23 de abril de 2021

Pós Travessuras da Menina Má

Comentaram intensamente sobre hoje ser uma dessas datas, um Dia do Livro. Mediante o conhecimento dessa informação, confesso um esforço a mais para terminar As Travessuras da Menina Má, mais um livro do peruano Mario Vargas Llosa, este que lhe rendeu simplesmente o prêmio Nobel de literatura. Cheguei à conclusão e não me surpreendi com o desfecho, sendo Vargas Llosa expert em preparar esses terrenos, que, se fossem comparados a terrenos, literalmente, seriam terrenos castigados pelas ações corrosivas do clima e pela ação degradadora do ser humano.

Mais uma vez encontro-me diante do cursor do mouse que pisca e me convida a transpassar minhas impressões para o espaço em branco. Imagino, nessa hora, o saltear dos demônios internos em direção à máquina, para o devido lugar em que ora tento posicioná-los, enfileirá-los, domá-los. Tarefa difícil que somente cada escritor sabe o quanto enfrenta. Nessas horas, penso também em todos aqueles que passaram por essas missões com a pena e a tinta em mãos, nos pergaminhos demorados e sagrados de antigamente.

Este livro abriu um preâmbulo sobre a vida que tenho a encarar pela frente. Missões e mais missões como essa que ora me dedico. O personagem principal, um tradutor, um peruano que lançou-se à Europa como meta e sonho, o principal deles viver em Paris. O reencontro com a menina que realmente amou. Ela nunca o tratou bem. Ele é insistente por ela, mesmo sendo usado. Me faz questionar o que temos de propósito para essa passagem, para essa existência. O trabalho dele, que circunda a narrativa, a tradução, é bastante nobre. Embora muitas pessoas reduzam o valor presente nas palavras, imagine o inalcançável tom que diariamente nossas palavras, mesmo o que aqui escrevo, não encontram na maior parte da humanidade, porque a maior parte da humanidade não dispõe dos conhecimentos necessários para decifrar o que é dito ou escrito em nosso idioma. A tradução é fundamental. Os tradutores, de encontros da Unesco, como ocorre no livro, ou em outras ocasiões, são também embaixadores pela paz. Mas esta ideia sobre a tradução apenas permeia a narrativa principal: os encontros de Ricardito com a menina má.

A transposição das ideias desse livro, que não fui atrás da informação mas deve ser de conhecimento a nível mundial, vide o prêmio Nobel, para indicarem algum rumo à minha vida é um egocentrismo desvairado. Por óbvio que é. Mas, ao mesmo tempo, me encontro contente pelo papel que a arte desempenha em atiçarmos-nos, em buscarmos inspiração, coincidências e motivações. A arte cumpriu sua missão. Foi um pouco antes de iniciar a leitura dessa narrativa, mas após já ter a ideia de comprar o livro, sem saber exatamente do que se tratava, foi aí que aprofundei, afunilei minhas conversas com a que tracei o paralelo de que ela é a minha menina má. Tal qual a personagem principal, a amante de Ricardito na história, ela também oferece um amor até inesperado pelo que se propõe entregar-se em madrugadas. Promete, estende tapetes e logo recolhe mundos e fundos. Tudo isso pelo efeito do álcool ou pelas suas ideias mais resguardadas que erupcionam verdadeiras nessa hora. Com minha maneira de gato escaldado, mantenho o pé atrás, a distância necessária, mas pronto também para um possível recuo estratégico que represente o impulso para o grande salto. É sempre um risco, mas é uma aventura, uma adrenalina, uma vertigem, um sentimento de sentir-se vivo que muitas vezes parece em falta nas gôndolas padronizadas dessa passagem. Tal qual Ricardito, sinto que saltaria por ela ou faria outras loucuras ou, como na própria linguagem do livro, faria as breguices que fossem necessárias como provas intrínsecas à essa situação.

