25 de novembro de 2016

Parece sorte que eu veja tudo tão perto do azul...

A tv na outra quadra estava alguns segundos adiantada. Passei a olhar pra quadra adiante e o pessoal aumentava a euforia. Eu fazia um rápido raciocínio em fração de segundo se era uma construção de chance ou a concretização em tento. Quando voou cerveja tal qual só havia visto em imagens pela Eurocopa, foi a inevitável confirmação, porque somente um gol em uma final justificaria tal desperdício.
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A cidade não estava exatamente pintada com as três cores, mas os arredores da Universidade Católica demonstravam que aquela noite seria de entusiasmo. As camisas se multiplicaram, geralmente em pequenos grupos, que logo seriam uma só sintonia. Fui um dos primeiros nos entornos e o primeiro cliente de fato em um pequeno bar, com duas mesas dentro e mais uma fora. Puxei o primeiro litro na espera de meu amigo xavante.

Ele apareceu de camisa branca e logo o jogo já estaria com aquecimento dos atletas e transmissão em definitivo. Outros gremistas se juntaram pela volta, ocuparam as cadeiras e alguns de pé, de olho na televisão. O bar ao lado cobrava inclusive entrada de open bar, em um preço de 25 reais. Ficamos sem a opção de pequena festa, porque o foco era somente o jogo. Com o apito inicial, notamos que a televisão da quadra seguinte estava adiantada. Os primeiros gritos foram de "UUUUUUUUUUUHH", para dois arremates distantes. Como se participássemos de um programa de auditório, espantávamos o nervosismo e os ataques rivais com o tremular das mãos, pedindo encarecidamente o afastamento da bola das proximidades da meta defendida por Marcelo Grohe. A cada desarme, aplausos e gritos de incentivo. Foram muitos. Desarmes e gritos de incentivo.

Não tardou para o entusiasmo se alastrar, como se no asfalto e calçada sob nossos pés houvesse uma conexão de energia, fluente, elétrica e contagiante. Os gritos aumentaram de tom e chegaram ao êxtase. Busquei no acelerar do raciocínio se era mais uma chance boa de gol ou a confirmação da bola na rede. A cerveja voou sobre as cabeças na quadra seguinte e não demorou para os gritos serem arrancados também frente ao nosso televisor. Maicon acertou passe preciso para entrada de gala de Pedro Rocha. Ele fintou o estabanado marcador Gabriel, que ainda derrapou para enfim visualizar a conclusão da primeira obra de arte: pincelada de Pedro Rocha ainda com desvio nos dedos do inconsolado Victor: 1 a 0 ao Grêmio Porto-Alegrense em pleno estádio do Mineirão, em Belo Horizonte.

Era o Grêmio, era o Grêmio, sim senhor, de volta a uma final de Copa do Brasil, com todo o peso do percurso de anos anteriores. Das primeiras conquistas em década valiosa ao peso do jejum recente, de mais de década. A volta a uma final nacional, a possibilidade do penta e o acendimento dos sentimentos com o placar favorável fora. E era bom o jogo. Pedro Rocha trouxe mais fogo que o antigo diabo Paulo Nunes e perdeu duas chances claras na etapa inicial. Na segunda delas, poderia ter rolado para o lado e o segundo gol seria certo. Ainda não era a vez. Apreensivos no impaciente intervalo, somente um torcedor do bar, o mesmo que derrubou a cadeira algumas vezes na etapa complementar, relembrou a existência e alguma relevância do Internacional e sua briga contra o rebaixamento. Meu desejo era rechaçar qualquer assunto semelhante, pois ali jogava o Grêmio e o Grêmio estava de volta. Sem modificações. Douglas, que tomara uma pancada nos primeiros giros do cronômetro, aguentou firme.

