46 anos. Outros temas abordados em Abaixo de Zero: Hello Hell são as experiências e problemas com drogas e como quer distância disso para se manter sóbrio daqui para frente. Com filhos pequenos para criar, aumenta até a necessidade de ficar inteiro para essa importante etapa de sua passagem.

Toda essa introdução para colocar o ponto de que nem sempre e muitas vezes a vida do fã não estará em sintonia com a etapa vivenciada pelo ídolo. A diferença de idade acaba sendo decisiva nesse ponto. Embora algumas características entrem em convergência, o que traz a própria aproximação entre fã e ídolo, outros aspectos os afastam e é interessante que se atente para isso. Apesar dos diferentes pontos nesse tabuleiro em jogo de dados da vida, muitos ensinamentos são aproveitados, ou para a hora, de imediato, ou armazenados no freezer das experiências para quando chegar o momento de utilizá-los.

É uma diferença crucial dos fãs para os ídolos, estes que estão em um aspecto de transição dos 40 para os 50, dos 50 para os 60, dos 60 para os 70 ou até onde forem. Vivenciaram muito mais coisas, colocaram em suas letras, poemas, prosas, textos, blogs, livros, reportagens. Associaram suas vivências e observações com outras vivências e observações. Eles sabem como fazer isso, sabem como conduzir, sabem como infiltrarem-se nesses campos, onde pisar, receitas para o que dá ou não dá certo. E muitas vezes quando erraram, se posicionaram para admitir e para que os mais jovens, ou mesmo de suas gerações ou até mais velhos, não façam isso. São histórias contadas, ensinamentos e alertas.

Outros dois músicos cabem em minhas observações sobre as diferentes etapas em que se encontram, enquanto estou aqui adentrado nos 20 e poucos anos, já em crises dignas de meia idade. O primeiro que lembrei é Humberto Gessinger. Após o encerramento das atividades com os Engenheiros do Hawaii, e a prorrogação do nome Engenheiros do Hawaii com outros músicos, subiu no tapete voador da carreira solo, mas parece que não decolou muito. Lança discos, mas as canções já não emplacam da mesma forma frente a um público que está menos vigoroso com suas empreitadas. Os De Fé que antes tomavam conta da internet estão mais sossegados, em outros passatempos, descobrindo novas músicas ou mesmo acariciando a nostalgia das antigas melodias. Os mais novos vão descobrindo e curtem Engenheiros através de ensinamentos dos mais velhos ou mesmo fuçando pelos amplos arquivos da internet. São letras históricas e que nos acompanham em vários momentos da vida, o que faz todo o sentido que sobrevivam a essas épocas. É como Titãs ou Legião Urbana incessantemente pelos bares em que frequentas, o gerador de memes das noites brasileiras.

Toda essa observação para a carreira solo de Humberto Gessinger, de excursões cada vez mais esvaziadas na web mas de shows ainda lotados para seu sucesso, mesclado às canções antigas, para observar como essa fase entre fã e ídolo pode estar separada em uma ponte difícil demais de obter ligação. É como o trecho de música dele em que nem caiu a ficha e caiu a ligação. Perde-se essa completa identidade que te acompanhava nas primeiras músicas. Ainda há muita highway para quem sabe encontrar seus ensinamentos novamente. Também admiti-se aqui que o referencial nem sempre tem aquilo tudo para se passar. Nem sempre que se pega uma caneta ou um violão muda-se por completo a vida do ouvinte ou leitor. A inspiração tem de estar do lado de lá também. A vontade de se inspirar com a inspiração tem de estar do lado de cá também.

Toda essa observação para afirmar que não tenho me identificado como me identificava e mesmo as canções antigas estão guardadas em recantos emocionais de meu coração; nem sempre mexo neles. De vez em quando é bom ouvir, lembrar disso ou daquilo, relembrar uma lição ou outra, mas "agora é bola pra frente, agora é bola no chão". Tem outros grenais.

