28 de novembro de 2013

Ligações



A vida é feita de ligações. Mais um texto iniciado sem segredos. Ligações pi e sigma, iônicas e covalentes, simples, duplas e triplas. Lógico que o assunto a seguir não é sobre química. Já parou para pensar nos tipos de ligações existentes nessa passagem chamada vida?
Existem aquelas ligações rápidas, metálicas, tipo exame médico do exército. “Como foi a viagem? Tá tudo bem? O que achou da cidade? Legal. Outra hora falamos. Beijabraço.” Existem aquelas ligações preocupadas, comuns mesmo dos pais aos filhos. “Está se alimentando bem? O que está vestindo? Não vai passar frio. Tem tomado cuidado ao sair?”
Alguns números só teclam o seu no dia do seu aniversário, quando acertam a data do ano em que viesse ao mundo. Aquele habitual “meus parabéns”, acompanhado de variações do que o emissor considera e deseja como tudo de bom. Existem ligações que soam naturalmente, sem formalidades, começam sem identificação, apresentam uma troca humorística de ofensas e geralmente geram gargalhadas entre os dois personagens do diálogo.
Ligações a cobrar, com raras exceções, são um porre. Iniciam com aquela demora burocrática, nos dizeres de uma voz robótica. Terminam com o alívio da conversa não ter se estendido e prejudicado mais o bolso, ainda mais quando é interurbana. Antes dos e-mails, confirmação de emprego podia ser pelo telefone. Ânsia e angústia no aguardo da empresa. Apreensão também para quem aguarda notícias de acidentes e acidentados, quando o break news da TV não manda ao ar as respostas das indomáveis perguntas.
Há dias em que esperamos grudados ao telefone e ele não toca. A gente não se toca de que ele não vai tocar. Não vai rolar aquele passeio, o cinema fica para outra sessão e perdesse o prato do dia no restaurante. O telefone nos deixa mais confortáveis do que a oratória ao vivo, e frente a frente, quando se trata de timidez ou vergonha. Os chats pela internet e os SMS garantiram uma distância e uma segurança maior ao que é pensado e não mais falado, mas escrito. Digo teclado, digitado. 
Por essa vida de ligações, forma-se uma teia que serpenteia para nos levar onde nos levou. Muitas ligações ainda virão enquanto andamos na rua, aguardamos alguém em algum lugar, ou mesmo no telefone do serviço. “Serviço de atendimento ao cliente chato, bom dia. Em que posso ajudar?” É, a gentileza ou a falta dela no cliente vai mudar seu dia. Vai mudar sua teia de ligações. Não ateia fogo na teia. Não ateia fogo na aldeia.

22 de novembro de 2013

PONTOS



Eis que em meio ao bate-papo descontraído, na troca de histórias e informações, muitas que entravam por um ouvido e saiam pelo outro, surgiu uma pergunta paralisante:
- E você tem certeza? – Questionaram-o.
Seu sorriso não se desmanchou instantaneamente e ainda balançou a cabeça em afirmação. – Mas claro que tenho!
Começou a remexer os bolsos à procura de alguma. Eram bolsos grandes e as mãos adentravam cada vez mais neles, já com um misto de preocupação inserido juntamente. Alarmante tornou-se o caso quando chegou ao fundo do bolso esquerdo. Em seguida, foi a vez do direito. Uma gota de suor brotou a escorrer na testa, friamente. “Afinal, onde estavam?”
Não poderia perder a compostura nesse constrangedor instante. “Vou tomar mais um gole”, pensou. Inclinou o copo para molhar as palavras que se sucederiam. A angulação foi a maior possível. Nenhuma gota. Nada.
A cadeira havia desaparecido. Não caiu no chão, pois também não estava mais lá. Queda livre e sem paradouro definido, apenas para baixo. Como galhos a quem desce a corredeira de um rio, enxergou exclamações aparecerem aos poucos, logo, aos montes. Tentava com a mão esquerda, tentava com a direita, em vão, aproveitamento de 0 / 22.
As dúvidas então surgiram. Chaves com nomes, mas que nada abrem. Valores de X, Y e outras variáveis. Tudo fugiu, com o perdão do trocadilho, como se pelo buraco da fechadura. A única alternativa para segurar nesse tombo era a que menos esperava: um ponto de interrogação.