Logo no arrancar do segundo tempo, o replay do primeiro gol pairou à frente de nossos olhos e parecia mais desenhado, mais rebuscado, mais belo e mais decisivo, mais expansivo e intimidador das goelas, sobretudo. Pedro Rocha. Isto mesmo, ele de novo, o gurizão, o jovem de 22 anos, com aparência até de menos, de espinha na testa, de boné aba reta, de matrícula na faculdade de Educação Física em Porto Alegre. Ele, senhoras e senhores, ele colocava seu nome para a história de outra capital brasileira, Belo Horizonte. Tão belo o horizonte de fintas que proporcionou. Acreditou, cavaleiro andante, abridor dos mares, solitário e não intimidado. Todos só puderam olhar o contorno do carnaval de suas chuteiras, reluzentes para ficar cara a cara novamente com Victor e concluir ainda melhor que no primeiro gol. Tirou do alcance, Victor só roçou foi a grama e logo já se levantou para reclamar de seus falhos guardiões. Grêmio 2 a 0 em dois tentos de Pedro Rocha. Espetacular resultado fora de casa, de maneira a vir ser inédita na história da Copa do Brasil de Futebol Masculino, disputada desde a edição ganha pelo tricolor em 1989.

O Grêmio preocupou o semblante, calou vozes, das milhares, mais de 50 mil vozes no atônito Mineirão. Assim, o Grêmio repetia a façanha da semifinal, quando abrira 2 a 0 sobre o Cruzeiro no mesmo estádio, em público de quantidade muito semelhante e coração rival. Os atleticanos buscaram o tímido "Eu Acredito" e ele ficou mais forte. Ficou na expulsão do mesmo Pedro Rocha. O garoto estava para sentir as câimbras, tão cruéis com o herói da noite. Ele esticou a perna como um elástico para capturar dinheiro e capturou a perna adversária, levada ao gramado. Falta na lateral do campo, próxima à área. Ele já tinha o cartão amarelo, que eu desconhecia o fato, pois não vi que havia recebido por tirar a camisa na comemoração do segundo gol. Ele recebeu a segunda tarjeta e, com muitos protestos dos companheiros, sobretudo Maicon e o participativo Douglas, Pedro Rocha acabou expulso. O futebol antes amolecado das pernas alegres e do sorriso estampado, deu lugar a um semblante fechado, às lágrimas que logo brotaram. Talvez tenham molhado à CHAMATIVA CAMISA VERDE de Renato Portaluppi na saída e no cumprimento com abraço ao treinador, que acreditou nele. O choro seguiu no vestiário, pela branca camisa do tricolor, amuleto da sorte na caminhada invicta fora de casa. O cinegrafista o seguiu como se tivesse intimidade e o fosse consolar, mas apenas expôs a imagem para milhões de televisores brasileiros e mundo afora.

Pedro Rocha expulso e Grêmio com um jogador a menos. Contra um Galo sempre forte e buscando novamente ser vingador. Buscando organização e a podendo reencontrar. Com um homem a mais, foi-se ao ataque, pediu pênalti e havia nada. Seguiram-se minutos apreensivos e sufocantes. Eis que o ex-gremista Fábio Santos avança cabeçudo pela banda esquerda do campo e comete uma infração. Era falta na certa, mas o árbitro marca escanteio aos atleticanos. Após os nossos protestos, o silêncio ecoa na rua pelotense Gonçalves Chaves e o Galo é quem canta em Minas Gerais. Gol dos alvinegros em escanteio da esquerda e finalização precisa e quase acrobática de Gabriel, o do escorregão no primeiro gol da noite. Desconto do Galo e 2 a 1 ainda para os gremistas, mais acoados pela desvantagem numérica de combatentes na frente disputada.

Quando já pedíamos o final do jogo, uma escapada passados os 40 e tantos minutos culminou no arremate derradeiro. Pedro Geromel manteve o protagonismo dos Pedros na noite, roubou a bola de Robinho e avançou, puxou a tabela e avançou, trotou com passadas largas e, assim, avançou. Foi sem medo, com coragem, com bravura e personalidade. Com seus belos cabelos encantadores e sedutores de pessoas mais ainda interessadas. Avançou como se a bola fosse sua companheira de estrada, como jóquei e cavalo, como hábil piloto no rali da lateral direita. Em suas passadas espaçadas, conseguiu levantar o olhar e ter certeza de que carimbaria um presente indispensável. Mandou o cartão de natal com assinatura para Everton e o Cebolinha, 12º jogador na caminhada da Copa do Brasil, tornou-se novamente o holofote, chegou rasante, ele e a bola, se cumprimentaram rápido em um chute de bate-pronto e selou o presente aos gremistas com o check-in nas redes do Mineirão. Neste momento, abracei muitos desconhecidos, mais do que abracei conhecidos no recente ano. Alegria, alegria a mi corazón e Grêmio 3 a 1 na vantagem agregada neste jogo maluco. Me dei conta que estava com três metros de altura e parei para elucidar que um desconhecido havia me erguido sobre seus ombros. Não hesitei em gritar para afastar as mais diversas bruxarias que teimavam em nos cercar e pareciam trancafiadas novamente aos porões.

