02/01/2025

Flor do Equinócio (1958)

Segundo rápida pesquisa, equinócio é o termo que marca as entradas das estações de primavera e outono, quando os raios solares sobre os hemisférios marcam dias e noites iguais sobre a linha do Equador. Também existe o solstício, que marca o início de inverno e verão. Pois bem, Flor do Equinócio (1958) é mais uma obra do diretor japonês Yasujiro Ozu, o seu primeiro longa-metragem colorido.

Flor do Equinócio mantém a pegada do diretor de trazer dramas familiares que tão bem ilustram e desenvolvem, com o passar dos anos, das décadas em que produziu cinema, a sociedade japonesa. Conforme seus filmes avançaram de curtas mudos para longa-metragens e, para esta análise, saindo do preto e branco para o colorido, notamos a transformação da sociedade no Japão, em especial em Tóquio, metrópole central para o cinema de Ozu. As profissões e a maneira como as famílias se comportam vão sendo mostradas a cada produção do importante diretor.

O foco de Flor do Equinócio é sobre o poder de escolha das mulheres em seus casamentos. Os casamentos arranjados vão deixando de ser a regra, no que nos deparamos com a revolta de uma jovem perante a negação de seu pai em relação ao noivo que ela escolheu. A desavença permeia o filme. Valores sociais também são testados, por exemplo, o funcionário do pai de família que ia para um bar de reputação duvidosa após cada expediente de trabalho - o que também gerou, sem dúvidas, parte do cômico ao filme. O funcionário ficava constrangido de ser identificado como cliente fiel da casa, o que causava más impressões no estimado chefe.

Em ritmo lento para suas quase duas horas de duração (1h57min), Flor do Equinócio não chega a cativar como obra-prima de Ozu, mas demonstra mais uma vez a sede do cineasta em apontar as mudanças sociais, o desequilíbrio perante a tradição japonesa, os novos ventos ou, como sugere o título maior, as novas primaveras. Assim que o filme em questão ao passo que respeita escolha de planos e cenários típicos de Ozu, em sequências de habituar o espectador, também prossegue com as quebras de paradigma, paralelamente às transformações de Tóquio. A forma tradicional dos casamentos arranjados posta em xeque, o direito de escolha de uma filha em desafio a seu pai, com apoio de amigas, do próprio noivo e de outras pessoas que os cercam.

A ordem dos fatores, da forma como os jovens escolheram contar, altera o resultado? É de se descobrir assistindo a essa obra de Yasujiro Ozu.

Marcantes são passagens em que o pai conversa com seus contemporâneos sobre as mudanças e até uma frase que muito escutamos hoje em dia: "como é difícil reunirmos a família atualmente...".



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