24/08/2019

palpites

ando em caminhadas longas demais para não pensar em morte. mas não é este o tema, não desista ainda do texto. passo seguidamente pela escola para deficientes visuais. uma colega de canguçu me diz que o termo deficiente, contrário de eficiente, não é bem o correto para usar. mas nessa escala de portadores de necessidades especiais, o termo deficiente para designar as pessoas com problema, a não eficiência, o não funcionamento visual, me parece adequado até. convenções a serem seguidas ou não.

o próprio time de futebol de cegos se denomina assim na categoria que disputam. futebol de cegos. um abraço ao incansável presidente e atleta diego lemos, que muito me procura para enviar as informações e estar na busca por apoio ao time da asdefipel. novamente a palavra ali se intromete: associação dos deficientes físicos de pelotas. disputaram recentemente torneio em são paulo capital. diego me envia longos áudios explicativos e os transcrevo com as infos das melhores maneiras possíveis, procurando ser atencioso com o paradesporte local ao nosso jornal. certa vez, por descuido, quase digitei grandes mensagens, que poderiam ser lidas a ele por quem o auxilia, mas preferi segurar o botão e enviar também em áudios o prosseguimento de nosso diálogo.

toda essa volta, até fraternal ao trabalho de diego e do time, para recordar o que me inspirou neste presente caso. passar pelo endereço da escola verde e branca que homenageia em nome louis braille. fico pensando a agressividade das ruas em não respeitá-los ou dificultarem-lhes o acolhimento. novamente a menina de canguçu impondo barreiras para a palavra incluir, por exemplo, em que teria algum sentido do que já prevê haver exclusão. enfim, enfim, é perceptível como as ruas e as pessoas são agressivas, muitas vezes sem perceber, com pessoas que apresentam deficiências visuais, no exemplo trazido aqui.

outras deficiências, como as de mobilidade são cruéis nas calçadas. em pelotas, as calçadas são muito estreitas em determinados pontos, em ruas do centro histórico, antigo e pouco inclusivo, em situações jamais previstas século retrasado. a situação das calçadas é precária em aspectos higiênicos também, na quantidade de lixo e dejetos que dificultam atos de simples caminhadas. muitas vezes sinto-me impedido do melhor desempenho e fico a pensar sobre as pessoas de idade ou o perigo até higiênico representado na inocência das crianças e finalmente nos seres que me proponho a abordar aqui, os deficientes físicos ou visuais.

aposto que as pessoas que não recolhem dejetos de cachorro não pensam neles. aposto que quem deixa lixo pela calçada, em quantidades tropeçáveis e nada higiênicas não pensa neles. aposto que muitas vezes falta a sensibilidade de pedestres e inclusive de quem projeta o que está sendo feito ou as manutenções do espaço já existente e urbanizado. aposto que os motoqueiros exibidos com o barulho das motos não pensam o impacto nos ouvidos sensibilizados e essenciais para eles conviverem nas ruas. ou quem usa som alto demais nos carros. ou qualquer outro tipo de poluição física ou sonora nos grandes centros urbanos brasileiros.

as ruas assaz agressivas contra tantos. se sentiu identificado contra alguma dessas acusações, bora mudar suas experiências. para os mais ousados ou menos tímidos, bora encarar mais de quem faça esses atentados contra os próximos. com essas palavras enquanto não encontro outras melhores, me despeço com o perdão a duda ou a quem mais contestar essas palavras-chave de buscar INCLUSÃO para com as pessoas com deficiência.

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