Pedro Rocha, Pedro Rocha e Everton sacudiram as malhas para abrir considerável parcela para trocar a Tele-Sena pela taça. O Grêmio novamente sobrou e sobrevoou o Mineirão. Fez barba, cabelo e bigode, ficou mais charmoso do que Douglas e dividindo os méritos do encaixe da defesa ao ataque. Dos volantes de passes precisos aos atacantes velozes e ao zagueiro que puxou desabalada carreira pelo lado direito para a última das tele-entregas da noite especial. Everton, o Cebolinha terminou com os temperos em uma salada aplicada do Grêmio, com todos os ingredientes e modo de preparo para terminar no gosto glorioso da taça.

Falta, falta o jogo de volta, mas como foi gostoso o sabor da noite. Da inédita chance de um penta na Copa do Brasil. Da inédita abertura de vitória fora de casa ao primeiro visitante. Amplos 3 a 1, mas não há gol qualificado e não se pode sofrer derrota por dois tentos. É preciso muita atenção para, só após a meia-noite que separa quarta de quinta-feira, novembro de dezembro, poder, com permissão, concessão e bençãos dos deuses do futebol, mais humilde do que em outras chegadas, ecoar a mitificação dos cânticos. Poder agradecer por ter passado a tortuosa e longa estrada e fila; e implorar que não acabe o momento máximo para o torcedor gremista, sabendo que o mesmo passar do tempo que nos agoniava, agora pode também nos brindar.

21 de novembro de 2016

Pare, Ser do Parecer

São muitos pontos, claro que são. Um(ns) deles é (são) como vamos lidar com esse jogo na sala de espelhos e outras margens. É sobre meu grau de insatisfação e de insaciabilidade. Creio que muitas causas dos problemas na mente dos jovens estão na forma a que estamos submetidos aos campos de inveja, principalmente nas redes sociais online. As redes sociais são o diferencial, por exemplo, entre nossa geração e a de nossos pais ou avós.

Estamos acompanhando pelas redes sociais, pessoas que caminhavam ao nosso lado, com a mesma idade ou não, e nos ultrapassaram em alguns pontos. As que ficaram para trás ou os pontos em que as que se parecem à frente não são mostrados. O filtro das redes sociais brota SÓ coisas positivas por todos os lados. Dificilmente com exposições negativas sobre os envolvidos. Sabendo dos nossos pontos positivos e negativos em vida, nos parece que a grama do vizinho está sempre mais verde. A inveja se contamina inevitável e nos prorroga períodos ruins. Mais me sinto preso a alguns campos do que realmente em motiva+ação para mudar e seguir meu próprio caminho, por mais distinto de percurso ou objetivo final que o caminho dos demais.

Talvez uma forma de reduzir esse sentimento angustiado em acúmulo seja valorizar mais nossas conquistas. Pode ser as pequenas no dia a dia. Manter-se próximo de pessoas que te querem e te fazem bem em detrimento do tempo passado num mar de conhecidos desconhecidos virtualmente também pode ajudar e muito. Apesar do nome "amigo" na rede social, ainda se contam nos dedos os dignos deste substantivo tão especial.

Dessa forma, devemos contar realmente com eles, os mais próximos, os que mais podemos confiar. Dividirmos e compartimos nossas alegrias diárias e acompanhar felizes por eles também. O ritmo de vida anda muito acelerado, não tenho dúvidas. Ficamos para trás em alguns aspectos, abrimos mão de algumas coisas e tentamos desfrutar de outras. O mundo nos apresenta várias opções, tentações, soluções curtas ou não aprofundadas. É preciso, sobretudo, entender que não se alcançará tudo. Não se abraçará o mundo. É duro. É duro para mim próprio escrever essas últimas linhas, pois não raramente tentei mais do que poderia acompanhar. Seja pelas minhas incapacidades, limites das ocasiões ou as mais diversas incompetências. Porém, não desistamos. Focados, blindados contra outras tentações e na busca das melhores companhias possíveis. Vivamos.

