29/10/2020

Supermarcado

Minhas ideias na ponta da caneta
Nem tirei as remela e tá de novo na placenta
Não te assenta!
Que eles sentam o cacete no povo
And again and again
E de novo e de novo
Sentam em ti, sentam em mim e neles também
And again and again
Runnin' down a dream
Pra dormir o dramin
E acorda dia sim e no outro também
Única saída é sair desde as seis a trabalhar
Sustento pro lar - ônibus lotado, tráfego pesado
Em pé, mal acomodado - sem migué a dar
A escolha é a mesma porque não tem
É a mesma a cada página, a cada folha
É a mesma escolha!
É a que existe no ponto de vista de quem olha
E não estoura saca-rolha com champanhe
São os que na rua estão, pro que der e que apanhe
Apanha, apanha
Ônibus pesado, tráfego lotado
Em pé, acomodado mal e sem dar migué
Apanha, apanha
Às vezes reclama
Mas vai na manha
Pensa e sonha quando deita a cabeça na cama
E busca a ceia pra ter o que jantar
E banana com aveia pra tarde passar

A rotina é essa que cola na retina
Em meio às casta, baixando e levantando fumaça
Cada um a cada dia atrás de suas caça
A rotina é essa que cola e adesiva
Se apresenta sempre com pouca alternativa
Cada um a cada dia a mantendo viva

A rotina é essa que cola, sacola de super
Marcado o horário pra bater o ponto
Tem que estar pronto. Sem pegar leve
Sem um breve intervalo e sem desconto
O que cair da prateleira é desconto no salário
Se persistirem os sintomas, demissão
Assim já foram vários
Do estoque pra reposição no armário
Nas caixas de sucrilho e quadro de funcionários
Drama, runnin' down a dream
Diário

Supermarcado no supermercado
Nas prateleiras dos macro-atacados
Atacados por todos os lados
Na rotina que cola na retina
No que não se atina
E no que já tá atolado
Ou nem atina mais
Já tá anestesiado
Aqui é caixa-rápido
Seu carrinho tá lotado
Aqui é preferencial
Você não tá grávido
Ó meu cidadão, colosso, impávido
Seu ticket alimentação tá inválido
O gerente não sei, tá ocupado
E me respeita, trabalho aos sábados
Supermarcado no supermercado

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