Se preencho bem essa lacuna como o Ricardito, por sua vez, sei que ela enfrenta sentimentos suicidas e a incredulidade quanto ao amor romântico. Também me posiciono reticente quanto a isso, mas o sabor dessa vivência como um sabor de sorvete que sabemos não voltar a experimentar da mesma forma, parece-me válido. E quanto mais ela repete que no amor romântico não acredita, mais estudo aplacar nisso um reverso em que na verdade ela acredita, caso contrário não o citaria tantas vezes. Por que tanto falaria de algo que considera não existir? Ao mesmo tempo sei o quanto ela se sente confusa, talvez exatamente por esse conflito interno: existir ou não existir? Eu ou quem nessa narrativa? Como ela é muito acima da média em todos os requisitos, não me tardaria criar fantasias ilusórias e de ciúme sobre quem ocuparia meu lugar quando ela passar a acreditar no que afirma não crer. Não acredito em destino, mas considero muito bonitas as nossas coincidências.

Não acredito que meu destino seria tão belo quanto ela. Distante do positivismo, afastado dessa possibilidade afirmativa, o mais comum seria aceitar que ela realmente não crê na exploração de um amor romântico, este que seria altamente lindo enquanto durasse - quanto duraria? tu também, "Ricardito", tão efêmero sentimentalmente e enjoado e criador de fantasmas paranoicos buuuuu - ou, caso ela acredite, caso ela passe a acreditar, não seria contigo, Ricardito, por que seria contigo? Que tens de mais? Tu que, sendo tradutor ou professor ou o que for, também não terás os recursos para o conforto e a hospitalidade necessários para essa vida conjugal burguesa. Tu que, em casa, encontras apenas o exemplo pragmático de teus pais, que se confortam no desenvolver das tarefas, mas enxerga neles o auge da primavera amorosa como passado, distante do despertar de cada nova manhã e do horizonte futuro. Tu que, mesmo assim, lê, ou melhor, apenas passa os olhos, ignora as dores, os espinhos e os machucados das entrelinhas e aceitaria os termos de uso. Tu que avalia que é melhor existir o amor nessas condições efêmeras que findam logo adiante, em alguma esquina, do que conviver com a inexistência dele. O vazio de não vivê-lo. Pois é, pois é, talvez seja melhor pegar a lupa para esmiuçar a leitura das tais entrelinhas. Elas são perigosas. Alta periculosidade.

Enquanto isso, barcos que se movimentam no fluxo fluvial de algum porto. Não falando agora de amores, mas de livros, obviamente. O fluxo dos livros. Foi-se mais uma leitura e a próxima, o que poderá reservar? Tu, Ricardito (gostou do apelido, sonhador Ricardito?), tu que enfeitas tua existência no rabiscar mais ou menos ordenado das palavras, tu que és pastor delas e não te importas (não muito) que algumas te fujam o controle, porque sabes que faz parte na totalidade do rebanho. Tu que terminas mais um livro da leitura e pensa o que isso pode te ajudar num futuro teu. Num futuro, futuro mesmo, tempo a ser vivido, ou mesmo num futuro livro, quem sabe? Exatamente, Ricardito, quem é que sabe? Quem é que sabe de ti mais do que tu? Quem é que sabe da tua niña mala ou de que qualquer outra que te cruze o caminho? Assim sendo, que venham outros livros. És um influenciado. És uma esponja absorvente dessas narrativas. És um ser que vomita literatura sempre que termina alguma refeição oferecida por ela. Um anoréxico literário. Um viciado. Guardas quase nada em teu corpo, expões muito. Pões para fora. Um insaciado nesse campo difuso e eternamente exploratório, do qual nunca vencerás nem te darás por vencido. E nesse campo viverás, nas limitações e nas infinitudes previstas desse vasto campo.

Um sonhador que agradece aos livros enquanto não te encontras com as travessuras dessa ou daquela menina má.