Outro gremista nessa viagem toda é o músico de Venâncio Aires, o Wander Wildner. Em alguns pontos em comum com Gessinger, o fim da banda Replicantes como conhecíamos e a partida para uma carreira solo, que já dura bem mais tempo. Muitos e muitos discos, passando dos 13 para 14 volumes. Com ele vivo outra identificação, a carreira solo me diz muito mais do que Humberto tem me dito. Mesmo assim, a noção de que Wanderley Luis Wildner é agora e sexagenário, nem sempre vai abordar sexo e drogas e desejos obscuros em suas canções.

É bem provável inclusive que não faça mais isso. Não muito. Está em uma fase mais calma, em um autodescobrimento, vivendo entre os shows no extremo Sul brasileiro e as voltas para Santa Catarina, para relaxar entre o Campeche e o Balneário das Gaivotas. Comenta em entrevistas que está aprendendo com a física quântica, que pensa em matéria e energia, que a energia e as vibrações ditam muito do que ocorre e nos cerca. E quem ousa dizer que não? A biologia, a química e a física estão por toda parte. E nós poquitos aqui tentando surfar melhor nesse mar e moto. Com essas explicações, reflito e refriso que tenho me identificado mais com as paradas de Wander, que está lançando álbuns quase anualmente em músicas inéditas e regravações. Inédito pelo que está acontecendo em sua vida, se descobrindo e passando mensagens adiante; regravações do que para ele continua importando e fazendo sentido subir em um palco e mandar ver para os novos fãs que o descobrem e para os antigos, com o tamanho respeito ao carinho nostálgico de cada um.

Ser músico é um pouco dessa transição. Continuar surfando nessas águas, com novas manobras, novos alcances, novas praias, mas entender que não se pode desancorar por completo dos passos que feitos. As pessoas consomem suas músicas, seus discos, suas ideias por um acúmulo. Algumas serão eternamente gratas pelo primeiro disco, pelas primeiras canções e outras vão seguir acompanhando a carreira porque ainda se identificam, apesar da diferença de idade.

Um escritor também passa por isso, como o próprio uruguaio Eduardo Galeano, de maior fama pelo livro de brilhante título também, as Veias Abertas da América Latina (que Black Alien parece ter adaptado daí, ou não, para renomear nossas Américas como Latrinas de outros). Galeano muito comentava sobre adaptações, mudanças que faria nas Veias Abertas (da América Latina), mas o que estava feito, estava feito e as pessoas compravam e liam e assim estava um dos maiores feitos do escritor uruguaio, de tantos outros títulos importantes em latinidades.


Wander Wildner comenta bem essa ideia de assimilar por seus antigos fãs e por seus fãs que seguem o acompanhando, em um grupo que parece melhor acolher os que chegaram por último. Tem espaço na janela do bonde ainda, ao que me consta opinar. O músico das pequenas multidões, como é chamado.

Muitos desses escritores, músicos, artistas em geral, passaram por períodos de baixa, perrengues grandes, o que também é combustível para contarem suas experiências. Transformarem os maus bocados em canções, poemas e prosas da melhor qualidade. É o dito aquele do mar calmo não formar os melhores marinheiros. Entretanto, é o fã procurar entender essas diferentes etapas da vida de cada um. A hora de acelerar e a hora de puxar o freio. A hora de aproximar e a hora de distanciar. A hora de colher e do que já não nos identificamos tanto.

Humberto Gessinger dizia que produzia a sua arte, conforme sua introdução em rede social de que "faz música" e faz música com o que ele sente, com o que ele vive, com o que acredita. Conta que não liga muito para o que vão pensar e fazer a partir do que ouvem de seus trabalhos, mas que segue fazendo. É um ponto confiante de quem sabe que essa receita já deu muito certo. Escritor voraz desde a juventude, produzia muitas letras de músicas e boa parte de seu material nunca foi utilizado. Acreditou, apostou onde estava confiante e colheu safras cheias. Segue embalando melodias com suas crenças e ideais e encontrando quem escute, dos mais velhos aos mais novos. Bom para quem está em sintonia.

