15/08/2018

encolhas e escolhas

encolho-me de frio, de vergonha, de surdez para ouvir os mais baixos do que eu, falando-me ao pé do ouvido. encolho-me de pura e insensata má postura. e má postura gerada por frio, vergonha, timidez ou surdez.

encolho-me em pensamentos de imaginar-me velho, idoso, mais encolhido do que nunca. e lembrando e rememorando o que eram duras tarefas que aos poucos ganham status de apenas conselhos amorosos e repletos de ternura, numa verdadeira transformação metamorfose.

- escova os dentes
- pratica exercício
- sai um pouco desse computador, vai te fazer mal pra vista
- ajeita essa postura

e a vida naquele jogo de encararmos óticas diferentes para cada momento. o que parecia um grande esforço, um grande desafio e uma provocação brutal e árdua contra a alojada preguiça, agora se transforma em lamentos, em orações carregadas de início da subordinação "se". se fosse daquele jeito que sabíamos ser correto, hoje seria de outra forma.

invernos que passam e novamente encolho-me, mais do que nunca. de frio, de vergonha, de timidez, de reflexão, de surdez para ouvir minha própria voz. sentindo a falta daqueles mais torturantes conselhos de ocasião, os quais não tenho mais, não posso mais ouvi-los fora de minha mente, por mais que eu me encolha para ouvir os mais baixos ou me estique para ouvir os mais altos.

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