21 de abril de 2021

A estrada se afasta e se reconecta com o mar e é sempre bonito quando acontece.

Passado e Futuro - ensaio sobre Nomadland

Em um lugar seguro
Por dentro dos muros
Entre quatro paredes
Ou com a sede
De saber do mundo
Estender a rede
Olhar pro céu escuro
Para as estrelas
E sorrir pra elas
Que brilham tão belas
Passado e futuro

15 de abril de 2021

Gostos

Estou aqui com raro lapso de tempo, mas sem assunto. A cabeça incomodada por causa de futebol. Tão 2011, tão atual, dez anos depois. Achei que muita coisa desse naipe passaria a não me atormentar mais, mas vida de torcedor deve ser assim mesmo. Só que uns sofrem mais do que outros, naturalmente, como ocorre em diversos ramos da vida. O futebol é novamente a metáfora maior para equiparar outros problemas. Do contrário eu não teria terminado a faculdade de Jornalismo com TCC que ornamentava situações como essa. O jogo e a vida, lado a lado, correndo e ocorrendo em paralelo.

Antes de aqui iniciar, pensava sobre o quadro de conseguir me expressar às vezes melhor no diminuto número de léxicos que conheço em outro idioma do que na própria língua materna do português. Por conhecer menos palavras, as utilizo o melhor que posso, quase como se fosse uma... uma das mãos, uma das rodadas, como queiram, em um jogo de cartas. Tu jogas com o que tens e segue em frente. Assim componho minhas atividades para o curso superior de espanhol, que tenho feito.

Lembrei ainda sobre o Grêmio, motivo maior da cabeça inchada, inflacionada por outros clubes derrotados na Europa, aqui e acolá, lembrei sobre o Grêmio das ocasiões de sua temporada vencedora - uma das raras que acompanhei. E de fato acompanhei porque estive lá em dois duelos da Libertadores 2017. Nas quartas e na semifinal e foram totalmente distintos. Nas quartas o dia da viagem foi perfeito. A viagem, o velho Hamilton, a pessoa mais engraçada que já vi para excursões, suas piadas repetitivas ou bem boladas de improviso, como um seriado de um homem só. Ele e a plateia. E está feito o Hamilton com suas ideias mirabolantes. Além do velho Hamilton, a promessa que eu tinha de conhecer uma das pessoas mais especiais com as quais tive contato. E deu tudo certo naquela ocasião. Nosso nervosismo pré-jogo, até o meu antes aparente tanto faz caso o Botafogo passasse, deram lugar ao nervosismo de uma torcida crônica, os mais de 15 anos em que me apegava àquele clube. O gol da vitória surgindo no minuto no qual consegui ligar o rádio do celular e sintonizar na partida. A reza do narrador gremista Cristiano Oliveski, como ele pediu - para Deus, para o Orixá, para quem quisermos. E apoiados nisso a bola entrou no exato lance. Tudo conspirava a favor. Por ter sintonizado o jogo no celular, não sei como, mesmo com o estádio ali, tive a informação do gol antes e saí a vibrar antes que a televisão do bar à frente denunciasse. Tudo isso na vila Farrapos, no Humaitá ou seja lá como chamem o bairro em que ora se aporta o Grêmio Porto Alegrense.

