Logo de entrada, Roohi pressente que as coisas não vão bem. O casal vive em implicância e até o vidro de uma das janelas teve de ser trocado em meio ao caos da faxina necessária. Uma outra mulher também estava contatada para função de limpeza. Roohi logo percebe que a patroa desconfia do marido, sempre ao telefone com número e voz estranha. Um número registrado em chamadas provoca sua atenção, pois as ligações são quando ela não está no apartamento. Para aprofundar as suspeitas, a patroa pede a Roohi que marque um horário no salão de beleza improvisado de uma vizinha, a suspeita número 1 da acusação de traição. Muito além da limpeza, Roohi tem a missão de descobrir informações sobre a suposta traição entre a vizinha do salão de beleza improvisado no prédio e o marido da patroa.
A trama começa a envolver a gama de personagens. O casal em derretimento tem um filho pequeno na escola, Amir Ali, estudante de primeira série. Roohi é contratada inclusive para buscar o menino no colégio, enquanto a mãe está ocupada com as suspeitas a pairar sobre o marido, que trabalha em uma agência há muitos anos. A tarde é percorrida entre desencontros, suspeitas, suspense e o drama do que fazer no lugar de cada personagem. Casamentos ao desgaste, pessoas tentando ganhar a vida em seus empregos, valores morais postos à prova em uma sociedade patriarcal. A própria criança envolvida no filme já partilhava dos problemas, pois, ao ouvir o som da janela quebrando na noite anterior, desconfiava de ladrões no prédio, quando eram apenas seus pais a brigar.
O filme ocorre todo durante a última quarta-feira para os iranianos em um ano, data marcada pela queima de fogos que se estende da tarde à noite. Um exercício de explosões, ocupação das ruas e festejos selvagens para testar o coração de qualquer nordestino ao comemorar as datas juninas. O clima para o final do filme chega ao hostil pelas explosões nas ruas, quase a noite de anarquia interpretada de forma fictícia no cinema em outra franquia (dos EUA). Entre as explosões dos artefatos baratos e caseiros segue a martelar na cabeça de Roohi o que ela deveria fazer sobre as descobertas do dia, levando a questionar os valores e as fronteiras de um mero emprego e a oportunidade de intervir na vida alheia. Mais uma vez nas tramas de Asghar Farhadi nos vemos envoltos entre muitos personagens com suas razões, seus erros, suas peripécias e o ar pesado da sociedade iraniana, tão condenável às mulheres abaixo dos trajes obrigatórios.
Outra grande trama de reviravoltas, detalhes bem produzidos e adequados ao roteiro que enriquecem nos pequenos objetos e detalhes cênicos ao resultado final devastador e ganhador do vazio de cerne ao final.
Nota final para Fireworks Wednesday:
🌟🌟🌟🌟
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