sen ti men tal men te
minha vida é mais tocante
que o tampo
que o tanto
de qualquer estante
Caramba, não aguento mais acordar cedo! - disse da primeira vez que acordou cedo
de um sonho que sonhava acordado
Comecei olhando para ti. E continuei querendo olharmos juntos. Quero que nossos sentidos tenham o mesmo sentido. Findo, como é tudo, mas indo. Como é lindo.
O pôr do sol sempre é gerúndio
Com as cores que os índios pintam
Filtros de instagram imitam
Enquanto alguém pita
Cacete, onde vão parar as fitas?
Bebidas doce-amargas em taça, meia-luz que geralmente me conecta, mas que dessa vez me cega. Música clássica que não sei identificar. Me sinto totalmente desconfortável, mas ainda me atraio como um inseto às lâmpadas. Labaredas, roupas, chamas, sedas. Cedas. Brasas.
Para mim, não rir de si mesmo é o escárnio, a involução, a falta de humor do ser humano. Rir de si mesmo é uma virtude humana sobre as obras da natureza. É a concepção da graça, a divisão mor perante a sociedade. É não levar a vida tão a sério. É oportunizar o banquete do riso alheio em divisória.
Não rir de si mesmo é se colocar em um local de privilégio inexistente. É psicopatia. É achar que a fanfarronice sempre virá de outro. É ao mesmo tempo se colocar em um pedestal e se diminuir na obtenção de graça. Somos produtores de nosso próprio humor e o dividimos. Acolhemos.
O bom senso é o senso de humor, é ver-se no espelho e aceitar o que deve ser aceito - que não se aceite tantos outros aspectos se não os queira. Liberdade.
Mas rir de si mesmo é importância absoluta. É antecipar o chiste, a piada. É ataque e defesa. É proteção e são boas energias. São vibrações necessárias ao equilíbrio universal. E se não o são é porque estou inventando para deliberar mais vantagens. Delírios líricos.
Às vezes se pode perder a pessoa e não a piada. Espero muito da piada. Das pessoas espero muito pouco, que perdoem minha descrença. A piada virá em sua direção inevitavelmente, muitas vezes é possível antecipá-la. Escudo e molde. Projetar a forma. Riso controlado. Ou descontrolado.
Não sei se o humor é o melhor remédio como projeta o dito popular. Mas me falta opção melhor para contrariar a hipótese e finalizar esse texto. O humor ao menos é vitamina, é a D que o sol oferece, é sangue pelas veias, é uma fonte inesgotável que deve ser bem utilizada. Refrescar-se.
Nós desgraçados da arte que escrevemos, descrevemos, relatamos tudo e todos os defeitos e virtudes como se não fôssemos nós mesmos compostos pelas mais graves sequelas. Relatamos da forma como queremos como se fôssemos perfeitos, nós mesmos os mais preenchidos de chagas, caolhos, vesgos, corcundas, deprimidos, ansiosos, deficitários, endividados, desprovidos da matemática, incapazes da baliza, míopes, línguas presas, cafonas, cornos, roedores de unhas, alcoólatras, tabaqueiros, controlados por remédios. Sedentos.
Queria congelar o seu sorriso
(Obturador, luz e ISO)
Tanto melhor se não fosse preciso
Vê-lo abrir-se sempre ao meu redor
Sorriso, luz, estrela, sol
Nada faz ficar melhor
Queria contar contigo só
Só contigo e já está tudo pró
Queria chaves ao paraíso
Aves gorjeiam sem prejuízo
Naves amarelas, submarinos
And the band begins to play
Queria congelar o teu sorriso
Na minha mente é como um delírio
Olhos, direção, colírio
Mejor producción de contenido
Aves gorjeiam num aviso
Queria congelar o teu sorriso
Um prazer indescritível
Perdi as chaves
É o abismo
(Ao som de Thank You do The Calling)
Será possível clonar espírito?