O panorama se dividiu bruscamente para o jogo da semifinal. Passados os meses e tê-la conhecida melhor, poderia eu não perceber, embebido na paixão daquele ano, que as estruturas provavelmente já derrapassem entre nós. Na tarde em que adquiri lugar para excursão, tomei um caldo do maior granizo que já presenciei na rua. Achei que o teto dos carros iria ceder danificado e impactado de tantas pedras. O que seriam de nossas cabeças, abaixo dos toldos, devidamente protegidas, se toldos não houvessem? Após esse alarmante episódio, na semana de expectativa enquanto isso, o pensamento estava mais nela do que no jogo, pois os 0x3 conquistados fora de casa na partida de ida traziam a tranquilidade para confirmar a classificação à final. Bom recordar que também o adversário, o equatoriano Barcelona, havia eliminado o Santos na fatídica noite descrita das quartas de final. Naquela noite perfeita. Oh, sim. Mas na semifinal, pelo contrário, tudo passava a piorar quando o ônibus teve um problema no câmbio da marcha e quase não conseguia adentrar nos caminhos de Porto Alegre. Havia sim o registro do desespero. Não sabíamos se seria necessária a troca de veículo para a derradeira viagem de volta. Para aquele dia, combinei com ela de nos encontrarmos. E nos encontramos. Na verdade, antes, não consegui achar um amigo meu pelos entornos abarrotados de gente. Era muita gente, eram muitos ânimos, estávamos todos apreensivos, efusivos e nervosos, como o preceder de qualquer decisão, apesar da larga vantagem no placar. Não encontrei os amigos meus, não tive tempo de combinatória disposição, mas tive meu requisitado tempo com ela. Para o lado de fora, o bar em que assistimos às quartas de final também não estava com a televisão funcionando. Lembro do mesmo bonachão sujeito que bem nos atendeu meses atrás e que dessa vez acabou por lamentar a perda do aparelho televisivo sem sinal e, assim consequentemente, perdeu a clientela para as bebidas e lanches da noite. Santo Expedito o nome do bar. Chamado carinhosamente por um dos frequentadores de Dito. Pois que o Dito não iria transmitir o jogo e parece que os demais bares haviam sumido, evacuado, fugido de órbita. Conseguimos encontrar um local de lanches, meio bar, meio fusão de cada. Piores acomodados do que da outra vez, o novo descaso foi uma bateria completamente desalinhada. Um barulho que tentava impulsionar um clima de jogo para o lado de fora, mas era mais uma perturbação em nossos ouvidos. Sintonizei no rádio pela Rádio Grenal, talvez a primeira a qual consegui sintonia. De nada adiantou sintonizar sinal FM, pois o desempenho do time em campo era arrastado e agoniante. Sofreu o gol e a consequente derrota por 1x0. Dessa vez não havia velho Hamilton no ônibus para nos consolar com suas anedotas. Aliás, tirando minhas impressões individuais, talvez nenhum dos demais borrachos necessitasse realmente de algum consolo. Ora, a equipe tricolor havia passado para a decisão da Copa Libertadores, apesar da derrota na volta. Placar agregado de 3x1. Na saída, aí sim um outro inconveniente se formou logo ao apito final. No meio da rua que corre paralela ao estádio, um dos policiais militares responsáveis, há quem assim defina, pela segurança do local, esvaziou sua lata de spray de pimenta contra o ar, fazendo com que as partículas ferissem alguns transeuntes que comemoravam a tal da classificação. Embebido em álcool, tentei argumentar aos gritos e urros sobre a atitude covarde do oficial de farda. Não me ouviram. Passaram adiante. Se distanciavam. Nenhum colega de serviço dele deteu-o pela atitude acometida, grosseira, canastrona. Criminosa. Os policiais impunes como sempre. Em seguida, se multiplicavam os torcedores nas ruas pela classificação recém adquirida. O spray de pimenta havia se dissipado, mas minha lembrança não. Mais uma memória, desde o absurdo do granizo, o maior que já sofri estando na rua, o câmbio estragado do ônibus que graças a quem quer seja estava consertado e prontificado para voltarmos à nossa cidade, o bar com problema da televisão - pobre Dito, perdeu renda naquela noite, aliás, como devem estar na pandemia? A falta de público; cruel - o desempenho pífio em campo, embrulhado no regulamento pela vantagem adquirida no jogo de ida, segunda derrota na campanha quase perfeita, a batucada que não cessava do primeiro para o segundo tempo, dos que poderíamos declarar inimigos do ritmo, até finalmente o problema de ordem policial contra torcedores causadores de nenhuma infração. Sucessão de desgraças que, salvo me engano, demorei mais a descrever do que as coisas boas.