A relação entre quem busca um referencial e quem é o referencial é assim. Os navios precisam dos faróis, mas não vão estar sempre próximos aos faróis. Às vezes nos arriscamos a outras águas e navegações mais distantes. Suas luzes ainda estarão lá, para outras embarcações que necessitem na hora certa em um certo lugar. O próprio Humberto me auxilia a encerrar, onde é preciso deixar a onda te levar.

04/02/2020

impérios que operam

ouço umas rima
das melhor, das pior
um monte de obra-prima
o projetado pela mente
também traz suor
faz eu ver
as pedras pra mexer
lá em cima
porque a base é mantida
da minha doutrina
o fixado, rente ao solo
diretrizes, novas regras
e o protocolo
atrizes e atores
atuantes e tolos
todos ingredientes
de um grande bolo
duvidando desse bando
da cereja que quer
estar acima
a massa que se mexe
quase derrete nessa rotina
o clima levado ao forno
ao suborno
aos contornos
periferia
dos cornos que a gente cria
e recria pronto pra briga
no universo de um bolo
cheio de intriga
irriga e molha a massa
'e tudo passa'
é o que eles dizem
com o rosto coberto de cicatrizes
atores e atrizes
atuantes e tolos
todos ingredientes
de um grande bolo
do lobo de wall street
dos rolos, site de apostas
a cabeça no lugar
e as ideias sobrepostas
rotas e caminhos
quantos pergaminhos
quantos diazinhos
para um diabão?
quantos condomínios
cercados, escondidos
e a favela é
o que menos se mostra
na televisão
casas nas árvores
carros em conserto
montanhas, geleiras
motos no deserto
nada me identifico
nada vejo por perto
é certo
dois tiozinhos
sentados num barzinho
pessoa atravessada
deitada no caminho
containers cheios
e o lixo maior
ainda são os entertainers
o entretenimento na indústria
que sempre pulsa
como que faz pra pular
de paraquedas
em um salto daqui
para outro patamar
além dos radares
dos mesmos lugares
hectares, hectares
que só a um pertencem
o nome em sigilo
filme de suspense
gente desconhecida
que nem vai usar
e a reforma agrária
iria tumultuar
tem que deixar quieto
tem que deixar lá
não importam os sem-teto
nem a terra sem arar
nem o ar de São Paulo
nem a polícia do Rio

nem a chuva em BH
nem o covil de Brasília
nem o trânsito da ilha
nem a ervilha do lanche
nem a azeitona
o que pode vir à tona
sem te escandalizar
rompimento de casal
indicados ao Oscar
guarda-sóis ao litoral
outra lesão de Neymar
em seguida carnaval
vírus em outro lugar
Filipinas uma morte
aqui povo sem suporte
da febre amarela
da civil e outras guerra
outras cores de febre
diplomatas que celebrem
as novas eras
os impérios que operam
operações que imperam
que já eram em outras era
pra domesticar a fera
para acalmar o povo
absorve e absorvo
no ibope pelo globo
na letra que eu trovo
bebe água, dá uma trégua
volto em outra corneta
volto com outra bereta
jorge luis borges
o outro, o mesmo
a caneta