Precisaria de um amigo
Evitaria muitos ritos
Minha confiança é meu cupido
Não existe justiça
Meu castiçal
Não não não - disse pra nau
O inferno também é tropical
A brisa judicial
Uma premissa antes do final
A baliza da justiça
Derrubaram os pau
A justiça nos estaciona muito mal
Vamos continuar
Em movimento afinal
Afinação, a fina ação
De viver
Minuano sopra
Só pra mais um ano
O bem querer
Minuano sopra
Só pra contrariar
A franja, os planos
Os frangalhos
De ano pra juntar
Pedras Altas
Pontas soltas
Tantas voltas
Vida louca
E a falta em qualquer lugar
Pampa, Pampa
Tempo ao tempo
Ampulheta
Alguém me prometa
Tampa ao vazamento
Castelos, elos
Feitos de cartas
Casta, casta
Frágeis vidraças
Tudo passa
Quando você for passar
Pedras Altas
Duas horas
Nossa senhora
Dos segundos
Vasto mundo
E a falta em qualquer lugar
Castelos, elos
Miríades, threads
Do que é belo
Trela sela
O selo do manifesto
A vontade de recomeçar
Pedras Altas
Espera! hace falta
Quando alce asas
Casa pode ser
Onde você está
Espera! hace falta
Seu olhar para onde eu olhar
Espera! hace falta
Pauta pode ser
O que quiser
Quiçá...
O que é delírio
E o que sou eu?
O que me sobrou
No brio do breu?
Só existe o que aconteceu
O que é equívoco
O que é meu?
Qual o vínculo
Nos acometeu?
Só existe o que aconteceu
O que é dito, ou silenciado
Silêncio meu
Misérias, férias, feriados ateus
Suspendido o tribunal do eu
Melancolia é resistência
Em tempos reduzidos pela ciência
Fantasias, trapezistas
Travessia da existência
Na colmeia das ideias
Sobrevive o mel
Bel-prazer
Ao seu dispor
Ao redor
Do ser
Na colmeia das ideias
Sobrevive o mel
Se eu precisasse de outro ciclone biguá
Para te encontrar
Teria que me desculpar
Com quem por onde ele passar
Ah
Queira me desculpar
Não há clone
Para o ciclone de você chegar
1001 versos são tão pouco
Para o que eu posso demonstrar
E todo meu repouso ouso dizer
Que envelhece como um maracujá
Onde eu posso
Fugir desse poço?
Onde eu posso
Te encontrar?
Outro sorriso, outro esboço
Outro par de outros olhos
Não removo, não renovo
O que escolho
E o consolo é tolo
Como a espera do voo do biguá
Talvez tenham percebido que seguidamente escrevo meus textos em tom de pedido de desculpas. E não é por acaso ou falsa intenção: roubar tempo das pessoas é das piores coisas; coisa essa que pode ser o que fazemos ao escrevermos para alguém se dedicar à leitura. Roubar tempo.
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Pretendo roubar tempo de ninguém. Sempre gostaria de somar na vida das pessoas, nem que seja com esses textos pequenos ou com conversas de cinco minutos na rua. Se errei anteriormente, roubando tempo de quem se sinta lesada, gostaria que se aceitasse a permanente intenção de que procuro melhorar para os próximos tempos.
Melhorar com o tempo, e não roubá-lo.
