07/01/2025

Estado Itinerante (2016)

Análise de curtas brasileiros. Estado Itinerante é um curta brasileiro, dirigido por Ana Carolina Soares, que conta uma história de Minas Gerais. O espectador acompanha a trajetória de Vivi, uma jovem trabalhadora, que mora na periferia, provavelmente de Belo Horizonte ou de outra grande cidade da conurbação mineira. 

Vivi trabalha como cobradora de ônibus e o itinerante no filme está na vida em transição da passageira. No serviço, em que recém havia começado na empresa, a chance de recomeçar, mas também passando por muitos perrengues entre queixas, fofocas, estranhamento com motorista, má conduta de passageiros e outras histórias. Apesar disso, a amizade feminina com outras trabalhadoras pode ser o caminho para superação de seus próprios dramas.

A organização do filme surpreende com cenas de reviravolta, a violência que cerca a periferia, que persegue a figura da mulher, a tentativa de imposição masculina, seja pela figura de motoristas (que não aparecem, ouvimos só as suas vozes impositivas), seja pela família de Vivi, a qual também não vemos. O relacionamento abusivo é evidente, sabe-se dele pelo depoimento da própria protagonista ao confirmar que seu anel é de casamento, e a violência doméstica deixa marcas na pele e no psicológico. 

A jovem tenta se virar e ainda, através da bebida de fim de expediente, rotina comum dos assalariados brasileiros, vislumbrar alguma saída, no broto das ideias, na música, no fundo do copo, no cigarro a intervalos ou em alguém. Vivi surpreende nesses apenas 25 minutos de curta-metragem, que de fato contam muito sobre nosso Estado e a itinerância dele. A rotatividade, a busca sempre transicional pela sobrevivência, entre as fugas e as feridas, a procura por se encontrar.

Nunca é demais lembrar que são várias as Vivis (e, vá lá, os também, trabalhadores brasileiros) que necessitam de um ombro extra, a terceirização de um ombro ao fim do turno, esse direito trabalhista tantas vezes surrupiado, gente que necessita de compreensão por parte dos clientes e usuários, do comércio aos sistemas. Sairmos do automático para enxergar histórias que estão diante de nós, refletidas nas comunitárias janelas de ônibus.

Data de lançamento: 3 de setembro de 2016

Diretora: Ana Carolina Soares

Duração: 25 minutos

Produção: Denise Flores

Roteiro: Ana Carolina Soares

Elenco: Lira Ribas, Cristal Lopez, Maria Aparecida, Diane Rodrigues, Daniela Souza



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