25 de abril de 2014

Em 1ª pessoa

É um impasse, uma situação bilateral, uma faca de dois gumes. Entre os breves momentos especiais em que a felicidade ali se fez presente, mesmo tímida. São os melhores momentos às vezes os não tão bem planejados. Sem a criação dominante e perversa da expectativa, tomam forma e nos surpreendem.
Aí, neste impasse, não foi planejada a utilização de câmera para registros, simplesmente aconteceu. O registro fica por conta da, sujeita a alterações futuras, memória. Outros momentos são estrategicamente desenhados como plantas de prédios, mas não se concretizam. A câmera estava ali para registrá-los para, sem mudanças, tentar reproduzi-los através da foto. Mas, no X da questão, os momentos não ocorreram como o ferronho plano. Ou, por outro lado, aconteceram, mas estavas ocupado demais pensando em como registrá-lo para resgatar no futuro, e não te preocupaste em vivenciá-lo em tempo real. Gente que tira fotos demais em um show, mas não acompanha de corpo e alma, a letra e a melodia da música tocada, porque o dedo e o cérebro estão dando atenção ao gatilho da câmera fotográfica.
Voltamos a temas como as fronteiras sutis, entre um simples registro, talvez de uma foto, o suficiente como lembrança, ou o pecar pelo exagero: fotos demais que te ocuparam no tão sonhado momento. Seja o evento que for, não deixe de vivenciá-lo, primeiramente, em primeiro plano, teus olhos e demais sentidos como os registradores principais de cada cena. A câmera só capta o que a câmera vê, todos os outros % são contigo.

22 de abril de 2014

12 anos e meio

- Aí gata, quer dar um nome pro meu cachorro?
- Ai, eu quero hihihi... mas eu nunca o vi, como posso dar um nome?
- Tudo bem, eu te mostro ele antes =)

- Aí gata, quer dar um nome pro meu pênis?
- HÃÃÃÃ?!? QUE ISSO!?! QUE NOJO!!!!
- Tá, calma, posso te mostrar primeiro. Fica com ele o tempo que quiser ;)

20 de abril de 2014

Deserta

Desertar, de certa forma, seria bom
Despertar no silêncio um novo som

A vida é

A vida é um vinho barato com comida de microondas.

A vida é um mata moscas elétrico descarregado.

A vida é uma lixeira de banheiro com pedal quebrado.

A vida é o bombom duro de amendoim que ninguém da casa quis e que tu dá graça a Deus quando uma visita acaba com ele.

A vida é o vai e vem dos vendedores de vale transporte.

A vida é pegar o ônibus vazio pra pagar conta em lotérica cheia.

A vida é o álcool gel ignorado na portaria dos prédios públicos.

A vida é uma mesa de sinuca com caída, pano rasgado e que a gaveta tranca.

A vida é encaçapar a bola 8 na 3ª tacada.

A vida é a música praiana do Armandinho enquanto o sol castiga o calçamento em paralelepípedo da rua XV de Novembro, sem árvores à vista.

A vida é não completar o álbum pela ausência de 12 figurinhas.

A vida é o cachorro da vizinha que não se acostuma com a tua passagem quase que diária pela calçada.

A vida é um barco em que tu e outras 44 pessoas estão marcadas numa publicação sobre perda de peso.

A vida é tropeçar no peso recheado de areia que calça a porta.

A vida é o garoto que enxuga o suor dos atletas sobre os parquês quando autorizado pelo árbitro.

A vida é a expulsão aos 41 do segundo tempo de um escalado teu no Cartola.

A vida é o spoiller da 3ª temporada da série que gastasse horas baixando episódios e dormindo tarde pra encontrar tempo para assistir regularmente.

A vida é o telecine touch às 2:30 da manhã.

A vida é um pornô tailandês de baixa resolução.

A vida é a tv da rodoviária exibindo seriado dublado.

A vida é um refrigerante Biri quente e sem gás no fundo da mochila.

A vida. À vida. Há vida.

18 de abril de 2014

Tempo Dura, Tempo Duro

Nessa rede de fios emaranhados
Nesses quadros na parede ali ao lado
O que é passado?
O que é herança?
O que se espera
Com esperança?

Perambulam ambulantes
Desalmados desarmados
O mundo grita urgente
Surdos e mudos doentes
Não enxergam os vultos
Não escutam os insultos

Quanto tempo dura
Um halls? Um show?
O caos? Um voo?
Um gol? O mal?
Quanto tempo dura um tchau?
Quanto dura o rock and roll?

14 de abril de 2014

Não sou culpado

Não sou culpado por ter nascido
Por meu nome ou por meu nariz
Sinto muito por quase ter sido
Tudo aquilo que você sempre quis

Não quero te fazer andar em círculos
Nem quero preencher seus requisitos ridículos
Há muitos poréns, há muitos detalhes
Melhor cortar o vínculo antes que se espalhe


9 de abril de 2014

Detetive

Jogo a isca
Você vem a nadar
Deixo a pista
Você vem me procurar

Não me belisca
Continuo a sonhar
Você me revista
Mas nada vai encontrar

Deixo a pista
Você vem de detetive
Sabe pra onde fui
E onde estive