Eu só queria a mala
Que eu perdi no ônibus
Eu só queria a mala
E a vitória da Kamala Harris
Eu só queria a mala
E um hat trick de Mohamed Salah
Eu só queria a mala
Portela em primeiro, abre-alas
Eu só queria a mala
E alguma banda melhor que o Defalla
Eu só queria a mala
O Falamansa entra nessa escala
Eu só queria a mala
Que eu esqueci no ônibus
Eu só queria a mala
Fala, fala sobre ela
Eu só queria a mala
Com a cor que o coração sente falta
Eu só queria a mala
Na esteira interceptada
Retida no aeroporto
Se pode fazer mais nada
É conviver com esse desgosto
Eu só queria a mala
Eu só queria a mala
Nada de outras parafernálias
Podem ser roubadas pela máfia
Eu só queria a mala
Entre as almofadas da sua sala
Eu só queria a mala
No sofá bem deitada
Eu só queria a mala
Funcionário nenhum me cala
Curativo nenhum é tala
Para esse coração que
Só queria a mala
Perdida, minha perdição
Nem me fala
Queria um pouco de loucura
E um pouco de carinho
Um pouco de aventura
Mas nem sempre sozinho
Queria um pouco de loucura
E um pouco de carinho
Loucura se atura
Carinho é como vinho
Queria um pouco para não reclamar
Tempos ele queria congelar
Lamentou os tempos que só passou
O sol prometia voltar
Queria um pouco de cura
A doença sabia que ia voltar
Queria o pouco que lhe cabe
Nem era muito antes de matar
Queria um pouco que chamavam verão
E um inverno para se fechar
Queria um pouco de saúde
E mais de uma forma de se estragar
Solo saber que algo sientes
Solo poner canciones absorbentes
Así ya me siento gente
Y la gente me puede existir
Los caminos de la vida
Que ya no me dejan elegir
Así que es así
Así que es así
Las canciones absorvidas
Son lo que viví
Así que es así
Así que es así
Solo saber que algo sientes
Solo poner canciones absorbentes
Así ya me siento gente
Y la gente me puede existir
Los caminos herbicidas
Y yo solo con mis flores
Son las piedras, son la vida
Y yo con mis dolores
Solo saber que algo sientes
Solo poner canciones absorbentes
Así ya me siento gente
Y la gente me puede existir
Toda a arrogância dos hoje protegidos pelo tempo será castigada. O tempo deixa todos na mão. Galho passageiro que sustenta o corpo e o impede de afundar nas correntezas do rio. Toda a arrogância dos hoje protegidos pelo tempo será castigada.
Viaje por minhas imperfeições
São tantas, mas não faça menções
Nem honrosas, nem rosas
Pelos colchões
Viajo pelas lições de sua vida
Comprimidos muito melhores
Que aspirinas
Viajo, nado nada sincronizado
Espasmos
Viajo
Por trás das lentes, das cortinas
Viaje por minhas imperfeições
Estou quase acabado
Minha versão final
Corpo quase abandonado
Viaje por quem bate o ponto
Todo dia sem desconto
E já nem sabe nem porquê
Um buquê de flores se esfarela
Se ninguém compra elas
Para onde vai?
A comida do mercado
Com o prazo encerrado
Encerrada pelas grades
E as cortinas das cidades
Melodias do metal
Viaje pelas minhas imperfeições
Sou assunto, sou ações
Sou um mundo de questões
Nada superficiais
Ai ai ai
Why?
O tempo passa mais rápido. Estamos ocupados. Há mais repetição e menos euforia que a novidade causaria.
Um dia você vai fazer uma coisa pela última vez em sua vida. E não saberá.
Mas também um dia você vai fazer uma coisa pela última vez em sua vida. E saberá. E doerá tanto quanto.
Mas um dia você vai fazer uma coisa pela última vez em sua vida. E será um alívio, pois não queria mais.
Diferentes perspectivas.
Eu tentei ser jovem
Tentei ser normal
Tentei ser igual
Tentei ser refém
Da indústria cultural
Eu tentei tomar
O mesmo trem
Tentei tomar
O mesmo tempo
Tentei tomar
O meu lugar
Eu tentei
Tentei
Sei que tentei
Poderia ter tentado mais
Agora já não sei
Será que tanto faz
Eu tentei ser jovem
Tentei ser do bem
Tentei tantos tambéns
Tentei seguir umas leis
Tentei outros lay
out... out of season
Tentei igual Sísifo
Tentei, eu sei
Sei que tentei
Eu tentei
Você tentou
O padre dos balão tentou
Versinho não tem tradução
No máximo uma outra versão
Deixei um versinho verdinho
Na minha plantação
Se ele madura
Não dura
Um versinho verdinho
Na minha plantação
Ou não
Era nada
Nem limão
Nem limonada
Nem limousine
Nem coisa que se assine
Memórias são frágeis fragmentos flagrados
E quando deflagrados já se perdem
Memórias são frágeis flashs
Flesh for fantasy
Memórias são fósforo
Mas também outros elementos
Periodicamente aparecem
Memórias são
O que era
Memórias sãotificam
Memórias tipificam as coisas
Memórias larvas, moscas
Memórias lavam a alma
Das moças
Com lágrimas
E coisas toscas
Memórias, filtro
E coisas foscas
Memórias filhas
De cosa nostra
Memórias nosferata
Memória errata, vampira
Memórias artifícios
Artificiais
Memórias: arte ou ofício?