31/12/2019

última nota da última música

o astro-rei brilha sempre
sol, só e solteiro
brilha o dia inteiro
se não aqui, do outro lado
de janeiro a janeiro
o astro-rei que é lei
sempre trouxe a vida
mas agora abrevia
mais perto da morte
rompendo a camada
que era suporte
um sol para cada
quem é que dá conta?
da antártida até
a outra ponta
aquecimento global
sobe o litoral
pescador, malabarismo
fauna e floral
camada de ozônio
alívio do outono
após o verão
outorga outra lei
tu que sabe na tua sala
com ar condicionado
enquanto as queimadas
cortam de fumaça
outra madrugada
cortinas de mata extintas
cortinas de fumaça
nas façanhas do governo
entranhas do medo
natural é o preconceito
científico não aceito
vai no achômetro
que a Terra é plana
porque é um planeta
que a vida é insana
com tantas bestas
à solta
antas, vidas santas e mitos
cantam a esperança
na boca do conflito
evitam maior atrito
que faz sair mais fogo
é fácil negar o preconceito
sem olhar o outro
vários e vários preceitos
em nome do sufoco
direitos trabalhistas
se vão numa lista
sabemos em nome de quem
deixam muitas pistas
aroma de morte
o capital borrifa
ajoelham às cortes
tentando vender rifa
bala de goma e malabares
na beira das pistas
praia corcunda empurrando carrinho
rinha de galo de quem vende o milho
os ricos nem nas praias
saem de jatinho
saem de fininho sem sair nos jornais
dias e dias que não aguento mais
mas um dia veremos alguns de seus
finais
finados nos confins
por outras classes sociais
enfim a paz
em nossos avais
e anais de evento
e um astro-rei no seio
de cada um guerreiro no meio
e além de uma chama por dentro
o cetro destruído
o povo unido, digno, aquecido
pelo único rei que é astro
lá de cima fiscaliza
os aqui de baixo
na baliza da vida
no facho da luz
o fascismo seduz
mas vai virar medusa 
um a um contra o espelho
de meia em meia dúzia
até a última nota
da última música

04/10/2019

peso do piano

pensei em me chapar de pó
pensei que tanto faz
mas eu tenho dois pais
nas farmácias ou nos becos
onde que se vende a paz?
com receita ou sem receita
cê aceita ou cê rejeita
se meto essa na cabeça
sei que é assim que começa
alguns dizem como termina
outros terminam-se antes
tomando essas medidas
geração dos calmantes metanfetamina afeta uma abundância ambulância equipada o lab a ter em casa e pensar toda essa coisa era só bomba de asma às vezes mente tá rasa às vezes tá transbordando todos sabem da sua cruz ou o peso do piano não era bem assim mas qualé o outro plano?


03/10/2019

em marte ou mais além

fico feliz que tu goste
do que ele poste
essa bengala, esse sustento
também são o meu suporte
termos em comum nosso rapper preferido
me dá a sensação de dividir
contigo o nosso abrigo
e vira o melhor lugar
e eu me viro uma versão melhor de mim mesmo
me sinto mais aceso com esse post
me sinto mais devido - divino
o que queres que eu te mostre?
das palavras do mestre vou fazendo minha balestra
fazendo meu suporte, fazendo minha palestra
se a fala tava pior agora tá melhor que essa
logo vai ser superada por aquela
na evolução um processo de antemão
que vou tentando
e se a brisa sintoniza
minha mensagem te avisa
vamo embora pra Ibiza 
vamo embora na crista dessa onda
eu sei que tu me sonda
minha frequência te equaliza
nesse comprimento de onda

faz as tuas rimas
me deixam pra cima
espero que sirvam
para deixá-la bem
faz a tua parte
faz a tua arte
me deixam em marte
ou black alien mais além

faz as tuas rimas
me deixam pra cima
espero que sirvam
para deixá-la bem
faz a tua parte
faz a tua arte
me deixam em marte
ou black alien mais além

sigo o trem
deve ser a luz do fim do túnel
contra tantas trevas
tentando ficar imune
nesse mundo hardcore
impune com os piores
e condena os melhores
com as dores da compaixão
parece até mentira
parece até folclore
tanto neguinho que morre
quando vê também já fores
efêmera das flores
fêmea das minhas dores
paleta das minhas cores
canciones tan tricolores
pores do sol ao teu lado
melhores os resultados
dos fins daquelas tardes
que seguem acontecendo
mas eu já não sou o mesmo
me desgasto pouco mais cedo
bandeira a meio mastro
navio segue em pedaços
à deriva na retina
nenhum sinal de terra à vista
visão que me piora
visão que me despista
utopia da ideologia
pirata da fantasia
tesouro não encontrado
número que foi mudado
segue o Gabo falando de morte
nas Colômbias lá do Norte
das índias de outros Colombos
outros tempos, novos tombos
ser humano vacilão
empolguei, falei demais
vai de novo do refrão [em vão]
[e vão]