19 de novembro de 2016

Por onde vamos?

"As pessoas se chocam com a performance, mas não com os retrocessos no Brasil", disse um estudante da FURG que mastigou e vomitou um livro da Constituição, afirmando que a mesma não tem apresentado valor, devido às medidas do governo. Alguns dos pontos do momento atual do país.
A grande mídia, na composição dos grandes jornais de televisão e dos principais impressos do país NÃO VAI debater a PEC, outras medidas conservadoras e seus efeitos. Caso vez ou outra venham a fazer, defenderão seus interesses de empresas, acima dos interesses da população. Ok.
As ações contrárias à PEC e contrárias a outras medidas conservadoras precisam ser feitas e precisam conscientizar mais e mais gente. Mais trabalhadores e estudantes. Precisam ser chamativas, caso contrário passam despercebidas. Ok. Ao mesmo tempo, vale a autocrítica de até onde um radicalismo nas ações funciona. Não raramente afastam pessoas que poderiam marchar juntas. Não raramente perdem legitimidade perante olhares de uma considerável parte da população.
O desafio é um equilíbrio. Não raramente o debate sobre o manifestante estar lutando por direitos trabalhistas, direitos que favoreceriam o próprio policiamento que está do lado contrário, em força repressora à manifestação. O policiamento hoje despreparado para lidar com situações, que mais incita tumulto do que contém tumultos. Com salário parcelado no Rio Grande do Sul e em outros locais.
O desafio é o processo complicado de agregar mais gente às causas. Lutar pela quebra de preconceitos e não por seus aumentos. Embora pareça óbvio, há de se repensar como isso está sendo feito. Procurar apoio de classes que temem a greve, pois temem o corte e um desemprego. Mas nesse temor, se submetem a condições cada vez piores de trabalho.
Me chamou a atenção um texto que afirma que hoje os trabalhadores estão trabalhando mais no Século XXI do que na Idade Média. As condições eram piores, eram desumanas? Sim, mas eram períodos menores de trabalho durante o ano, mais tempo de folga e de aproveitar festas como tempos de casamento e aniversários. A produção desenfreada está freando o que temos de mais humano.

15 de novembro de 2016

Histórias de Sangue que não são Contadas

Foi em 14 de novembro de 1844 que houve um extermínio de um batalhão de lanceiros negros no desfecho da guerra dos farrapos. Segue o texto distribuído no Centro de Pelotas. presente no blog RS Insurgente em palavras do Professor de História, Hemerson Ferreira. Na foto, a performance feita por Eduardo Amaro, com objetivo de conscientizar as pessoas sobre as verdades na História. Silenciosamente, vagou pelas ruas do Centro da cidade em memória aos covardemente mortos na guerra.
"Durante a chamada Guerra dos Farrapos no Rio Grande do Sul (1835-45), quando um homem livre era chamado a servir tanto nas forças rebeldes quanto nas imperiais, podia enviar em seu lugar (ou no lugar de um filho seu) um de seus trabalhadores escravizados. Em alguns casos, o alforriavam e alistavam. Também foi prática comum buscar atrair ou tomar cativos das tropas inimigas, trazendo-os para seu lado. O primeiro exército a utilizar negros escravizados como soldados foram os imperiais. Precisando também formar uma infantaria e sobretudo preferindo enviá-los como bucha-de-canhão, morrendo na frente em seu lugar, farrapos também os alistaram: eram os famosos Lanceiros Negros. Ambos, farrapos ou imperiais, prometiam também liberdade aqueles que desertassem das tropas rivais, mudando de lado.
A maioria dos cativos que combateu nesta guerra foi obrigada a fazê-lo diante das condições impostas. Por outro lado, apesar da guerra ser horrível e violenta, era até preferível a vida militar, com seus esporádicos combates, do que as agruras diárias da escravidão. A promessa de liberdade após o fim da luta certamente pode ter influenciado em muito o recrutamento daqueles homens. Uma promessa, aliás e como veremos, jamais cumprida.
Não havia igualdade nas tropas farroupilhas, muito menos democracia racial. Negros e brancos marchavam, comiam, dormiam, lutavam e morriam separadamente. Os oficiais dos combatentes negros eram brancos, e jamais um negro chegou a um posto significante, mesmo que intermediário, de comando. Aos Lanceiros Negros era vedado o uso de espadas e armas de fogo de grande porte. Não lutavam a cavalo, como costumam mostrar nos filmes e mini-séries de TV, mas sim a pé, pois havia o risco de se rebelar ou fugir. Sua arma principal era a grande lança de madeira que lhes deu nome e fama, algumas facas, facões, pequenas garruchas, os pés descalços, a bravura e o anseio pela liberdade prometida."
Foto: Henrique König