Extra-oficiais
Memórias orifício
Memórias sem fisco
Nem aduana
Memórias muquiranas
Risco
De repetir o disco
Não há mais tempo
Mas nunca houve
Só o agora
Ouve
Só o que o vento
Dita lá fora
Não há mais tempo
Não há passado, não há futuro
A perspectiva é um muro
Que ninguém te ajuda a escalar
Não há mais tempo
Isso eu já disse
Em outro tempo
E só lamento
O que se perdeu
Não sou mais eu
Talvez tenha sido
Em outro tempo
Que já não há
Não há mais tempo
Não há mais tempo
Nem menos tempo
Do que há
Haverá de ser
Um outro tempo
Quando chegar
E chegará
Enquanto não chegar
Não há tempo
Só haverá
Ególatra
É pior do que alcoólatra
Porque não se sana
Não se manca
Não espanta
Não se contenta
Até que a corda arrebenta
E a maquiagem mancha
Não importa quantas canchas
Uma hora vem a dança
Uma hora acaba a dança
Uma hora anda na prancha
Uma hora chega a hora
Uma hora corta a corda
E toda aquela cortesia
Vira um cortejo fúnebre
Uma hora chega a conta
Acaba o sonho e acorda
Uma hora chega o dia
Esvazia a fantasia
Uma hora se imacula
Se autointula
Uma hora se macula
Uma hora vira fuleira
Ególatra
Muito pior do que alcoólatra
Síndrome de Cleópatra
Necessidade sem cessar
Uma hora vira abóbora
Uma hora se denuncia
Uma hora o fingimento
Vem à tona todavia
Vem ao topo corroendo
Corroendo a utopia
O alcólatra
Pelo menos se sacia
Por mais que se vicia
O ególatra
E sua figura imaculada
Boa demais pra ser mostrada
E o fastio da modéstia
E o nojo que me resta
E o chute na pilastra
E a cara que se racha
E toda sua hipocrisia
O ególatra
E sua rede de mentiras
O ególatra
Muito pior do que alcoólatra
Porque obviamente há nenhum compromisso em agradar.
Nunes enfrenta Boulos no segundo turno em São Paulo. Mais uma óbvia derrota de Boulos, que toda vez arranca em primeiro na eleição paulista, mas não tem a mínima condição.
Vitória esmagadora de Sebastião Melo em Porto Alegre. Será reeleito mesmo após o caos instaurado no maio das chuvas. Maria do Rosário jamais apresentou a mínima chance de vencer. Juliana Brizola atrairia maior votação para um segundo turno. Aprendem nada desde 2018. Ou desde 1989, quando foi barrado o avô de Juliana, Leonel Brizola.
Em Florianópolis, Marquito saiu do jovem tímido deputado para um nome combativo com quase 1/4 dos votos, pelo PSOL. Mas Topázio aglutinou os votos da direita e venceu no primeiro turno. Os demais definharam. A direita, para vencer, não é boba.
Santa Catarina, boa parte do Rio Grande do Sul e de muitos lugares brasileiros preencheram mais do mesmo. Algumas lideranças solitárias por SC são a vereadora Giovana Mondardo do PC do B, pessoa mais votada no legislativo de Criciúma, e Afrânio, um dos mais votados em Florianópolis. Décio Lima, liderança do PT e ex-prefeito de Brusque conseguiu comparecer a segundo turno pela excluída legenda em 2022. Há muito trabalho de base a ser feito em um estado que já foi reconhecido por trabalhadores da extração, de estivadores portuários e pela malha ferroviária. Liberalismo e bolsonarismo circulam livremente em SC, de mãos dadas.
