Há pessoas que trajam armaduras
No dia a dia para sobreviver
E quando despem-se delas
Na liberdade de ser o que são
A ditadura se esfacela
16 de fevereiro de 2017
13 de fevereiro de 2017
O Adiamento e a Angústia
A Descoberta Do Adiamento
Me Traz Um Conforto Repentino
Um Alívio Reconfortante
O Primeiro Drible No Destino
E O Tombo Logo Adiante
A Descoberta do Adiamento
Em Breve Sonho Delirante
Mas A Queda Da Sequência
É No Cimento E Não Distante
A Descoberta Do Adiamento
É A Certeza Não Obstante
Da Angústia Também Adiada
Mas Novamente Cavalgante
Me Traz Um Conforto Repentino
Um Alívio Reconfortante
O Primeiro Drible No Destino
E O Tombo Logo Adiante
A Descoberta do Adiamento
Em Breve Sonho Delirante
Mas A Queda Da Sequência
É No Cimento E Não Distante
A Descoberta Do Adiamento
É A Certeza Não Obstante
Da Angústia Também Adiada
Mas Novamente Cavalgante
3 de fevereiro de 2017
Fotos de um Janeiro Pelotense
Em Guerra
Estava eu acompanhado de meu amigo de rádio em uma missão ultrassecreta. Subíamos por um forte de madeira com escada interna no meio da floresta. Era de noite e a iluminação era péssima. Havia silêncio em volta. Próximo a nós, um senhor muito mais velho também dava ares de velho lobo de caça e recordo que ele me pediu silêncio para não atrair os inimigos. Era uma missão de guerra, sem dúvidas.
Eu subia apressadamente as escadarias atrás de meus colegas, mas, ao chegarmos ao topo na visão que eu imagino ter nas casas nas árvores, víamos os soldados se deslocarem em pequenos grupos e batalhões logo abaixo. Meu amigo é que informa a emboscada e precisamos descer com o dobro da velocidade que subimos.
Chegamos ao pé da escada e há uns bancos de madeira juntos à parede. Nos deslocamos de maneira definitiva até eles, quando não havia mais tempo. Os guardas já nos cercavam pelo lado de fora e certamente viam a nossa movimentação em algum momento, visto que a casa possuía aberturas como grandes janelas, mas totalmente escancaradas.
Me sentei ao lado de meu amigo e esperamos a ação dos soldados. Me fingi de tranquilo e tentei aparentar que estava dormindo. Eles me cutucaram para acordar, bateram em meu ombro e percebi que o disfarce da situação não havia funcionado. Fomos capturados.
Já com o amanhecer em nossas vistas em um dia claro, fomos conduzidos por entre centenas, talvez milhares de crianças em um campo extenso, como se fosse uma colônia de férias ou simplesmente nosso campo de concentração após a captura.
Os soldados riem e caçoam enquanto somos arrastados, literalmente, pelo chão. A tática de tortura seria um pisoteamento comandado por eles e posto em prática pelas crianças. Teríamos poucas chances nesse fim trágico. Porém, ao nos deixarem caídos e largados pelo chão, me percebo com uma oportunidade de escapar. Começo a rastejar, primeiro próximo de meu amigo. Eu o ultrapasso e continuo rastejando, jogo um pouco de areia por cima de mim para tentar, em vão, me camuflar. Mas incrivelmente vai dando certo. Olho para mim mesmo e estou com um antigo moletom verde. Tento parecer natural mediante aquilo tudo. Me afasto das crianças que nos matariam e consigo correr para onde ônibus de excursão estão saindo. - EI, EI! Preciso subir aí! Meu irmão está nesse ônibus!
Escolho um aleatório e torço para conseguir sair dali sem ser descoberto. Não sou barrado, visualizo os ônibus à procura de um lugar, nervoso, entre a esperança e a desesperança. Enfim, uma voz infantil meu salva. - Aqui (meu apelido de infância). Aqui, estou aqui, venha. - Um garotinho pega em minha mão e me conduz para um ônibus mais atrás na fileira. Ao entrar, ele se transforma somente em uma van. A criança fica por ali e fingindo ser o irmão pequeno que nunca tive e jamais havia sido tão necessário para escapar do inferno da captura e da morte que viria.
Uma professora de português o conduz. Eu a conheço, mas ela parece não se importar com minha condição de fugitivo. Passei pela missão de fuga e o plano deu certo. Ao lado, uma loira muito bonita está sentada à minha esquerda. Trocamos algumas palavras. Saímos da condição de zona rural e logo ingressamos de volta à cidade. Ainda na estrada, no que parece um fim melancólico de tarde, com sol a se esconder pelo horizonte, tomo a iniciativa de beijá-la e justifico a ação corajosa - tanto quanto a fuga - como "amanhã não sei se estarei vivo", digo em pleno pensamento e exercício da condição de fugitivo de guerra. Ela aceita e até relaxa pelo banco do veículo. Ao lembrar, não me parece prudente que meu pequeno e salvador irmão desconhecido tenha presenciado, mas na hora foi puro impulso.
A professora conduz a van pela cidade, passa por ruas lotadas pelas calçadas, com bom asfalto e bem arborizadas, em uma imitação melhor do que o Centro que conheço. Há muita e muita gente nas ruas, como se houvesse uma evacuação ou simplesmente a celebração das pessoas pelas calles. Ronaldinho Gaúcho aparece à direita do veículo, protegido por somente um segurança e sem chamar muita atenção, apenas a mim, que comento o fato com os demais ocupantes da van.
Ela se desloca por uma interminável rua reta que chega até o que eu chamo de zona norte. A noite se acentua com a escuridão e a luminosidade das ruas também piora. Comento o fato de como algumas quadras de avanço no trajeto interferem nas condições de vida dos moradores dali, inclusive da loira que precisa se despedir. Não lembro ao certo se marcamos algo para algum futuro inexistente. Fico feliz pelo esforço na oportunidade, antes da hora de saltar.
Encorporado como personagem principal de um filme machista e patriarcal, eu, guerreiro guerrilheiro de guerra, estou disposto a livrar minha própria pele das garras da crueldade, para ajudar meu povo e ainda conquistar o coração da amada. Meu fiel escudeiro e salvador irmão desconhecido é como se fosse um anjo que desaparece nas cenas +18. Felizmente, ele não está presente para depois que a professora de português bate o carro em uma duna na areia de uma praia que surgiu tão aleatoriamente como a história toda.
2 de fevereiro de 2017
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