28/12/2024

sen ti men tal men te 

minha vida é mais tocante 

que o tampo 

que o tanto

de qualquer estante

Sou quem sou 

E me basto!

- Disse obviamente sem dar o braço 

A torcer 

Fiasco

Piada

Caramba, não aguento mais acordar cedo! - disse da primeira vez que acordou cedo 


de um sonho que sonhava acordado

Comecei olhando para ti. E continuei querendo olharmos juntos. Quero que nossos sentidos tenham o mesmo sentido. Findo, como é tudo, mas indo. Como é lindo.


O pôr do sol sempre é gerúndio 

Com as cores que os índios pintam 

Filtros de instagram imitam 

Enquanto alguém pita


Cacete, onde vão parar as fitas?

Em brasas

Bebidas doce-amargas em taça, meia-luz que geralmente me conecta, mas que dessa vez me cega. Música clássica que não sei identificar. Me sinto totalmente desconfortável, mas ainda me atraio como um inseto às lâmpadas. Labaredas, roupas, chamas, sedas. Cedas. Brasas.

26/12/2024

Humor

Para mim, não rir de si mesmo é o escárnio, a involução, a falta de humor do ser humano. Rir de si mesmo é uma virtude humana sobre as obras da natureza. É a concepção da graça, a divisão mor perante a sociedade. É não levar a vida tão a sério. É oportunizar o banquete do riso alheio em divisória.

Não rir de si mesmo é se colocar em um local de privilégio inexistente. É psicopatia. É achar que a fanfarronice sempre virá de outro. É ao mesmo tempo se colocar em um pedestal e se diminuir na obtenção de graça. Somos produtores de nosso próprio humor e o dividimos. Acolhemos. 

O bom senso é o senso de humor, é ver-se no espelho e aceitar o que deve ser aceito - que não se aceite tantos outros aspectos se não os queira. Liberdade.

Mas rir de si mesmo é importância absoluta. É antecipar o chiste, a piada. É ataque e defesa. É proteção e são boas energias. São vibrações necessárias ao equilíbrio universal. E se não o são é porque estou inventando para deliberar mais vantagens. Delírios líricos.

Às vezes se pode perder a pessoa e não a piada. Espero muito da piada. Das pessoas espero muito pouco, que perdoem minha descrença. A piada virá em sua direção inevitavelmente, muitas vezes é possível antecipá-la. Escudo e molde. Projetar a forma. Riso controlado. Ou descontrolado.

Não sei se o humor é o melhor remédio como projeta o dito popular. Mas me falta opção melhor para contrariar a hipótese e finalizar esse texto. O humor ao menos é vitamina, é a D que o sol oferece, é sangue pelas veias, é uma fonte inesgotável que deve ser bem utilizada. Refrescar-se. 

25/12/2024

O banal é épico. Atemporal.

Quase todo épico na verdade é ridículo. Mesmo assim o suscitamos e invocamos talvez em busca de sentido.

23/12/2024

Nós

Nós desgraçados da arte que escrevemos, descrevemos, relatamos tudo e todos os defeitos e virtudes como se não fôssemos nós mesmos compostos pelas mais graves sequelas. Relatamos da forma como queremos como se fôssemos perfeitos, nós mesmos os mais preenchidos de chagas, caolhos, vesgos, corcundas, deprimidos, ansiosos, deficitários, endividados, desprovidos da matemática, incapazes da baliza, míopes, línguas presas, cafonas, cornos, roedores de unhas, alcoólatras, tabaqueiros, controlados por remédios. Sedentos.