faz as tuas rimas
me deixam pra cima
espero que sirvam
para deixá-la bem
faz a tua parte
faz a tua arte
me deixam em marte
ou black alien mais além

faz as tuas rimas
me deixam pra cima
espero que sirvam
para deixá-la bem
faz a tua parte
faz a tua arte
me deixam em marte
ou black alien mais além

velocidade cinco, velocidade seis

resiliência é a questão
que evita eu me jogar da ponte
tenho que estar atento
para que eu não apronte
falo um monte de besteira
mas também escrevo um monte
conte logo seus problemas
meu ouvido é um horizonte

aquilo que vou ouvindo
as linhas já vão fluindo
liga tipo vinho tinto
as telas que eu já pinto
são elas o meu trabalho
eu não sei o quanto eu valho
nesse jogo de quantificar
quantos ficam por aqui
quantos do lado de lá?
oportunidade a definir
o que vai nos separar

penso nos que ficam aqui
e penso nos que ficam lá
vezesimporta atravessar
fazer a ponte e unir
na transparência de quem não esconde
de quem usa o tempo e mostra onde
o lobby não é meu hobby
vez em quando ouço um reggae
vez em quando ouço um bob
às vezes robert plant
também tá com a gente
nesse zeppelin cruzando o céu
sobrevoa o hell
enquanto passa rola a caça
e as ideias que vão no papel

velocidade cinco, velocidade seis
troca a marcha
não se entrega de graça
antes de fim do mês
velocidade cinco, velocidade seis
segura as ponta, parça
me diz o que tu acha
não vou bolar sozinho
preciso de vocês

velocidade cinco, velocidade seis
troca a marcha
não se entrega de graça
antes de fim do mês
velocidade cinco, velocidade seis
segura as ponta, parça
me diz o que tu acha
não vou bolar sozinho
preciso de vocês

firmezinho
estilo vinho
fluindo e abrindo o caminho
no que há de melhor no português
rimas, métricas adeptas
com as leis ou sem
adaptando as técnicas
na tática e na estética
nas ideias sabáticas
que deram um tempo
e foram passear
e o importante é sair do lugar
entender o outro lado
pra fundamentar
e o resultado está, está más alla
Galeano mandou
então vou caminhar

velocidade cinco, velocidade seis
troca a marcha
não se entrega de graça
antes de fim do mês
velocidade cinco, velocidade seis
segura as ponta, parça
me diz o que tu acha
não vou bolar sozinho
preciso de vocês

velocidade cinco, velocidade seis
troca a marcha
não se entrega de graça
antes de fim do mês
velocidade cinco, velocidade seis
segura as ponta, parça
me diz o que tu acha
não vou bolar sozinho
preciso de vocês

05/09/2019

aqui-ali

nossa cela é maior mas também tem limite o pobre não chega a aeroporto o tempo escorre aquiali, pertence a elite o tempo ao vivo se vai sempre programa piloto ratos saíram aquiali ainda pertencem ao esgoto o limite da aberração deles só palpite não conheço limite mais torto

trânsito vai carronibus cortando a frente do sentido audição a postos eficiente transe vai metódicos aplicativos, comprimidos, titanics antitetânicos nanicos mecânicos da própria vida nervosos

vou entregar até minha última palavra no desarme da posse operação policial pra ver quem mais tosse entregar meu distintivo sobre a mesa espremer até o último suco no meu último súbito do coração à mente nenhum bendito ao fruto que digam em reza faço em troca de: nada

