30/10/2014

Espelhos e Espinhos

As diferenças são como pequenos espinhos. Espinhos imersos em uma superfície onde APARENTA haver civilidade. Mas quando cutucados, os espinhos inflamam e não são retirados sem punir quem ousou encostá-los. Aí debates acabam em brigas, baixaria e preconceitos em erupção.

São tempos atuais de discordância elevada em grau político, quando debatem-se as crenças do que seria melhor em âmbitos sociais e econômicos. A eleição presidencial parelha e antagônica separou visões diferentes. A corrida de campanha foi conduzida como uma corrida entre duas bigas, de certa forma em retrocesso semelhante às barbáries comuns aos romanos da época.


Mas os fatores já borbulhavam anteriormente. Temas como os direitos humanos, redução da maioridade penal, a caminhada da economia e o auxílio de programas sociais eram debatidos. O ódio pronto para ser um espinho inflamado e jorrar ofensas a quem estivesse contrário nas proximidades.


Penso que muitas passagens da disciplina estudada de História nos remetem a acontecimentos lamentáveis na trajetória da humanidade, talvez narrados com muito heroísmo e sem a força crítica necessária. Podemos listar o fascismo e o nazismo do século anterior, o período da escravidão duradouro no Brasil, a Revolução Farroupilha aos gaúchos, dentre outros movimentos.

Sem o devido cuidado ao explicar tais passagens, existe o perigo de deixar crescer no indivíduo um sentimento errôneo, com sementes preconceituosas, seja na questão racial, xenofóbica e também no preconceito contra classes sociais.


A pressão no governo do país pelos próximos dias e meses será grande. O caldeirão ainda mistura mudança política em meio aos discursos de ódio nas redes sociais, em gestos e passeatas. A palavra Impeachment, equivocadamente, já faz parte do vocabulário de alguns acalorados e sedentos por cenas épicas. Há de se dizer que são completamente DESNECESSÁRIAS ao cenário atual brasileiro.

A estrada por maior democratização e acesso à população é o caminho, sem retrocessos de golpes de poder em favor de forças militares, sem desqualificar os direitos das mulheres, do povo quilombola, indígena e LGBT. Sem desqualificar o velho Nordeste do Brasil

Seria importante atualmente uma cirurgia que retire os espinhos dessas discussões em prol do bem comum a todos, ou cada mais próximo disso (todos!). E, no processo de retirada dos espinhos, sem exaltar o ódio e a violência nos envolvidos. O ódio e a violência devem ser contidos por uma anestesia duradoura e racional.

É preciso enxergar o bem estar dos outros no espelho da reflexão. O espinho na biologia protege o próprio ser, como ocorre em animais e plantas. Na metáfora daqui, espinhar por espinhar, por maldade, em nada acrescenta. E as flores devem se sobrepor em um jardim bem variado, de preservação da identidade humana em qualquer caráter.
Reprodução: Blog Adilson Costa

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