11/08/2019

"Mas dias melhores virão"

"Mas dias melhores virão, se Deus quiser", completa minha mãe ao telefone com minha dinda, para alguns estados brasileiros 'madrinha'. Soube por intermédio da ligação que a segunda levou um tombo e está lidando com as sequelas. É uma senhora com idade que avança, ela nunca nos diz exatamente a quantas anda a cada aniversário, e além do mais já passou por processos quimioterápicos. Sim, é possível que dias melhores venham, seja qual for a perspectiva, por exemplo o tempo melhorar na direção do verão. Hoje é 11 de agosto.

Minha irmã está completando mais um aniversário, mudando a dezena de sua idade dos vinte aos trinta, enquanto meu pai comemora de alguma forma o dia dos pais. Tanto minha irmã quanto eu não somos tão apegados a essas datas, o que me faz perguntar se um dia sentirei que poderia tê-las aproveitado melhor. É uma questão de estilo e luto sempre para meu eu posterior reconhecer as deficiências e limitações do eu anterior. Minha paciência para socializar caminha com bateria fraca, quase no alerta ou na reserva do tanque de combustível, por assim dizer.

O domingo passou até de forma agradável, seja pelo tempo com sol ou pelo humor dos presentes, ou o tempo do sol minando positivamente o humor dos presentes. Ainda durante a refeição de almoço, para qual dou boas vindas aos que anteriormente chegam, houve uma brincadeira de humor mórbido sobre minha vó, que comemorou aniversário dia 9 e é a única viva entre a geração de seus irmãos. Todos faleceram entre 83 e 88 anos. Ela completou 86 e propuseram o desafio se chega a ultrapassar a idade da falecida irmã. Como elas se teimavam muito, riram que não há escolha: ou minha vó vai tomar um tapa por tê-la ultrapassado ou a falecida irmã carregará a glória de ter durado mais.

É o tipo de besteira que até penso, mas não esperava a conivência dos demais, porém aconteceu e nem fui eu quem projetou tal assunto e pensamentos. Agosto se torna um mês para avaliar e reavaliar os membros familiares pelos aniversários de minhas irmã e avó, além da passagem do dia dos pais, também comemorado neste domingo.

Meu pai jogou água abaixo no seu discurso de cautela com bebidas alcoólicas ao passar à exibição após sua segunda lata. Ponto para mim contra ele nas próximas, brinco. Entre diversos temas que poderiam ser explorados, é estranho cumprimentar e se despedir de minhas avó e tia após terem se mudado da vizinhança de nossa casa e agora estão na ponta oposta da cidade. Se despedir ganha novas proporções, pois não estarão "de chinelo", como se diz, tão logo no próximo dia. É preciso crer, dentre outras coisas, que dias melhores virão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário