28/07/2025

Monólogo Silencioso (2008)

Filme senegalês que, em formato documentário, apresenta a vida das empregadas domésticas no país. Através da história de diferentes trabalhadoras, as condições precárias de vida são mostradas. Amy é a primeira a ser apresentada e, de certa forma, é a personagem principal. 

Amy é uma jovem empregada doméstica em uma casa de família de classe média. Enquanto ela trabalha, sua patroa costuma ficar no seu ouvido cobrando, criticando e, entre aspas, incentivando. Depois dela, outras garotas expõem suas situações.

A maioria delas iniciou estudos, mas teve de deixar a escola para trabalhar, seja por dedução própria ou obrigação familiar. Algumas tornam-se mães muito cedo e o compromisso em alimentar os filhos duplica a dificuldade da jornada. São poucas as opções de emprego, portanto o serviço de maid (empregada doméstica) se torna a principal opção para quem evita vender o próprio corpo como comércio.

Uma das mulheres desabafa que ela mantém as casas limpas, mas mesmo assim ela que é considerada suja. A controvérsia é uma dura realidade. Muitas das mulheres trabalham em casas de bom material e em melhores regiões de Dakar (capital do Senegal), mas moram em barracos na periferia. São barracos sem energia elétrica, com somente porta de entrada, em que se deve optar entre ter iluminação e ventilação ou conviver com possíveis insetos.

Uma jovem, ainda de aparência adolescente, desabafa que elas também são humanas e gostaria somente de ser tratada como bem trata os outros. A maior reclamação dessas meninas é a falta de pagamento, pior do que as condições precarias de trabalho. Muitos empregadores, patroas lançam demanda de limpeza e lavagem de roupas, mas não as pagam devidamente. Muitas vezes a lorota é de voltar num outro dia, prometer o pagamento para amanhãs que nunca chegam. Quão injusto é o mundo e a máxima de sempre: com quantos pobres se faz um rico, ou, mesmo não sendo enriquecido, um ser, uma família mais abastada?

O nome Monólogo Silencioso apresenta a crítica de que essas mulheres ainda trabalham silenciadas, seja nas casas ou pelas comunidades. Ninguém as escuta. Por educação forçada elas devem ficar quietas. Devem obedecer, não devem se rebelar. Devem falar baixo e não emitir seus desagrados, não são incentivadas a opiniões. É o silenciamento e o apagamento em voga.

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