20 de novembro de 2013

Três contra Todos

    Três Contra Todos é um livro escrito pelo gaúcho Deco Rodrigues, publicado em 2013, com o lançamento inicial de 1.000 exemplares. O triângulo amoroso que envolve os jovens Lucas, Rafaela e Eduarda é o primeiro livro de autoria de Deco, editor fundador do site cultural e-Cult Pelotas.
    Na própria cidade de Pelotas, onde vive o escritor, ocorrem as passagens de Três Contra Todos. Nos acontecimentos fictícios, Rafaela (24), lésbica, estudante de jornalismo e de origem pobre, trabalha numa gráfica. O designer Lucas (27), víúvo, com um filho pequeno, visita com frequência o local, também ocupado pela advogada Eduarda (32). Nesses encontros, nos quais cada um apenas desenvolvia seus trabalhos, acaba por surgir um nó entre os três, uma vez que Rafaela tinha interesse em Eduarda, esta em Lucas e este em Rafaela. A carência, os problemas familiares, elementos em comum ao trio, inflamam a paixão a ser vivenciada.
    O livro é narrado pelos três personagens principais, com alternância das vozes nos capítulos, de maneira que é possível observar o ponte de vista de ambos sobre a trama. O autor peca na profundidade dos personagens, preço pago pela própria escolha de Deco, que revelou prezar pela simplicidade. Dessa forma, a angústia e as reais dúvidas e desconfianças nos personagens pouco se apresentam em Três Contra Todos, o que enfraquece o drama na obra. A menor sinuosidade nos conflitos faz com que a história flua rapidamente em suas 96 páginas. Apesar das passagens erotizadas em alguns capítulos, o leitor não sente a degustação literária com os personagens.
    Há uma expectativa sobre o possível lançamento de um segundo livro por Deco Rodrigues. O autor contou que desenvolveu Três Contra Todos em cerca de dois meses. Em uma continuação, pode trabalhar melhor com os conflitos mentais dos personagens e aprofundar essa questão.

A Casa dos Gerúndios

A casa dos gerúndios estava sempre funcionando. Todos trabalhando. Todos ajudando. Todos auxiliando. Todos se empenhando. Mas a casa dos gerúndios foi gerando vagabundos. Todos parando. Até a casa deixar de ser a casa dos gerúndios.

12 de novembro de 2013

Caravaggio e Derek Jarman - Resumo para História da Arte Ocidental



    Michelangelo Merisi da Caravaggio nasceu na cidade italiana de Milão, em 29 de setembro de 1571. Foi um dos mais importantes pintores da Itália do final do século XVI e início do XVII.
Aos 5 anos, mudou-se com sua família para a comunidade de Caravaggio. Em 1584, iniciou seu aprendizado com o pintor Simone Peterzano. A primeira grande obra reconhecida de Michelangelo é de 1594: Os Jogadores de Cartas. Durante sua carreira, tratava de temas religiosos, principalmente com os personagens Jesus e Maria. Atribuía realismo em suas obras e buscava o foco no rosto das pessoas. O fundo de suas imagens costumava ser escuro, geralmente preto, o que gerava obscuridade em seus trabalhos.
    Por contrapostos aos traços renascentistas e apresentar força de expressão necessária para novos efeitos, Michelangelo Caravaggio é considerado por muitos como precursor do estilo Barroco. Algumas de suas principais obras são: Tocador de Alaúde (1594), Invocação de São Mateus (1600), Nossa Senhora do Rosário (1607) e Ressurreição de Lázaro (1609). Caravaggio faleceu de febre em 1610 na região de Toscana.
Caravaggio poster.jpg
Cartaz do filme Caravaggio (1986)
     Em 1986, foi lançado um filme inglês com o nome de Caravaggio, que conta a vida do pintor barroco. É de autoria do diretor Michael Derek Elwhorty Jarman, nascido em Northwood, Inglaterra (31 de janeiro de 1942). Em sua filmografia, além de Caravaggio, destaques para Edward II e A Tempestade (baseada na obra de Shakespeare). Colaborou em videoclipes dos grupos musicais Sex Pistols, Pet Shop Boys e The Smiths. Faleceu em 19 de fevereiro de 1994.