01/09/2019

os apetrechos

os apetrechos
o rap são trechos da minha vida
os trechos do meu rap
pra eles são a ferida

cê fala um monte de viagem
pergunta se eu tô ligado
é claro que eu não tô
vou fingir que tô
é claro que eu não concordo
que obina era melhor que eto'o
conectou?
o wifi da internet do campus
que fica lá naquele canto
comunidade ao lado quer trampo
com dificuldade ainda me levanto
os elemento por fora nem tão ruim
os meus problema de verdade tão dentro de mim
eu sei que é assim
cada um espadachim da sua luta
olha pro lado e vê quantos
e quantos tu escuta
interrogação nem vou marcar
que já vem outa pergunta
o assunto engolido a seco
e nem besunta
e depois vê no que isso tudo resulta

os apetrechos
o rap são trechos da minha vida
os trechos do meu rap
pra eles são a ferida

esse é o eixo
que traça a estrada da vida
estragando o trecho
daqueles que pra nada convida

o juiz que apita

meu chapa
eles não te querem aqui
eu vou te resumir
## rap trecho ## apetrecho ## rap trecho ##

eles querem que tu vá sumir
vá por aí, vá assumir outra posição
ou nenhuma aptidão, tanto faz
pra eles
mas pra nós, liberta tua voz
é mais do que as causas essenciais
vá lá e faz
e depois vá lá e faz mais
um-dois, um-dois-três
não deixa tua mente morrer assim 'aqui jaz'
aqui jaz eles, aqui já era
tá feito meu trabalho tua mente na labuta
não para, não dá trégua
não perca eles de distância nem por uma régua
muito menos légua
baixar cabeça pra nenhum filho da nova era
que é mais antiga e mais conserva do que aquela
mais atrita do que comunica
mais desconvida do que participa
eles impõe e o que tu contrapõe
não adianta nem que grita
a bola tá com eles e o juiz apita
vou chegar forte, desarmar, meter uma bica
o desafio é romper a bolha até as palafita
aí eu quero ver como que esse mito mita

26/08/2019

parasita não hesita

fiz uma enquete
sobre o que ninguém conhece
(ou não quer conhecer)
tudo bem, faz parte
(que nada, vai te fuder)
sigo palavras procurando a minha arte
bandeira na mão nem que seja a meio mastro
eles querem castração, vocabulário eu não castro
nessa junção, fomentação correspondo
compondo o meu balastro
da ferrovia da minha vida ali a cada dia
segue o lastro
os pastores e os rebanhos dando conta do pasto
dessa eu vez eu passo
te prometo que da próxima vez
se eu der sorte nunca mais vejo vocês
outros alguéns estou louco pra ver
quando será que eu posso?
tenho que escalar muito desse poço
pra sair do fundo
é íngreme... a rima para íngreme
mas o que vem de baixo não me atinge
até porque mais pra baixo eles não distingue
esfinge, finge, miragem para existir
pra seguir o ir e vir, impulsionar o que há de ser
será... será? será!
entre a interrogação procurando a razão
e a exclamação do mundo espetacular
sobre o palco holofotes nas marionetes
atrás das cortinas é que a mágica acontece
na ocultação das luzes ninguém quer que tu veja
por isso toma aqui mais uma porção de certezas

virada de mesa
a mesa ainda é deles
ligado nas teles
para que tu vejas

virada de mesa
olha bem, tu tem certeza?
não te causa estranheza
servirem isso de bandeja

e a escassez do que deveria ser a abundância
e a importância fora do top dez
mira aqui esse novo viés
olha rápido, não dá bobeira
sair do hábito deles é coisa de gente ligeira
que vence a lebre, a tartaruga e causa rusga
com a ordem dominante, as fabriquetas
seguindo as ordens e os ensinamentos do capeta
produzindo em escala gente que se cala
cada um com a sua etiqueta
conservando falas conservadoras
levando nas malas políticas opressoras
são todos moros pelos poros desse país
gente marionete nem dá pra chamar de atriz
e perdemos por muito, nem foi por um triz
vamos lá de baixo recomeçar pela raiz

virada de mesa
a mesa ainda é deles
ligado nas teles
para que tu vejas

virada de mesa
olha bem, tu tem certeza?
não te causa estranheza
servirem isso de bandeja

