14/06/2025

Notas sobre Fernanda Young

Descobri a Ana Amaral, Fernanda Young no documentário recente (2024) sobre sua vida, roteirista, escritora que se almejava e considerava assim desde antes da alfabetização. Criativa, rebelde, reconhecendo em si a crítica de que poderia ser egocêntrica, mas quem não é? Lidar de frente com isso é honesto e a palavra que marca sua trajetória: coragem.

Coragem não exclui o medo. Só não sente o medo quem está totalmente medicado, drogado ou já é louco de pedra. Nós com discernimento não somos assim. Fernanda era corajosa. 

Viveu entre Niterói e Rio de Janeiro, realidades que ela postulou como próximas e distantes. Aponto palavras e termos que ela própria usou, como autobiográfico. Acho interessante assim, porque rotular os demais é perigoso e quase sempre um tanto injusto. Lamento ou não pelas vezes em que faço isso e também somos vítimas.

O documentário traz passagens frasais de sua vida e história. Dá vontade de conhecer mais de sua obra. Até a inspiração desde os desenhos mais ou menos toscos que fazia, pois ela destaca: os desenhos vêm (na vida das pessoas) antes da palavra escrita. Isso é bem verdade. Seja na história da humanidade, das pinturas em cavernas, ou na vida dos bebês, das crianças, que antes podem desenhar ou reconhecer desenhos do que escrever o próprio nome. 

A relação dela com a procura de definições e situações para o amor é tema de autores, músicos, escritores, artistas que veneramos. Em certa altura ela questiona se do vazio enquanto não se ama brotam sentimentos negativos. E não é assim que vivemos e passamos o tempo amargurado em sociedade? Nos preocupando e enchendo-nos de distâncias, ânsias e repúdios; repugnar. 

Ela almejou por um tempo de diversão em que não houvesse reticências. E concluiu sobre a liberdade e a cura. De um coração quebrado, a cura é enxergar que não mais se espera pela perfeição que nem existe. 

Entre a idealização social da noiva vestida, se deseja na verdade a nudez. Abaixo das maquiagens, das fotos, dos sorrisos falsos, há um ser muito mais complexo. A liberdade é se desprender da imagem que a sociedade impõe. Fernanda enxergou isto.


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