26/12/2019

cinzas de rima

na produção da rima
na formatação espaço
de forma exímia
pus cada acento acima
pus cada cedilha abaixo
pensei sua gargantilha
cada um de seus pedaços
da criação que é filha
sua do nu dos braços
das pernas também nuas
tento trazer seus traços
empréstimo de suas ilhas
arquipélago em seu formato

toda a canção etílica
vozes são seu retrato
detalhes que aqui se empilha
recall até os metatarsos
assim a rima é um corpo
ou somente extremidades
epiderme coberta
colheita de minha meta

assim a rima é um sopro
põe o barco em movimento
impõe-se do cais afora
e conserva sim um lamento
sem ser revelado agora
úlcera que vem por dentro
consome, corpo não chora
cora sem esquecimento
na hora que a conta cobra
o juro é o maior fermento
o juri é teu e torra
condena ao abatimento

assim a rima é teu corpo
inesquecível vinho tinto
só piora a distância
a lembrança com o tempo
consome toda a relevância
primeiro plano
lente de aumento
ocupa toda a mente
stand by, resto dormente
resta a fresta do esquecimento
migalhas enganam
e logo falha
cai de novo nas malhas
tralhas de vão passado
train in vain
vai aonde?
onde não possa ser encontrado

a rima te encontra
a rima é teu corpo
acampamento monta
apronta a fogueira
sendo consumida com o tempo

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