como um filme de terror se defronta a vida
como se a vinda aqui nada valesse
como se brinda a vida em um fim desses?
como se ainda motivo aparecesse
tento escrever agora altivo
de dentro para fora ou de fora para dentro:
qual motivo?
que me leva a vir aqui sedento
não me dou por vencido facilmente
mas basta ser algo que eu o queira
já não quero muita coisa, realmente
e quando quero muitas vezes é besteira
quero mesmo é prosseguir por esse rio
caudaloso é o destino do poema
que acena a uma aventura e outras mil
pelo fio da criação não há problema
o verbo querer é tão presente
tão presente mas também em outros tempos
muitas vezes eu gritei com todo aumento
eu queria e eu queria aos quatro ventos
aos quatro cantos ou quantos eles fossem
será que eu queria o sabor tão desejado?
por exemplo fosse ele algodão doce
é provável da minha parte rejeitado
outros jeitos, outros queijos tentativa
preocupante é o estado da gengiva
sangra fácil anunciando corrosiva
a erosiva relação com a saúde
ataúde é uma palavra só lembrada
pelas últimas andanças dessa estrada
pode ver como rima mas se opõe
ao estado de saúde - sol se põe
lamurento posso enfim ficar
no cerrar desses versos, no cessar
lamacento nas encostas desse rio
para dentro dos cardumes juvenil
como um peixe se desvencilha das amarras
pelo trânsito para longe das mortalhas
escorrega jovial pelo cardume
enquanto jogam pescadores uni duni
à espreita tanta coisa se é feita
na tentativa de pausar esse peixe
santa ceia , santa é a semana
que engana os destinos desse feixe
mas melhor por aqui se despedir
antes que nosso herói seja pescado
pela boca morra pela isca
ou pela rede a debater-se acompanhado
quem não acompanha agora nada
não entende o prazer das nadadeiras
em sincronia a mover-se à correnteza
gentileza pelas forças dessa água
e o peixe vai contente ou apenas vai
desovar adiante outros canais
pelas ovas que perpetuam a espécie
que iludem perfeição - até parece
a natureza nisso se renova
no processo geracional desses peixes
que no cardume se somam formando feixe
misturando uns e outros muitas ovas
e assim nosso rio poema se povoa
tanto faz agora se queres lagoa
ou abertura para o mar formar laguna
das espumas dessa água nada muda
quanto ao peixe nosso descrito tão querido
permanece a nadar assim sortido
sol se vai e depois retorna a pino
e nosso peixe segue só por seu destino
criatura natureza assim tão besta
criticarão o animal ao final desta
se não desta talvez em outra frase
pois sua vida não se encontra assim oasis
ou quase, ou quase...
nosso peixe sai da água assim mergulha
quando volta após passar pela secura
se reúne a outros peixes na tertúlia
e se esconde ao mergulhar em água escura
reaparece o peixe esse em água pura
cristalino limpo e vulnerável
ao voo coordenado da gaivota
mete o bico pega o peixe pelas costas
morre assim o nosso peixe idiota
não se preocupa
lembra a ova?
essa choca
e poema assim a ninguém machuca
mas ao final: a quantos choca?
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