Do seu véu que desprende
Do janeiro que se estende
Ao ano inteiro
Rio de Janeiro
Do céu que é mais perto
Do sol que se esconde
Dos passeios que fiz
Na praia e no bonde
Rio de Janeiro
Do Cristo, tão visto
E tão comentado
No jogo misto
Do concreto e do sagrado
Rio de Janeiro
Das escadarias
Do dia e da noite
Da Lapa e do mapa
Imprevistos talhados
Rio de Janeiro
Dos táxis amarelos
Das lixeiras laranjas
Franja sobre as areias
Do berço afamado
De Copacabana
Rio de Janeiro
Das luzes do morro
Do povo guerreiro
Que pede socorro
Não perde a alegria
Do sorriso que é soro
Rio de Janeiro
Do Maracanã
Do ontem, do hoje
Do Garrincha e do Zico
E do mito de como
Ficará o amanhã
Rio de Janeiro
Do Flamengo,
Fluminense,
Botafogo e Vasco
Do jogo que nasce
Da perna que chuta
Do braço que luta
Com a bandeira no mastro
Rio de Janeiro
Da Baía de Guanabara
Que vou-me embora
Sem ter a honra
De ver-te aurora
E nos amanheceres cinzentos
De um sol preguiçoso e lento
De pingos de chuva adventos
Do tempo, este ligeiro
Que estive contigo
Como filho rebento
Deste único e estranho abrigo
Rio de Janeiro
Rio, que me recepcionou
Com meu velho conhecido frio
Das terras advindas do sul
Que me negaste, Rio, um céu azul
E mesmo assim me seduziste
Com teu ar juvenil
Rio, já não te dou
O sobrenome de Janeiro
Pois és belo o ano inteiro
Nestas curvas encantadas
Por quem te batizou
Rio, sigas lindo
Em constante desafio
E com alguma humildade
Em outra hora e outra idade
Te encontro, no cio da tua mocidade
Com meu olhar infantil
Foto: Henrique König |
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