Interessante o desenvolvimento da natureza. Como resplandecem suas aplicações e propriedades em seres que se adaptam ao meio ambiente em que vivem. A natureza e sua paleta de cores, suas nuances, ideias que a nós, meros humanos, passavam batidas até ser estudadas e catalogadas. Insetos com suas camuflagens e predadores de rapina com as garras torneadas de uma determinada forma.
Para exclusiva atuação dessas linhas, serve de exemplo a seriema, ave característica do cerrado brasileiro, que também pode ser encontrada em alguns vizinhos de América do Sul, mas que não existe em outros continentes. Procurem pelas imagens da seriema, ave mimosa e simpática por demais. Na catalogação brasileira também aparece a arara azul, que, caso procurada para observações de nossos curiosos leitores, é uma ave da família das psitaciformes com a cauda longa e bico curvado e, evidente, sim, são azuladas. Belíssima riqueza de tons edificantes a preencher seus contornos de elegância.
Ao passo que essas espécies citadas são tipicamente brasileiras, do outro lado do planeta, na Austrália e na Nova Zelândia, dentre outras ilhas do continente de nome Oceania, muitas espécies são específicas, restritas, somente encontradas nessas regiões. Há muitos animais australianos que desconhecem a sequência do globo, existem somente no país da atriz Marny Kennedy. Outros, neozelandeses, tampouco sabem haver uma vasta ilha como a Austrália, ou mesmo ilhas menores em outros lugares, próximos ou distantes. Além de ser o chamado paraíso dos marsupiais, a Austrália também concentra espécies curiosas como o demônio da Tasmânia ou o famoso cisne negro. Especula-se que porcentagens tremendas da fauna australiana seja endêmica, ou seja, exclusiva desse país. Emus e cangurus vermelhos, equidnas, que são semelhantes aos porcos-espinho, e os de aparência carinhosa dingos estão entre os nomeáveis nessa categoria de exclusividade australiana.
O planeta Terra está repleto dessas maravilhosas espécies e procurar por elas, para aprendizado repassado em prosa, seria um exercício de completude para este curto período da alma. A junção das amigáveis sensações de aprender e, de bate-pronto, sem deixar a bola cair, estar ensinando. Entretanto, curiosa foi a atuação de como pude perceber que mesmo a um curtíssimo espaço, a fauna e a flora estão à disposição em ordens variadas. Explico.
De prontidão, minha percepção modificada foi em relação a nossos predadores quando mudei de casa para duas quadras de distância de onde sempre vivi. As moscas apresentaram-se mais perdidas, sobretudo nas noites, como é de praxe. Esses animalescos detestáveis em suas rotas pouco objetivas, senão o alvo atingido de cessar minha quietude através de um pseudo ataque de nervos. Entretanto, ao menos as moscas mais toscas de quadras ao lado mostraram-se com uma disposição para a morte, desfecho muitas vezes proferido com as próprias mãos, para passageiro gozo da mortificação dessas abominações e uma consequente e enojante necessidade de lavar as extremidades dos membros assassinos.
Além das moscas, os mosquitos também se dispuseram mutantes. Os da casa anterior eram uma fase anterior da evolução. Os da moradia nova foram mais insolentes, desagradáveis, cruéis e adversários de duradouros combates. Notei não bastar um arremate para que desistissem em suas vontades de vida. Vagavam pelo cômodo ainda trôpegos, em planos de voo estranhos, mas insistentes. Resolutos, obstinados a me provocarem, a me encarregarem de suas respectivas eliminações. Não eram fáceis. Após verdadeiros duelos travados, o saldo dos cadáveres a esperar um balde de lixo ou uma privada sanitária.
Para além dos insetos aqui mencionados, o encerramento dessa passagem é justamente ao que ela deu origem. Contraditória alimentação da cobra textual, não é mesmo? Minha mãe ao pátio da frente (único pátio que aqui dispomos), arremata uma pérola certeira para o gatilho crônico. Ela, na despreocupação de quem estende roupas com o único objetivo de estender as roupas, entre uma ou outra pregada no varal, cumpre a sentença prometida: "as pombas daqui são mais magrinhas, as da casa anterior eram abastecidas pelos grãos de milho sobráveis das galinhas".
E assim, a partir de humilde frase, acende-me essa diferenciação de fauna, ¿e por que não flora?, entre duas residências, ecossistemas variantes, separados somente por duas quadras, 200 ou pouco mais, pouco menos metros de distância. Entre as moscas, entre mosquitos, entre as pombas e, consequentemente, no somatório de fatores, quais as diferenças entre nós mesmos em tão pouca mudança geográfica, segundo se pode constatar no Google Maps?
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