22/09/2014

Não deixe a capa castrar o livro

As voltas voláteis do volante, timão que move o mundo, são conhecidas de nossas humildes cabeças. A roda gigante de estar embaixo agora e estar em cima mais tarde, ou vice-versa, acompanha nossa passagem em andança. Bem verdade que as mudanças estão longe de serem no comodismo de uma cabine (chamam cabine?) de uma roda gigante, onde vomitar é uma opção que passa longe, se comparar com outras atrações dos parques de diversões. As mudanças instáveis se assemelham mais a trens-fantasma, montanhas-russas e aqueles crazy fucking dance e sei lá o quê mais.

As primeiras impressões a respeito de uma pessoa surgem quase involuntárias. Nossa capacidade de julgar o livro pela capa se excita e lançamos, mesmo que para nós mesmo, pareceres, ideias, subestimando ou enaltecendo a nova forma de vida a se conhecer. "Ilusão de ótima" é uma de minhas postagens nesse blog. Mas além de, primeiramente, termos impressões melhores do que as que descobriremos a seguir, no velho jogo de "expectativa x realidade", muitas vezes nos colocamos numa defensiva e procuramos defeitos logo de cara. Velha prática também do bullying, de buscar, através de deficiências / limitações problemas no próximo.


Os julgamentos que prestamos como que selecionando o próximo livro de cabeceira em uma disputada livraria, muitas vezes não se confirmam. Tendem a cair. Analisamos obras, trabalhos, atitudes sem nem ao menos conhecer a pessoa e sua larga e vasta vivência (que jamais entenderemos por completo). Se nem a mim mesmo posso direcionar e justificar o que faço e farei, por que caberia julgar o próximo pelo que fez ou faz? E o fará, que ainda não nos pertence sequer TENTAR medir!

Nessas voltas prestadas pelo mundo, em vantagens e desvantagens, em alegrias e tristezas, em saúdes e doenças, o que construímos de julgamentos sobre pessoas, seus trabalhos, empresas, suas dimensões, caem e se perdem. Quantas vezes julgamos situações olhando por fora, sem conhecer os reais fatores envolventes na causa? Clubes de futebol que não apresentam resultados satisfatórios, por exemplo, podem ter problemas de elenco, rendimento de atletas, contratações erradas, problemas com preparação física, com logística... Enfim, há de se levar em consideração todos esses itens e mais alguns, como finanças, investimentos, marketing...

Uma pessoa que comete um crime pode ter uma criação e uma convivência que incentivaram a chegar a tal ponto. Exemplos de familiares, de amigos que fizeram o mesmo e saíram impunes. Exemplos copiados de uma sociedade competitiva e violenta. Os exemplos rondam e caçam nossas mentes de formas brutais e cruéis. Como se não bastasse o próprio diabinho suplicando sobre meu ombro com maldades intrínsecas.

Cabe então, ao terminar o tecimento de mais estas linhas (mania desses vícios de linguagem que formalizam e padronizam minhas baboseiras) nos confrontarmos com nós mesmos com o objetivo de domar as abusivas castrações de análise. Para de falar difícil! Tá, ok. Cabe a nós diminuir os julgamentos e darmos mais oportunidade aos outros mostrarem o que são e o que querem. Cabe ficarmos atentos, observarmos antes de emitir nossas percepções. O julgado e taxado de hoje pode te ajudar em um futuro próximo. Estejamos cientes. Por hoje é isso. Boa semana.


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