E assim nos conduzimos muitas vezes. Mais empenhados nas falhas do que nas comemorativas conquistas. Tanto tempo a mais de sofrimento do que ocupados pelas efêmeras glórias que nos povoariam o âmago. Âmago que tão logo se esvazia, como o movimento respiratório, o inspirar e o expirar. Vazios novamente nos encontramos, largados, isolados, depreciados, acometidos, fragilizados, necessitados de um novo horizonte, de um novo porto, de um novo rumo, de uma nova sensação, uma nova chama, uma nova luz, uma nova experiência, um algo a mais para o preenchimento da esteira dos dias e das folhas descartáveis de calendário que lotam basuras. Por ora, como muitas imagens me vem circulando a mente, quase que implorando minha atenção para realizá-las em atos textuais, desempenhei novamente minha função, um pouco a meu bel prazer, e muito a contragosto. Mas é o que se tem. Por ora é isso, até que encontre na faixa de pedestres a próxima inspiração, o tempo de ócio, a vontade ou a necessidade adida para me derramar em confissões e relatos em algum lugar guardados na memória. No retrovisor até algumas vitórias, mas no presente momento, o amargor, o metálico, o cinzento paladar da derrota que acossa a língua.

13 de abril de 2021

Poguear

Vai pogueaaaaar
Ouvindo essa porra
Se não quiser entrar
(Vai levaaaar)
O primeiro soco sem escolha

Vou colecionaaaar
Cabelos brancos
Se cabelos eu ainda tiver
Emprego, salário, vizinhos, preços
E brigado com a minha mulher

E até vá láááá
Há coisas boas
Na solidão em meio às pessoas
Nas capitais: Brasília, São Paulo
Ainda espero aquela de Poa

Vai pogueaaaaar
Ouvindo essa porra
Se não quiser entrar
(Vai levaaaar)
O primeiro soco sem escolha

Vou colecionaaaar
Noites insônias
Problemas surgem sem parcimônia
Tento e viro pra todos os lados
Logo já tenho que estar acordado

Vai pogueaaaaar
Ouvindo essa porra
Se não quiser entrar
(Vai levaaaar)
O primeiro soco sem escolha


7 de abril de 2021

notícia de pouco interesse

notícia de pouco interesse: hoje se vacinou o músico gaúcho Jimi Joe (ninguém conhece)


O Casamento (Valter Hugo Mãe não pode discursar)

me esqueci que havia te pedido
em caaasaaamento
me esqueci o mais importante
nesseeeee moooomeeento

me esqueci que havia sido aceito
em caaasaaamento
me esqueci das coisas boas
só lembro dos tormentos

me esqueci que havia me esquecido
e de novo me lembrei
me esqueci de todos os serviços
e me sentia como um rei

me esqueci dos tempos líquidos
em liquidação
me esqueci que eu era tímido
e te pedi a mão

me esqueci que havia te pedido
em caaasaaamento
me esqueci o mais importante
nesseeeee moooomeeento

te imaginei vestida de branco
subindo no altar
o angolano Valter Hugo Mãe
também estava lá
não pode discursar
não pode discursar
não pode discursaaaar

o que será do amanhã
na lua de mel?
tua presença, minha renascença
não quero quarto no céu
não quero Torre Eiffel
nem Caribe nem Bornéu
nem bordel nem Tenerife
eu só quero o que te disse

me esqueci que havia te pedido
em caaasaaamento
me esqueci o mais importante
nesseeeee moooomeeento

me esqueci que havia sido aceito
em caaasaaamento
me esqueci das coisas boas
só lembro dos tormentos

te imaginei vestida de branco
subindo no altar
o angolano Valter Hugo Mãe
também estava lá
não pode discursar
não pode discursar
não pode discursaaaar