12/07/2025

Fireworks Wednesday (2006)

Mais um filme assistido feito pelo iraniano Asghar Farhadi e co-escrito por Farhadi e Mani Haghighi. Segue a senda de filmes colocados ao máximo os valores e as dúvidas de como proceder, exercitando extremamente os limites humanos dos personagens. Roohi é jovem noiva que está prestes a se casar na semana. Para os gastos da vida conjugal que lhe espera, inicia numa agência de empregos na tarefa de empregada doméstica para pessoas abastadas. É em um apartamento longe de seu humilde bairro que a banda toca. O filme ocorre com poucas locações, praticamente apenas no prédio da patroa e do marido.

Logo de entrada, Roohi pressente que as coisas não vão bem. O casal vive em implicância e até o vidro de uma das janelas teve de ser trocado em meio ao caos da faxina necessária. Uma outra mulher também estava contatada para função de limpeza. Roohi logo percebe que a patroa desconfia do marido, sempre ao telefone com número e voz estranha. Um número registrado em chamadas provoca sua atenção, pois as ligações são quando ela não está no apartamento. Para aprofundar as suspeitas, a patroa pede a Roohi que marque um horário no salão de beleza improvisado de uma vizinha, a suspeita número 1 da acusação de traição. Muito além da limpeza, Roohi tem a missão de descobrir informações sobre a suposta traição entre a vizinha do salão de beleza improvisado no prédio e o marido da patroa.

A trama começa a envolver a gama de personagens. O casal em derretimento tem um filho pequeno na escola, Amir Ali, estudante de primeira série. Roohi é contratada inclusive para buscar o menino no colégio, enquanto a mãe está ocupada com as suspeitas a pairar sobre o marido, que trabalha em uma agência há muitos anos. A tarde é percorrida entre desencontros, suspeitas, suspense e o drama do que fazer no lugar de cada personagem. Casamentos ao desgaste, pessoas tentando ganhar a vida em seus empregos, valores morais postos à prova em uma sociedade patriarcal. A própria criança envolvida no filme já partilhava dos problemas, pois, ao ouvir o som da janela quebrando na noite anterior, desconfiava de ladrões no prédio, quando eram apenas seus pais a brigar.

O filme ocorre todo durante a última quarta-feira para os iranianos em um ano, data marcada pela queima de fogos que se estende da tarde à noite. Um exercício de explosões, ocupação das ruas e festejos selvagens para testar o coração de qualquer nordestino ao comemorar as datas juninas. O clima para o final do filme chega ao hostil pelas explosões nas ruas, quase a noite de anarquia interpretada de forma fictícia no cinema em outra franquia (dos EUA). Entre as explosões dos artefatos baratos e caseiros segue a martelar na cabeça de Roohi o que ela deveria fazer sobre as descobertas do dia, levando a questionar os valores e as fronteiras de um mero emprego e a oportunidade de intervir na vida alheia. Mais uma vez nas tramas de Asghar Farhadi nos vemos envoltos entre muitos personagens com suas razões, seus erros, suas peripécias e o ar pesado da sociedade iraniana, tão condenável às mulheres abaixo dos trajes obrigatórios.

Outra grande trama de reviravoltas, detalhes bem produzidos e adequados ao roteiro que enriquecem nos pequenos objetos e detalhes cênicos ao resultado final devastador e ganhador do vazio de cerne ao final.

Nota final para Fireworks Wednesday:
🌟🌟🌟🌟

Nenhum comentário:

Postar um comentário