Foto: Henrique König

Mais uma da Roleta dos Equilíbrios

É um fenômeno estranho. Boa forma de começar um texto, porque as pessoas gostam de saber sobre fenômenos estranhos. Seja para depois poderem explicar o fenômeno estranho ou até contar para as pessoas que existe o fenômeno estranho que elas desconheciam a existência até então. Enfim, é um curioso estágio de insatisfação ou insaciabilidade.

A faca de dois gumes novamente ataca. Havia algum tempo não aparecia por meus textos, mas os tormentos do dia a dia a trazem de volta. Creio que por muitas vezes mais procuro não atrapalhar as pessoas do que efetivamente ajudar. Isso gera alguns conflitos. Mais uma vez, mais comigo mesmo do que os demais envolvidos. Penso eu.

Mantenho a minha distância segura para não atrapalhar. A motivação da presente escrita é uma espécie de caso específico. É difícil que me sinta à vontade para pagar por um serviço. Mantenho uma desconfiança muito grande sobre ter feito ou não a escolha certa. Se vai ou não ficar como deveria. Pois bem.

Dizia o poeta que "o preço que se paga às vezes é alto demais". E temos aqui duas grandezas. O preço em money, em grana, em cash mesmo. O dinheiro a ser cobrado pelo serviço que estou pagando. A outra grandeza é meu grau espiritual em relação a isso. Como me sinto em satisfação com a aplicação de meu dinheiro.

Tudo isso para dizer que, em serviços, principalmente maiores, que são mais cobrados ($), acabo disponibilizando a grana e esperando pelo resultado. Mas, todavia, há profissionais ou quem se dispõe para a realização do serviço que não os executa da devida forma. Ou de uma forma que eu, pagador, não estou satisfeito.

Dessa maneira, minha inserção seria exigir meus direitos. Ora, estou pagando pelo serviço, quero da forma que me agrade. Não, não, não está bom. Precisamos começar de novo. Mas como cobrar assim de uma pessoa com horários, agendas, ou necessitada da grana? Ou, mesmo que não se encaixe no nesses itens listados, a dificuldade ainda persiste.

Já é um mundo cheio de desgraçamentos. Nada de novo no front com essa afirmação, né? Mas em minha camisa de força fico envolto pela não ampliação dos desgraçamentos. Mais conflitos. Mais discussões. A mim me parece mais fácil lutar pelos direitos coletivos. Uma pessoa ao lado para cobrar por ela. Por mim. Por nós. A mim me parece.

Outro exemplo desse caso é que geralmente somos leigos na área em que procuramos quem faça um serviço. Ou, ao menos supõe-se, o profissional saiba melhor executá-lo, ok? Ok. Mas embora o profissional saiba executar, talvez não saiba exatamente como idealizamos o fim do projeto. Aqui pensa-se construções, comida, fotografias, filmes, etc. As pessoas possuem métodos e opiniões distintas na execução. Desse ou daquele material. Com ou sem aquele tempero. Com ou sem aquela cena na trama.

Será necessário desatar algumas amarras. Querer um pouco mais do meu jeito. Pré-sinto que sim. Mas volta o remoer do sentimento. São tantos conflitos já gerados que busco algum equilíbrio entre gerar mais um e minha satisfação final com a tarefa executada. Mais uma vez, o segredo está nos equilíbrios. Um dinâmico e difícil jogo de encaixes.