Demência (1986), de Carlos Reichenbach, conta a história de um empresário do ramo de cigarros que está falindo economicamente e na condição de pai e marido. Assim, alucina situações das mais esdrúxulas, num surrealismo à brasileira.
Para época, mescla elementos que comparam Reichenbach a diretores mundialmente famosos, como o espanhol Luis Bunuel, ou o norte-americano David Lynch. O diretor brasileiro utiliza de imagens urbanas da metrópole São Paulo, pano de fundo das desventuras do protagonista. A articulação ocorre com o mitológico Fausto, do escritor alemão Goethe. O diabo se transfigura em diferentes encontros durante as paranoias do empresário paulista.
O filme transpassa por temas mais ou menos sutis no que se refere à política, às críticas ao capitalismo, mas também chega a debochar de uma visão que colocaria todo o bandido na condição de vítima da sociedade, conforme a cena em que uma prostituta aplicaria um golpe no protagonista e, numa reviravolta, ele assume o controle da situação, com o poder de sua arma contra a dupla de capangas que lhe passaria a perna.
No filme estão figuras excêntricas, marginais, prostitutas, amante, malandro aplicador de golpes, criminosos organizados, mas também oficiais, demais empresários sabotadores, jovens e velhas à espera de carona. Os mais diversos tipos de diabos travestidos no caminho do alucinado empresário da maior cidade do país. O filme mescla gêneros, pelo drama de elementos realistas, pela comédia também patrocinada pelo surrealismo, o suspense de até onde renderia a empreitada desvairada do ator principal, até o gênero road, quando, após peripécias, procura fugir das autoridades em escapada pelo interior.
Carlos Reichenbach consegue uma obra de média geral 4,1 no site brasileiro Filmow, para qual desprendo a quantia significativa de quatro estrelas.
⭐⭐⭐⭐
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