e a sobremesa que ainda há por vir
respira fundo tamo longe de sair daqui
caminho longo, longa é essa milonga
longa, esticada, retorcida feito anaconda
ação pra todo tipo feito filme do henry ou do peter fonda
surfa essa onda que é a rima
pega ela do alto pela crina, pela crista
só não tira alguém pra cristo, fica o registro
tem tanta coisa errada e tanta gente omissa
sem compromisso
enquanto isso os parasitas não hesitam
em meter as patas nas fatias fartas
são feito baratas, onde viu um o clã fez o seu covil
amanhã esse cio nocivo novamente ataca
incisivo na hora de pegar na chibata contra nosso povo
e bata e bata e bata
e nós sem inseticida mas com os mc
mc do amor, da paz e da vida
na batida do lado da guerrilha e da bastilha na tomada
ligada e amplificada, acreditando no poder da palavra

virada de mesa
a mesa ainda é deles
ligado nas teles
para que tu vejas

virada de mesa
olha bem, tu tem certeza?
não te causa estranheza
servirem isso de bandeja

25/08/2019

xique-xique

vou ter que reescrever os scripts
parece que anteciparam o apocalipse
vou ter que reescrever o que eu fiz
parece que anteciparam o xique-xique

o xeque mate que eles querem dar
tava na mão, eu sabia, resolveram antecipar
o gosto amargo e engendrado desse mate
querendo tirar tantos e tantos do combate

não adianta o pranto se não me levanto
o abacate vai continuar nos acometendo
tantas e tantas, tantos e tantos, tantos tansos
poucos descansando e tantos com nenhum descanso

o trocadilho muda a letra de reforma pra deforma
não ignora; se tá ruim assim e depois piora
dessa forma, não segue a norma
aldous huxley aqui não nos deu gramas de soma

no máximo alguém ali vendendo bala de goma
dois por um real, três por um real
abaixo até do preço que era o ideal
no fim do dia moedas no bolso é todo o capital
cena que se repete em quantas capitais
o que dizem sobre isso as vozes oficiais
esperando no cais desembarcar inimigos irreais
no meio do caos, se disser que andamos mal é elogio
onde já se viu, país Brasil
tantas vidas por um fio
remédios, atendimentos, universidades
cortes, queimadas, árvores, oportunidades
nuvens poluentes transportadas para as cidades
parasitas prepotentes perfilados pá virados nos seus preconceitos
e o que eu mais lamento
diferentes de outros, tantos outros pesos mortos
esses foram eleitos...

16/07/2019

visão seletiva

barracos na frente dos condomínios
domínios privados e fechados
considerados fracos
não tem vez

morador de rua
na calçada fria e crua
hoje era eclipse da lua
não ficou sabendo por aplicativo
viu ao vivo
e ninguém ali viu
que vivia um ser vivo

mas é difícil que seja visto
tipo foto da lua com teu celular antigo
enquanto eu passo por aquele cidadão
colecionante de moedas para um pouco de pão
enquanto isso duas senhoras
pelas grades do condomínio
acionam a tela do celular
dispositivo
da oi, da claro ou até da vivo
estão em outro lugar
que não aqui
e nunca que vão ver
aquilo que eu vi
nunca que vão saber
aquilo que exige
um pouco mais de compaixão
um olhar pro outro
ali deitado no chão
com menos dignidade que um cão
vestido contra o frio
e cagando calçada, cagando outra morada
antes de voltar pro aconchego da sua casa

olhando pra rico com indiferença
título nenhum vai te trazer onipresença 
nem imortalidade
tua boca cheia de formiga
quando bater alguma idade
aquilo que tu fazia com alguma amiga
tá distante esse dia
te sobrou só a saudade
no amarelo do costado da fotografia
e um álbum inteiro de incapacidade
de se repetir
tua grana evita dramas
mas não esse aí

