08/05/2018

Segunda-Feira, 7 de Maio

Terminei de ler mais um livro. Um grande livro. Em tamanho e significado, recomendado por um dos meus amigos da atualidade. Na verdade, me joguei a essa leitura através de uma lista dos livros que nos desafiavam sobre termos lido ou não. Esse eu não havia lido, mas agora posso marcar, confirmar e condizer que sim: li.

Ao terminar essa vasta leitura, o relógio ultrapassa as temíveis três horas da madrugada. O maior temor é o despertar do dia seguinte. Ó, que contradição, se o maior temor seria não acordar no dia seguinte? Mas me refiro aos desrespeito com o horário. Mais uma madrugada atravessada entre as pálpebras. Uma leitura estonteante, um folhar de páginas que pode mudar a vida de vários indivíduos, configurando o porquê da obra ser um clássico respeitabilíssimo.

Para este amigo, devo ações políticos. E será que devo? A quem devo? No que acredito? Quais são os próximos passos? Um maldito ano eleitoral em que estamos cercados das mais diversas maneiras. Quem matou a vereadora carioca Marielle Franco? Pode manifestação política defendendo político específico em estádio? Por que afirmam que Ciro Gomes não é de esquerda?

Um colega de jornalismo, conhecido virtualmente, desabafa neste horário sobre o pouco ânimo vital. A gente nem se espanta mais. É tão comum o desânimo. A gente aprende a conviver consigo mesmo e a não arregalar os olhos nos demais casos. É preciso ser muito forte, paciente e domado espiritualmente. Domado como um animal que obedece quando o dono arremessa uma bola e se corre atrás.

Este colega não está mais no site em que eu estava. Somos ex do mesmo portal. Não tenho tamanha intimidade e nem fôlego agora para indagá-lo sobre sua situação atual. E, a bem da verdade, nem sei quais são as palavras certas para ajudá-lo neste momento. Ele reclama que não se sente à vontade com o que está produzindo ou para que possa produzir o que deseja. Entendem? Ele sabe que está fazendo algo, mas não aprova. Ou não está fazendo algo porque simplesmente não consegue configurar-se para tal função. Falta de manejo físico ou psicológico atualmente. Um problema, um problemão que atinge a muitos e muitas.

Os que buscam emprego se apertam contra portas estreitas da atualidade. Um colega de escola forma-se engenheiro civil e não tem contrato e não tem  por onde ir no exato momento. É possível que a construção lhe abra passagens futuras, literalmente, mas por enquanto é um cenário de tensão e espera. Outro formado há mais de ano também não conseguia o que exercer. Um terceiro está para se formar e tem sonhos utópicos que necessitariam de uma responsabilidade enorme, de um capital de giro inicial bastante alto e que sabe-se lá de onde espera tirar. Devaneios de um Brasil que, ao invés de ser pista de decolagem está mais para terra movediça. Sacam?

No Jornalismo meu e do colega acima citado, o problema é se defrontar com o que produzimos e em nome de quem e para qual retorno. O financeiro é irrisório, qualquer obra simbólica ou de menor esforço físico valendo mais. Nos desgastamos em deslocamentos para cobrir pautas, em horas escolhendo e editando as palavras certas nos resumos jogados nas lixeiras dos calçadões ao fim do dia. Ao buraco do esquecimento no migratório e acelerado circuito virtual que nos engole como pequenas presas de leões.

A outra companheira que destrincha umas linhas, uns podem chamar de thread, resmunga a respeito do barulho feito pelos vizinhos de cima do apartamento. Taí outro problema comum dos deseducados moradores de condomínios Brasil adiante, mesmo essa sendo uma legítima pelotense. Reclama sobre barulhos de móveis ou de que for que está sendo arrastado teto acima para ela. Três horas da madrugada e essa situação humilhante, o sono, ainda gratuito, sendo dizimado em nome de algum absurdo para o horário.

Desânimo dela que conta aos leitores madrugadores ser uma cena comum. Gravou vídeos com o celular para provar o horário e o estampido dos sons impertinentes no apartamento de cima. Mais cedo, uma outra menina reclamava do sexo dos vizinhos, mas essa é outra história. Outra história que pelo menos era mais justificável e mais cedo.

A boa notícia, segundo o portal da emissora mais famosa do Brasil, é que os imóveis baixaram 0,01% do preço no mês de abril. É a grande chance de trocar de endereço, desanimados e desanimadas deste país. Assim foi-se a segunda das feiras.

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