Em Pelotas, termômetro de tantas eleições brasileiras, chegou finalmente o novo clássico brasileiro. PT x PL. Em Sant'Ana do Livramento , por exemplo, foi uma lavada para o PL. Em Pelotas a promessa é de uma eleição disputada entre o ex-prefeito Fernando Marroni (mandato 2000-2004) e a novidade composta por Marciano Perondi, alien acompanhado pela bolsonarista Adriane Rodrigues, filha do tradicional Governaço, que por sinal passou longe do cargo de vereador.
A esquerda pelotense posicionou peças importantes na Câmara, mas obviamente insuficientes para números totais. Parabenizar a Fernanda Miranda pela segunda liderança em número de votos no Legislativo, professora na história do município. Repetiu o feito de 2020. Ela é acompanhada pelo jovem mas tradicional Jurandir Silva e pela sequência de petistas com Ivan Duarte e Miriam Marroni, psicóloga esposa do candidato a prefeito da legenda.
Marcus Cunha, que trocou o PDT pelo PSOL por divergências com o antigo número, teve menos visibilidade do que já apresentou, mas é suplente direto. Ronaldo Quadrado, conselheiro tutelar do Monte Bonito, novidade pelo PT, apoiado por muitos nomes do partido, inclusive pelo ex-presidente local Luciano Lima, também é suplente imediato. Outros nomes pontuaram bem, mas de maneira insuficiente para uma governabilidade mirada e desejada. Pelotas, mais uma vez, revela os trechos tortuosos pelos quais o país perpassa na nebulosidade política.
Ah, a memória. Ela dita ritmos.
Para quem tem muita memória, mas que elas se unem em aproximação, pois, apesar da vida ser larga, as memórias se conjuntam como se a vida fosse curta. Não vos parece?
Para quem tem curta memória, elas se escondem, pois, apesar da vida ser larga, as memórias se afastam e o que sobra é a lembrança de uma vida curta. Não vos parece?
Desse modo, tanto os reunidores, revisores vorazes, cirandeiros das memórias, quanto os que as jogam de uma montanha penas ao vento, os dissimuladores, os ocultados, os labirínticos bloqueadores de memórias, ambos acabam com as mesmas desgraçadas impressões: que curta é a vida!
Para os reunidores que em saguão, em auditório lotam suas memórias, acotoveladas umas às outras, tudo parece próximo, tudo se fundiu, passou tão rápido: que curta é a vida!
Para os que mantém as lembranças soltas como se um dia fossem voltar, livres como cachorros de portões abertos, gatos que viram cartaz de procura-se, crianças que correm quadras adiante dos pais e tomara voltem, essas memórias espaçadas, escorregadias, corrediças, essas memórias afastadas como os mais gasosos átomos deixarão o salmo de repetição do texto: que curta é a vida! Me sobraram tão poucas memórias que todas as demais voaram. Que faço com elas se não reuni-las escassas, livro de páginas faltantes, de falas e passagens repetidas de memórias desorganizadas, de ordem alfabética que começa em C, pula para L e termina antes de qualquer W, livro incompleto, borrado de café ou erva, inelegível por tantas partes. Que conclusão chego a não ser que é curta a vida que nos toca sobrar aos dedos inabilitados para agarrar muito?
E mesmo os consumidores a esmo de tantas memórias, que adianta ao final reuni-las tantas se elas são, no auditório que nos sobra de vida, apenas espectadoras, passivas, passageiras, esfinges, fumaça, fantasmas? Que curta é a vida, na qual não posso voltar a tocá-las... memórias.
