21/08/2021

poema do peixe

como um filme de terror se defronta a vida

como se a vinda aqui nada valesse

como se brinda a vida em um fim desses?

como se ainda motivo aparecesse


tento escrever agora altivo

de dentro para fora ou de fora para dentro:

qual motivo?

que me leva a vir aqui sedento


não me dou por vencido facilmente

mas basta ser algo que eu o queira 

já não quero muita coisa, realmente 

e quando quero muitas vezes é besteira


quero mesmo é prosseguir por esse rio 

caudaloso é o destino do poema

que acena a uma aventura e outras mil 

pelo fio da criação não há problema


o verbo querer é tão presente

tão presente mas também em outros tempos

muitas vezes eu gritei com todo aumento

eu queria e eu queria aos quatro ventos


aos quatro cantos ou quantos eles fossem

será que eu queria o sabor tão desejado?

por exemplo fosse ele algodão doce

é provável da minha parte rejeitado


outros jeitos, outros queijos tentativa

preocupante é o estado da gengiva

sangra fácil anunciando corrosiva

a erosiva relação com a saúde 


ataúde é uma palavra só lembrada

pelas últimas andanças dessa estrada

pode ver como rima mas se opõe 

ao estado de saúde - sol se põe


lamurento posso enfim ficar

no cerrar desses versos, no cessar

lamacento nas encostas desse rio 

para dentro dos cardumes juvenil


como um peixe se desvencilha das amarras

pelo trânsito para longe das mortalhas 

escorrega jovial pelo cardume 

enquanto jogam pescadores uni duni 


à espreita tanta coisa se é feita

na tentativa de pausar esse peixe 

santa ceia , santa é a semana

que engana os destinos desse feixe


mas melhor por aqui se despedir

antes que nosso herói seja pescado

pela boca morra pela isca

ou pela rede a debater-se acompanhado


quem não acompanha agora nada

não entende o prazer das nadadeiras

em sincronia a mover-se à correnteza

gentileza pelas forças dessa água


e o peixe vai contente ou apenas vai 

desovar adiante outros canais

pelas ovas que perpetuam a espécie 

que iludem perfeição - até parece 


a natureza nisso se renova

no processo geracional desses peixes

que no cardume se somam formando feixe

misturando uns e outros muitas ovas


e assim nosso rio poema se povoa 

tanto faz agora se queres lagoa

ou abertura para o mar formar laguna

das espumas dessa água nada muda


quanto ao peixe nosso descrito tão querido

permanece a nadar assim sortido

sol se vai e depois retorna a pino 

e nosso peixe segue só por seu destino


criatura natureza assim tão besta 

criticarão o animal ao final desta

se não desta talvez em outra frase

pois sua vida não se encontra assim oasis 


ou quase, ou quase...


nosso peixe sai da água assim mergulha 

quando volta após passar pela secura

se reúne a outros peixes na tertúlia 

e se esconde ao mergulhar em água escura


reaparece o peixe esse em água pura

cristalino limpo e vulnerável 

ao voo coordenado da gaivota

mete o bico pega o peixe pelas costas


morre assim o nosso peixe idiota

não se preocupa 

lembra a ova?

essa choca 


e poema assim a ninguém machuca 

mas ao final: a quantos choca?

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