A Harmonia de Werckmeister é um filme extraordinário de realização do cinema húngaro, especificamente do diretor Bela Tarr e sua esposa Agnes Hranitzky.
Em uma pequena cidade da Hungria, Jaros é um jovem trabalhador que se encanta por vários temas curiosos. Na cena inicial, demonstra aos bêbados em um bar sobre os funcionamento da astronomia básica, de como a Terra gira em torno do sol, gerando os dias e as estações do ano, e de como a Lua é seu satélite natural. Durante o filme, Jaros trata com pessoas mais velhas, as quais ele chama sempre por tio ou tia, sem sabermos o parentesco real que tenha com esses personagens. Um deles é uma espécie de tutor, que ensina conhecimentos variados, como a astronomia, e música, ao que batiza-se o filme com Harmonia de Werckmeister - um organista alemão, definidor de muitas propriedades musicais para os teclados.
A associação com a harmonia parte também da desarmonia que começa a imperar no filme. Um circo chega na cidade anunciando duas principais atrações: uma baleia e a presença de um nomeado príncipe. A aldeia se divide com a ideia da chegada dos forasteiros, uns o tanto preocupados, outros resolutos a conferir a novidade.
A baleia, por sua anatomia e pensar na falta de conhecimento prático marítimo do jovem adulto Jaros, leva à fascinação o personagem principal. Entretanto, muitas outras pessoas estavam interessadas nos discursos de ódio proferidos pelo dito príncipe. Com uma legião de seguidores, ele é o fio condutor da exploração das cidades visitadas, promovendo uma escalada de violência. As cenas mais grotescas ocorrem em espancamento em um hospital, sem poupar nem cortes, até que um velhinho desnudo faz com que os manifestantes cessem a onda de terror por seu aspecto frágil.
Nisso, Jaros e seus ditos 'tios' estavam em plena ação para mobilizar a população contra essa desordem dos forasteiros. Apesar da aquisição de assinaturas em um abaixo-assinado, nada poderia ser feito e os elementos são inclusive perseguidos. O paradigma do filme se desenvolve entre a desordem provocada pelo falso príncipe dos exploradores visitantes do circo e depois a "ordem" estabelecida pelo exército em "resgatar" a cidade. As imagens e os diálogos são frios e a dizimação e destruição da cidade são iminentes.
Jaros tenta fugir pois seu nome aparece, segundo é avisado, em uma lista. A perseguição não dura muito. O futuro é nebuloso como o forte inverno que age sobre as sombreadas terras húngaras.
Em um apêndice à escrita, há uma impressão tão forte no tio interpretado por Peter Fitz que parece até que esse personagem é um alter-ego experiente de Jaros Valuska. Ele mobiliza o jovem, rumina monólogos disfarçados de diálogos com Jaros, aparece como uma grande consciência a balbuciar tentativas de soluções e reparos, acerca da inóspita região húngara e filosoficamente sobre o mundo.
Impactante é a cena final do esquecimento do forte mamífero perante as atrocidades do ser humano na cidade, a resignação do velho tio diante da cena são avisos ultimatos sobre a escalada da barbárie humana, em um alarme ecológico, e ao mesmo tempo sobre o crescimento das manifestações fascistas na Europa e em todo o mundo. Com muita sensibilidade o casal de diretores definiu as diretrizes, os planos-sequência do estimado filme, cuja nota final só poderia desempenhar-se em resultar cinco estrelas.
⭐⭐⭐⭐⭐
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