Taticamente
Tacitamente
Se você enxerga tudo
Fica louco
Porque o pouco que se faz
Não satisfaz
Dentro do campo de jogo
Dentro dos campos políticos
Água no fundo do poço
O mundo feito um troço
Um tricô destituído
Do destino do próximo
Taticamente
Tacitamente
Se você enxerga tudo
Fica louco
Porque o pouco que se faz
Não satisfaz
Taticamente
Tacitamente
A mente se excita
Evita o tempo do ócio
Prepara na medida
Complemento, episódio
Se você enxerga tudo
Fica louco
Porque o louco que se faz
Não é mais louco
É sagaz
Os olhos dela eram tão grandes
Pensando se estava drogada
No deserto de pessoas
Ela como uma granada
Sua maquiagem expressiva
Seu jeito de fim da linha
Nossa destruição massiva
Doses, fantasias minhas
Doces fantasias minhas
O trem entregava jornada
O que quer mais o viajante?
O viajante quer mais nada
Olhos tão desconfortantes
Olhos tão reconfortantes
A morte bateu na porta
Mulher de porte
Já não importa
A morte em seu trottoir
Não veio à trote
Nem absorta
Veio em sua missão
Tirar palavras da sua boca
Morte em liquidação
Morte lenta
Morte em vão
Morte na cidade
Apartamento, pensão
Morte na avenida
Atropelada, morte ferida
Celebridade, desconhecida
Morte encomendada
Morte suada, abençoada
Morte assistida
Morte casada, morte de sorte
Morte de azar, morte em boicote
Morte no shot
Headshot, bon soir
Morte noir, morte tranquila
Morte shot de tequila
Morte em banco, morte na vila
Morte televisiva
No walk talk, na bohemia
Morte na delegacia
No doi codi, no final de um disco
De Pink Floyd, morte de risco
Morte por vidro, por inalado
Morte do viciado
Morte por idade
Morte sem identidade
Morte beldade
Bate na porta
Mulher de porte
Já não importa
Morte com os olho aberto
A boca torta
Morte chamou
Tu já se troca
Vestido longo
Gravata bota
Morte da velha
Da meninota
Morte veloz
Morte jabota
Morte bandida
Do suicida
Morte homicida
Morte por cota
Investigada
Ou esquecida
Ou arquivada
Morte vingada
Ou esquisita
Morte sem saída
Cara virada
Para baixo ou para cima
Morte, morte, morte
De rotina
Aves de rapina
Que sobrevoam
Que saboreia
Morte na ceia
Ou no seio do forró
Morte, morte, morte
Só sobra o pó
Só
Sobra o pó
Paul McCartney
É mais do que sei
É mais que pensei
É mais que esperava
Baby
Paul McCartney
Compõe um salmo
Sob essa selva
Sobre essa relva
Não me salvei
Se eu me salvasse
Seria com
Paul McCartney
Beatle Paul
Diga hey
Hey ho
O rock n roll
It must be you say
Let it roll
Paul McCartney
Beetlejuice
Beatle Paul
That's true
It's only rock n' roll
Paul McCartney
Art in your name
If exists rock n roll
It must be you play
Play McCartney
I understand
Its only love but
Its the only way
As mentiras que você contou
Deveria engoli-las
Sepultá-la em dálias negras
Ou até lilás
As migalhas de um ano ruim
Pelas últimas ruínas
Me sentir muito melhor assim
Sem o que nos azucrina
Pensar ter medo de perder
O que eu já não tinha
E se tinha, ter para quê?
Há vida melhor sozinha
Tenho amigos, música, tv
Livros, filmes e rotina
Muito mais do que preciso
Longe de umas tiranias
Poemas de um poeta mendigo
Será que ainda vivo?
Será que ainda consigo?
Com os signos que estão ao meu alcance
Será só um relance?
Será todo um romance?
Poemas de um poeta mendigo
Digo de forma reta
E digo com rodízios
Digo... palavras obstretas
E digo sem abrigo:
Será que ainda vivo?
Será que ainda consigo?
Poemas de um poeta antigo
Digo... de forma abjeta
Recito fora da cerca
Retiro o que me espeta
Recibo de só uma promessa
Será que ainda vivo?
Será que ainda consigo?
Poemas de um poeta anfíbio
Sapo... sapo de valeta
Girino... girino de início
Girando por encantos movediços
E vários vícios
Será que ainda estou vivo?
Será que ainda consigo?
Poemas de um poeta sinistro
Canhoto, canhestro, capiroto