9 de novembro de 2013

Copa PERDIGÃO do Brasil

Ironicamente, nessa dos patrocinadores escalarem suas marcas até na nomeação oficial das competições esportivas, temos, em 2013, a edição da Copa PERDIGÃO do Brasil. Eis algumas curiosidades sobre o torneio que está às vésperas de seu término.

- Coritiba, o popular COXA, teve uma eliminação surpresa para o Nacional do Amazonas.

- Quem ajudou a temperar o grupo dos times que viraram churrasco foi o SALGUEIRO, eliminado pelo Internacional.

- Parecia um casamento perfeito entre o nome da Copa e o atacante do Corinthians. Triste fim para Alexandre PATO, vilão dos paulistas ao errar pênalti que decretou eliminação para o Grêmio.

- O galático Cruzeiro achou estar acima desses bichos todos. Só se deu bem no Campeonato Brasileiro.

- Também de Minas Gerais, o Atlético, famoso GALO, só cantou no galinheiro da Libertadores.

- São Paulo, de Paulo Henrique GANSO, joga a Sul-Americana no segundo semestre. Ausência lamentada.

- Remo do Pará, Clube de Regatas Vasco da Gama, e Avaí manjavam de outro elemento e foram por água abaixo.

- Sabe quem realmente ri à toa com esses trocadilhos? Flamengo, o URUBU, que apesar de ter eliminado ASA (de Alagoas) na 3ª fase, segue firme para o VOO rumo ao título.


6 de novembro de 2013

Atrito e Aflito

Atrito e Aflito são irmãos. Andam sempre juntos. Nas aventuras do cotidiano e nas aulas de física.

3 de novembro de 2013

Diferença(s)

A diferença entre o trabalho feito pela 1ª pessoa do singular e o feito pela 1ª pessoa do plural não está só na conjugação verbal.

2 de novembro de 2013

Os Bichos


Os bichos são tão mais evoluídos do que nós. Sabem para onde ir, como as tartarugas que abandonam o interior dos ovos na areia e já rumam ao mar. Enquanto isso, colocamos o GPS no vidro dianteiro, esperando a resposta pelo melhor caminho, com o trânsito mais livre, com o tráfego mais leve.
Eles sabem a época certa para acasalar e reproduzir, enquanto vivemos em meio ao impasse de anticoncepcionais, estabilidade financeira, pessoa certa... Uma bateria de exames para isentar a possibilidade de doenças no par. Talvez, lá pelos 36 ou 37, depois do doutorado, antes da menopausa, pensar em deixar descendentes. Sabem onde achar alimento, enquanto calculamos o aumento da inflação em produtos, acumulamos sacolas de supermercado e reclamamos que o restaurante tal anda abusando nos preços.
A vida deles, seja qual for o ciclo, pode-se dizer que é intensa. Um predador pode encerrar a passagem vital a qualquer momento, em qualquer dia. Leis da natureza. Enquanto isso, somos assombrados e corroídos diariamente por diversos predadores. Entre eles, contas a pagar, os juros do banco, a dificuldade em manter nosso ninho protegido e com estoque de alimento, em manter o status profissional. Sem falar nos predadores armados da nossa própria espécie.
Os bichos sabem a previsão do tempo sem olhar o jornal das 8 ou instalar aplicativo no desktop. Saem sem precisar combinar a roupa. Se for para alguns fins, já nascem as penas do pavão ou a garra desproporcionalmente grande do caranguejo. Eles não compram pela internet e assim não sofrem golpes virtuais, e assim não fazem boletim de ocorrência, e assim não resmungam sobre a demora da Justiça.
Talvez os bichos não sejam tão inteligentes. Como somos muito compartilhadores, permitimos que eles confundam nossos restos de embalagens com o alimento que procuravam. Outro erro nosso.