21/12/2024

Obturador, luz e ISO

Queria congelar o seu sorriso 

(Obturador, luz e ISO)

Tanto melhor se não fosse preciso

Vê-lo abrir-se sempre ao meu redor


Sorriso, luz, estrela, sol

Nada faz ficar melhor

Queria contar contigo só 

Só contigo e já está tudo pró


Queria chaves ao paraíso 

Aves gorjeiam sem prejuízo 

Naves amarelas, submarinos 

And the band begins to play


Queria congelar o teu sorriso 

Na minha mente é como um delírio 

Olhos, direção, colírio 

Mejor producción de contenido


Aves gorjeiam num aviso

Queria congelar o teu sorriso

Um prazer indescritível

Perdi as chaves

É o abismo


(Ao som de Thank You do The Calling)

20/12/2024

Já sabia perder contigo 

Só sabia perder contigo 

Faltava a face de ganhar 

Para firmarmos casamento 


Amar a tua história 

E a de cada um dos que carregam 

A tua estrela

A brilhar



19/12/2024

Minuano sopra

Será possível clonar espírito?

Precisaria de um amigo

Evitaria muitos ritos

Minha confiança é meu cupido 


Não existe justiça

Meu castiçal 

Não não não - disse pra nau 

O inferno também é tropical


A brisa judicial

Uma premissa antes do final

A baliza da justiça 

Derrubaram os pau

A justiça nos estaciona muito mal

Vamos continuar 

Em movimento afinal


Afinação, a fina ação 

De viver 

Minuano sopra 

Só pra mais um ano

O bem querer


Minuano sopra 

Só pra contrariar 

A franja, os planos 

Os frangalhos

De ano pra juntar 

Pedras Altas

Pedras Altas

Pontas soltas

Tantas voltas

Vida louca 

E a falta em qualquer lugar


Pampa, Pampa

Tempo ao tempo

Ampulheta 

Alguém me prometa

Tampa ao vazamento


Castelos, elos 

Feitos de cartas

Casta, casta

Frágeis vidraças 

Tudo passa

Quando você for passar


Pedras Altas

Duas horas

Nossa senhora

Dos segundos

Vasto mundo

E a falta em qualquer lugar


Castelos, elos

Miríades, threads

Do que é belo

Trela sela 

O selo do manifesto 

A vontade de recomeçar


Pedras Altas

Espera! hace falta

Quando alce asas 

Casa pode ser

Onde você está

Espera! hace falta 

Seu olhar para onde eu olhar

Espera! hace falta 

Pauta pode ser

O que quiser

Quiçá...

Colmeia das ideias

O que é delírio 

E o que sou eu?

O que me sobrou

No brio do breu?

Só existe o que aconteceu


O que é equívoco 

O que é meu?

Qual o vínculo

Nos acometeu?

Só existe o que aconteceu


O que é dito, ou silenciado

Silêncio meu

Misérias, férias, feriados ateus 

Suspendido o tribunal do eu


Melancolia é resistência

Em tempos reduzidos pela ciência 

Fantasias, trapezistas

Travessia da existência 

Na colmeia das ideias

Sobrevive o mel


Bel-prazer 

Ao seu dispor

Ao redor 

Do ser

Na colmeia das ideias

Sobrevive o mel

18/12/2024

O voo do biguá

Se eu precisasse de outro ciclone biguá

Para te encontrar 

Teria que me desculpar 

Com quem por onde ele passar 


Ah 

Queira me desculpar

Não há clone

Para o ciclone de você chegar 


1001 versos são tão pouco 

Para o que eu posso demonstrar

E todo meu repouso ouso dizer 

Que envelhece como um maracujá


Onde eu posso

Fugir desse poço?

Onde eu posso 

Te encontrar?


Outro sorriso, outro esboço 

Outro par de outros olhos

Não removo, não renovo

O que escolho

E o consolo é tolo

Como a espera do voo do biguá



04/12/2024

Talvez tenham percebido que seguidamente escrevo meus textos em tom de pedido de desculpas. E não é por acaso ou falsa intenção: roubar tempo das pessoas é das piores coisas; coisa essa que pode ser o que fazemos ao escrevermos para alguém se dedicar à leitura. Roubar tempo.

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Pretendo roubar tempo de ninguém. Sempre gostaria de somar na vida das pessoas, nem que seja com esses textos pequenos ou com conversas de cinco minutos na rua. Se errei anteriormente, roubando tempo de quem se sinta lesada, gostaria que se aceitasse a permanente intenção de que procuro melhorar para os próximos tempos.

Melhorar com o tempo, e não roubá-lo.