A censura em uma época é o regozijo para essa mesma obra em outra época.
Quantas obras ganharam notoriedade, destaque, ornamentos dourados por serem censuradas em determinadas ocasiões e contextos e depois, quando puderam ser lidas, alçaram um patamar de altivez perante aqueles curiosos, desejosos de desfrutar das antes proibidas aventuras?
Eis o risco para governantes censores, excludentes, conservadores, opressores das artes para suas lembranças históricas. Serão reconhecidos como os que tentaram tapar o sol com a paneira, tentar cessar o ir e vir do ciclo milenar dos dias e das noites. Tentaram evitar o inevitável, na ocultação da primavera que tarda, mas logo nos apetece.
Mal sabem esses desinformados que com a alarma censora acabam por ampliar o alcance e o interesse popular pelo que lhes era tomado à mão grande e repressora. A população deseja a informação, quer saber de seus contos, de sua cultura e a cultura lhe será dificultada, mas jamais omitida por completude. A fecundação e a polinização seguirão seus ritmos conforme conseguem superarem-se.
Avante, inventores e tradutores das mais diversas épocas em suas linhas de produção própria, dos olhares atentos aos apontamentos de cordel. Ao passo que eles impeçam muitos de nossos companheiros, haveremos de, pelos que passam pelas opressivas cercas de arames, realçarmos o brilhante pomo da literatura. As épocas nos pertencem. A eles, que reste o duro julgamento, quando não o esquecimento por completo.
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