Há vários tipos de escritores. Os que relatam dramas. Os que rebuscam prosas. Os que abrem caminhos pela poesia. Os que relatam cientificamente, biologicamente, astronomicamente e outros termos acompanhados do mente. Os que constroem ficção bem ficcional. Os que constroem ficção bem apoiada no mundo existente. Os que panfletam politicamente. Os que se inserem. Os que se autodiagnosticam. Os que observam as lamúrias e chagas nos outros. Escritores por uma causa. Escritores por uma valsa. Por um sonho de. Escritores que descrevem seus sonhos, acordados ou dormidos. Escritores que inventam mundos por ação. Escritores eróticos. Escritores debochados. Escritores paisagistas. Escritores de criações estritamente psicológicas.
E quem sou eu no meio de tantos tipos? Espero me apresentar com um pouco de cada. Não bato na porta com apenas uma proposta. Recuse meu verso e tento uma prosa. Um outro verso. Um inverso. Uma contradição. Um contrargumento. Contra ti ou contra mim mesmo. Com o perdão do trocadilho, um novo universo. Une versos. Verídicos desconexos. Vereditos anexos. Créditos e débitos no cartão da vida. Curativos e feridas. Chegadas e despedidas.
Espero ser um pouco de cada. Cercado pelas paredes e pelo nada. Pelas batidas extasiadas que meu coração por vezes abdica. Espero ser um pouco de cada e seguir as dicas. As pistas e iscas de meus professores antecedentes, antepassados, diante do ausente e do presente, militante combatente, guerrilheiro entorpecente, pássaro e serpente, ente dos mais queridos, por vezes na cova dos inimigos. Sou e estou contigo. Meu bravo ou mesmo breve amigo. Te, ti, contigo. Não sei se consigo, mas tento. Atento aos mais breves movimentos, brisas e ventos, verões laranjas e invernos cinzentos, cinzeiro das pontas que se apagam, do mar das águas que alagam, das páginas que alargam meus sentimentos.
Espero ser mais do que parecer. Posso parecer ser de cimento. Mas sou o mais frágil pré-sentimento que em flor se abre e às vezes não cabe, ou às vezes só se vê em lente de aumento. Aumento o rebento de meus rebentos, minha rebentação mar a dentro de ondas, de sondas espaciais e especiais, zonas urbanas e rurais de meu testamento.
Espero. Mas enquanto espero ergo. Ermo. Com o cedro na mão de meu triste reinado. De minhas terras e pedaços arrasados, de sentimentos irados, pensamentos pirados e trabalhos a serem arados. Gado. Não peço que sejam, nem sereias nem aqueles que rastejam, talvez com que eu beba uma cerveja, talvez nem isso seja o combinado. O comboio armado, o combo formado pelo que fui e pelo que serei. Se rei for, ser rei do quê? Do quê serei? Espero por algo que ainda não sei.