Bando à Parte é mais um filme de Jean Luc Godard lançado em 1964, em uma fase muito trabalhadora do então jovem diretor francês. A cinematografia é assinada pelo camarada Raoul Coutard. Bando à Parte conta a história de um trio. São dois jovens trambiqueiros que tentam convencer uma simples moça, trabalhadora e estudante, a roubar o alto dinheiro de seus patrões, com os quais ela mora; e depois zarparem, fugirem, caírem fora.
Odile está apaixonada por Franz, um dos capangas, que, juntamente com Arthur, quer arquitetar o audacioso golpe. Franz e Odile (Anna Karina) se conheceram em aulas de inglês. Godard debocha do ensino da língua estrangeira, sobre a metodologia das aulas e o comportamento infantil dos estudantes, mesmo todos eles sendo adultos. Flertes e bobajadas acontecem durante a aula. Nos intervalos, Franz investe sobre Odile e Arthur aparece para compor o trio em busca do grande assalto.
É um filme que satiriza as técnicas de Hollywood, as histórias de grandes grupos, gangues e roubos. A técnica narrativa de Godard é cômica, chegando a propor um minuto de silêncio no meio do filme, quando o trio de reúne em um bar, e também uma pausa bem humorada para dança, avançando o tempo do filme.
O satírico também está nos personagens, com Odile muito inocente e pueril, tomando rumo e convencida a participar do roubo apenas com muita técnica e crueldade dos demais rapazes. Os patrões da jovem também são satirizados de modo que a Madame Victoria e o senhor que guardavam o almejado dinheiro seriam queixos elevados, sendo ele um sonegador de impostos, segundo Odile. O fato de ser um sonegador dificultaria que o patrão abrisse caso com a polícia para reaver a quantia do roubo.
Godard propõe uma reflexão na imagem que ilustra este capítulo em resenha, uma vez que debocha de uma possível queda de importância do idioma inglês, o que até passa a acontecer na modernidade com a ascensão da economia e da relevância da China e do Mandarim pelo mundo. Por que estudar inglês e não mandarim? O diretor sempre abria espaços no roteiro para inserções de sua preferência política e críticas à sociedade burguesa europeia. A história de Bando à Parte é uma história de safadeza, mas também um conflito de classes, de gerações. A história do planejamento e da execução final de um roubo repleto de momentos de tensão e comicidade. Não é um dos meus favoritos da vasta obra de Jean Luc, mas fica o registro da ficha de leitura a respeito desse filme de 1964, este realizado ainda em preto e branco.
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