15/07/2019

que seja

coração abatido na outra rede
na sede do que a tecnologia fornece em menu
e acerta a mão que se dirigia à bandeja
então alivia as dores na cerveja
que seja
olha ali
nunca que vou chegar naquela mesa
um metro e noventa ou quase isso
que aquela moça tem de altura
uma escultura francesa
ou de outro povo europeu, sei lá
com certeza
e eu delgado na minha estrutura
fora de combate, surta ou atura
e a bateria do meu celular
acabando, veja só, foi-se a cura
loucura insistir nessa advertência
600 ml por mais de 10 conto
sacou a inflação da referência?
se eu prejudicar o bolso até melhoro
se eu melhoro eu prejudico o bolso
política é outra aventura, não mistura
tua taça com a garrafa do vinho de vovó
ela trouxe de casa pra se aquecer
deixa fazer o que quiser, quase 86, pensando o quê
e eu com pouco mais de quarto da sua idade
com menos do que um quarto pra sobreviver
o que é meu é muito pouco por mérito
de todos aqueles anos de estudo, érico
e querendo hoje mudar o sistema público de ensino
e quieto no meu canto ao mesmo tempo como um pino
esperando a bola de boliche
se eu tiver um quarto é uma cama de beliche
do pagamento de um hostel
que vai me atarefar no que pra mim é alto
preço de aluguel
e eu pensando um bom nome de motel
pra te levar
e querendo parecer mais natural
do que vai soar
a campainha de outro dia
da ressaca de ontem à noite
um açoite é o frio do inverno
no cobertor que me protege do matadouro
entre meus dramas e meus pijamas
antes de me enfiar na jaqueta de couro
bora pra mais um
sem arco íris e nem pote de ouro

23/06/2019

#rap: viagem conturbada

quando tem não valoriza
depois que perde, sente falta
percebe que precisa
é a voz na cabeça que avisa
o anjo ou o diabo no ombro que batiza

agiliza
um jeito de se ocupar
de preferência pra agora
mas se demorar
aproveita a viagem
para viajar
na ocupação ou invasão
da mente
a oficina de garagem
daquele do tridente

e passa o pente fino
lacunas deixadas desde menino
conhece o patamar do mezanino
como o pátio é conhecido
pelo farejador canino

redentor
voltar dessa é 'glória ao senhor'
naquela promessa de nova recaída
viagem só de ida
pra voltar a estrada esburacada
na contramão
luz alta na cara
aquela que cega a lógica
que era questão contornada
faz perder a direção nórdica
e a bússola joga fora
escuridão na visão de agora
antes fosse catapora de só uma vez
mas a viagem traz fatura fim de todo mês

ahhh
viagem conturbada
vê quem tá contigo nessa
vê se presta
se ajuda ou atrapalha

ahhh
parou de ler as placas
o mapa em outro colo
olha para o lado e saca
ninguém para pedir socorro

ahhh
subidas e descidas
sinais e sinais de morro

mira o retrovisor
tanta coisa que se deixa
amores, cores, dores
tanta coisa que se queixa
mira outra empreitada
se não geral se desleixa

respira fundo, veste nova paciência
o tempo lá fora exige novas exigências
não era o objetivo, mas agora é da tua agência
pelos mesmos motivos que o camaleão
aprende novas cores
e se infiltra em novos corredores
e tu aí filtra café em coadores
e pensa no que é, no que foi e no que fores
olha pro lado e quem são seus assessores

ahhh
viagem conturbada
vê quem tá contigo nessa
vê se presta
se ajuda ou atrapalha

ahhh
parou de ler as placas
o mapa em outro colo
olha para o lado e saca
ninguém para pedir socorro

ahhh
subidas e descidas
sinais e sinais de morro

08/05/2019

legítima defesa (nacional)

Será que caçar liberal é legítima defesa (nacional)? Entrega isso, entrega tudo pros gringo Vai trabalhar até domingo Pra você ver Pra pagar o dízimo da igreja Vai ter nem pra cerveja Nem tempo de ficar na frente da tv

Reformam a previdência
Tiram dos aposentados
Cortam a ciência
A evolução vira fardo
Para eles

Foram à política
Pra meter a mão
Na senha do cofre
Molhar mão de chofer
E as pessoas viram gado
Preconceito é contra o negro
E contra a mulher
É observar e absorver
Se tu não ver ficou cego
Ou não quer ver