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07/01/2025

Delírios de Grandeza

Desculpe meus delírios de grandeza

São minha natureza 

(Mas que beleza!)


Tapete vermelho estendido 

Castelo e toda realeza

(Mas que beleza!)


É claro que vão vir os convidados

Mas com certeza 

Os súditos, bobos da corte

Os plebeus e a pobreza

(Mas que beleza!)


Eles vão me aplaudir 

Me olharem da sacada 

Acenar e dizer nada

(Mas que beleza!)


Mas se eu quisesse discursar

Todos me escutariam

Falar durante horas

Conhecimentos e destrezas 

(Mas que beleza!)


Desculpe meus delírios de grandeza

São minha natureza 

(Mas que beleza!)


Os maiores peixes eu pesquei 

Os canais e mares eu nadei

Durante minutos, quase horas

Mergulhei

Dos oceanos eu sou rei

(Mas que beleza!)


Netuno é um que me inveja

Sobrenatural sobre a lei da natureza

Ganho no xadrez até o cuspe à distância 

E nunca perdi uma única dança

Ganho dos adultos desde criança


E com a idade só me vem experiência

Longe da decadência ou de qualquer demência

Cada vez mais eu trago a eficiência 

Nos arremessos, na cozinha, nas finanças

Domino seja na força ou na sutileza

(Mas que beleza!)


Perdoe meus delírios de grandeza

Eu fui caçar e me tornei a presa

(Mas que beleza!)


13/03/2024

Capitã Morte

Estás, meu amigo, em pleno esconderijo

Mantém teu segredo assim forte e rijo

Não temas a morte!

Que ela é tema de azar... ou de sorte

Há quem dela escape e por aí viva

Quem bem pilote e deixa nada à deriva

E de bem pilotado é capturado 

A quem caia na rede desse bote

Há enganos e há trotes

Ao final, impiedosa capitã das mortes

24/02/2022

Posso ir mais longe

Agora eu volto

Por onde eu vim

Capaz que eu fique tonto 

Olhando minha sombra

Távola não é redonda

Nas fábulas

As maçãs comem anacondas


Agora eu volto

Por onde eu vim

Capaz que eu fique tonto

Vendo minha própria sombra

Posso ir mais longe

Que as sondas lunares

Bombas nucleares 

Conversas de bares

Incidente em Antares 

Gabriel García, o Márquez

O mais alto dos andares

O nomadismo e os lares

Posso ir 

A muitos lugares


As ondas do mar

Fazem a mente viajar

Por aí pelos ares

A te conectares 

A se conectar 

16/02/2022

As águas vivas

As águas vivas

Elas são nativas

Do oceaaaanooo

Nós é que não sooomos

Nós é que não sooomos


Caminhar pelo mar

Sempre me deixa desperto

Caminhar pelo mar

O mar sempre inquieto

Caminhar pelo mar

O mar sempre incerto

O mar sempre certo

O mar sempre discreto

Se não prestamo atenção

No volume de água

Naquela imensidão

Naquela e mansidão


As águas vivas

Elas são olgivas

Que nadam graciosas

Que nadam bem altivas

Transparentes e rosas

Pelos fundos do mar

Criaturas esquivas

Tentáculos, ventosas

E as belas águas vivas

E as belas águas vivas



26/01/2022

A vista pro mar

A vista pro mar

Cheguei a não gostar

Pela exclusividade a mim


A vista pro mar

Queria que mais gente a tivesse

Mas isso já me adverte

O Brasil é desigual


A vista pro mar

Onda a onda é a mesma

Mas o Brasil nessa pobreza

Heranças de Portugal

Pela forma de cultura

Regime da escravatura 

Onde foram nos levar...


A vista pro oceano

Sonhei isso muitos anos

Aqui todo esse verão 

Finalmente aqui e então 

Liberdade e solidão


A inflação sobe pelas paredes

Tem a fome, tem a sede 

Que água salgada não cura

A loucura de costas para o mar

Onde o asfalto é quente

O vento não circula 


A vista pro mar

Cheguei a não gostar

Pela exclusividade a mim

A temperatura 

Em uma amenidade

Privilégio da cidade

No janeiro em pleno fim


A vista pro mar

Se estende na minha frente

Quem me olha não entende

Como pude não gostar

Mas a vista pro mar

É tamanho privilégio 

Será o melhor dos tédios

O melhor pra observar

A vista pro mar

Pela frente desse prédio

Com nada de intermédio 

Entre o mar e meu olhar

Eu queria te mostrar 


20/01/2022

Samba triste ou MPB?

A propaganda nos invade 

Como o lixo invade os mares

Como o lixo invade os mares

A propaganda nos invade

Invasivo

Ministério de Damares

Ministério de Damares


A multa da imobiliária

É quase o valor

Dos meses que faltam

O capitalismo

Jogando de presa em alta

Jogando de presa em alta

O primeiro drible é feito

Nos desarmam e não tem falta

Desarmam e não tem falta

O juiz é companheiro

Dessa turma falcatrua

Roubam tanto quanto é dia

Quanto sob a luz da lua

06/01/2020

capitães e marujos

subindo em barcas
com sons de naufrágio
não adianta ser ágil
se não souber onde pisar

(não quero pisar em alguém)

pisar pelas cascas
escorregadia de banana
frágil é a de ovo
a gente tenta e se engana
se engana e se engana
de novo

subindo em barcos
mais uns passos nesse estágio
trajetórias que formam arcos
indesejáveis
invejáveis
de longe
e de perto na pele
indesejáveis

pisar pelos cascos
nos ascos desses navios
o pavio em contato
o barco todo por um fio
explosões
bombas colocadas
nos porões
trombas d'água
tempestades e clarões
que cegam
que recolham as velas
e deixem passar as chuvas
que extraiam dela
as lições
dessas águas turvas
desse céu escuro
antes dos paredões
e muros
no futuro serem um céu
de aquarela

vão passar
as ordens dos capitães
cujos papagaios até fugiram
capitães de leilões
com marujos desprotegidos
e inseguros
justos inimigos desses capitães
sem os pães de cada dia
sem os pagos, com atrasos
e sem juros
atrasam salários
salafrários e são duros
nas ordens que lhes convém
e os marujos
sobre as palavras e o chão
tão sujos
a improvisar palavrões
e impropérios apropriados
contra os capitães desgraçados
moídos como guisados
nos motins mentais
sob o sol, sobre os sais
daquela água marítima
e que ritma para lá e pra cá
até o ancoradouro dos cais
esses abatedouros mortais
que um dia
um dia menos navios
de castro alves
mais gente a salvo
mais gente com a chave
menos gente alvo
e o alvejante sob o sol ardente
os capitães na prancha
até ficar rente
se não com a vingança
ao menos com a justiça