Encontrei o guardinha que anda apitando pelas noites.
Eu disse - Não precisa apitar que tudo está seguro.
Ele disse - Obrigado mas cuide da sua vida.
Eu disse - Poxa, eu só estava tentando ajudar.
Ele disse - De boas intenções o inferno está cheio.
Eu disse - Você conhece o inferno?
Ele disse - Já fui lá umas vezes e fui dos poucos a voltar.
Eu disse - Eu posso te mandar lá em definitivos.
- Ah é?
Eu disse - Sim, já mandei uns quantos para lá. Mas só deixo no portão de entrada. Nunca entrei.
Ele disse - Você quer trocar de lugar?
Eu disse - Você pode apitar, mas fique longe da minha rua.
Ele disse - Qual é a sua rua?
Eu disse - É aquela ali. Segunda à direita. Se você passar daquela esquina é um homem morto.
Ele disse - É o que vamos ver esta noite.
Eu disse - Já tenho compromisso para esta noite
Ele disse - É com quem?
Eu disse - Comprei briga com o cara do supermercado.
Ele disse - Qual era o número do caixa?
Eu disse - Era o 14. Antigo 13, mas 13 eles não usam mais.
Ele disse - Na garagem onde deixo o carro também não há mais esse número pra vaga.
Eu disse - Melhor assim.
Ele disse - É .
Eu disse - Mas então tenho briga marcada com o 14.
Ele disse - Já briguei com o 7.
Eu disse - É um otário também.
Ele disse - Mandei ele ao inferno.
Eu disse - Você entrou junto?
Ele disse - Dessa vez não.
Eu disse - Eu nunca entro.
Ele disse - Você parece machucado.
Eu disse - Nem perto de como vou deixar você.
Ele disse - Nos veremos novamente.
Eu disse - Certamente.
Estou me recuperando da última briga no barbeiro. E aguardando o atendente do caixa de número 14 do macro-atacado.
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