11/02/2018

Papéis dobrados

Queria dormir o domingo após passar a madrugada chapando e falando bobagem na internet. São coisas que costumo fazer com moderação, mas acredito que passei um pouco dos limites. Inclusive dormir. Era para ter acordado bem mais cedo, mas acordei, após o almoço, só no meio da tarde.

Meus sonhos foram dos mais esquisitos. Estava caminhando nos Estados Unidos e lembrei que não falava inglês. Praticamente não falo inglês. Até leio, entendo algumas coisas em diálogos, mas falar é complicado. Então estava de bicicleta e ela não tinha freios. Imagina causar um acidente no trânsito dos Estados Unidos. Um maldito sul-americano ciclista. O que contribuiu com a economia, esse maldito? Eles iriam pensar. Aí depois lembrei que havia passado no supermercado e fiz compras e usei dólares e um amigo meu me ajudou. Ele não estava mais comigo depois, mas lembro que ele me ajudou anteriormente nessa missão. Por último, entrei numa sala de reuniões numa rua e todos falavam português, embora eu ainda estivesse no país estrangeiro. E contei uma experiência que foi a de ter que narrar um jogo sabendo absolutamente nada sobre os times. Inclusive, a parte engraçada foi que me passaram para narrar o segundo tempo no estúdio e a televisão, ao meu entendimento, nem sequer estava sintonizada na partida e eu comecei enrolando as informações de onde era o jogo e quanto estava o placar, mas eu não me dava conta de que aquela era de fato a partida. O uniforme dos times deve ter me confundido. Tudo muito estranho. Durante a transmissão, parei de narrar e deixei a rádio à mercê do silêncio e outros funcionários me encaravam, mas eu não ligava se perdesse o emprego naquela oportunidade. Empregos praticamente voluntários. Ora essa.

Acordei e as situações seguiram acontecendo como nos desastres desses sonhos. Pequenas coisas que dão errado. Por exemplo, querer cagar e estar com o pênis duro. Pensei sobre a quantidade de sexo que as pessoas fazem ao redor do mundo. O mundo de bilhões de pessoas é muito composto por chineses e indianos. São maioria. Os Estados Unidos, bem ocidentais de cultura, ditadores de culturas, imperialistas de culturas, estão distantes em números absolutos de população. São muitos chineses e indianos. Muitos mesmo.

Enfim, as culturas são diferentes da liberdade que é encontrada no Brasil. E penso como o Brasil é visto pelo mundo como sinônimo de liberdade, apesar dos fortes preconceitos enraizados e pouco discutidos aqui dentro. Mas, quanto à liberdade de sexo, parece um país em que as pessoas transam bastante em relação aos demais. Imaginei países da alta qualidade de vida, como os nórdicos, mas que não devem transar tanto. Ouvi sobre abusos como de álcool e algumas políticas para conter isso. Talvez pelo clima soturno, solidão, comunidades fechadas. Não sei. Outras culturas são extremamente monogâmicas. Parecem até mais monogâmicas do que monoteístas. E em outras o sexo é apenas após a união com as espécies de casamento, o que limita a quantidade de parceiros, por exemplo. Limita completamente, se for ver.

E comentei sobre comunidades fechadas. Bem, comunidades pequenas em que as pessoas julgariam - principalmente mulheres - por suas escolhas sexuais são constantes pelo mundo todo. Mesmo nas culturas consideradas mais abertas e ocidentalizadas. Pequenas comunidades em que dizem que o modo de vida é mais tranquilo e as pessoas se conhecem. Isso me dá nos nervos, porque não quero que muita gente me conheça e não quero conhecer a fundo muita gente. Isso serve para arquitetar os julgamentos. Ter mais motivos ou razões para te analisarem ou criticarem. Para eu, que gosto de escrever, isso parece bom, estar do lado observador dos binóculos. Mas estar do lado observado, quando muitas vezes a crítica é negativa pelo simples prazer de te aporrinharem ou de sentirem superiores mediante à depreciação do próximo, é uma verdadeira droga.

Penso que eu detesto tanto os julgamentos dos outros que os antecipo e julgo a mim mesmo. E muitas vezes exponho meus defeitos antes que os descubram. Eis! Aqui estão! Olhem para eles! Convivam com eles! Malditos. Nas comunidades maiores é possível conviver maior tempo no anonimato ou com detalhes menores sobre a sua vida. Aquelas situações, coisas, lembranças, experiências em que não há o desejo de compartilhamento, de divisão, até porque em nada acrescentam, em geral. Apenas geram a bola de neve dos raios dos julgamentos. As pessoas estão sempre prontas para achar defeitos e jogar contra ti depois. Sempre estão.

Bolei a maior parte desse texto enquanto estava dobrando papéis higiênicos no banheiro. A maioria dos escritores descreve coisas nojentas. Deve ser porque aproveitam tudo quanto é tipo de assunto. Se levam essa lógica de aproveitar, devem dobrar o mesmo papel várias vezes antes considerar que devem ir à lixeira.

Nenhum comentário:

Postar um comentário