3 de setembro de 2024

O Nome da Rosa + Diary of a country Priest

Por ontem assisti ao filme O Nome da Rosa de 1986. Inspirado no livro famoso de Umberto Eco. Um mosteiro no norte da Itália. Um jovem aprendiz e seu mestre. Crimes que se sucedem sem solução imediata. Investigação. Profanações as mais diversas. Cruzamento entre a vida de monge e a vida pagã. Pecados, culpa e remissão. 

O jovem experimenta as tentações. Os livros se tornam o foco da jogada. Foi a primeira experiência cinematográfica em que visualizei o que diziam sobre os mosteiros guardarem as bibliotecas da época. Os primeiros registros. Cópias bíblicas e de outros livros que deveriam ser mantidos inalcançáveis, em sigilo, adormecidos em segredo. As bibliotecas eram labirintos guardados a sete chaves. Ler conteúdos seria profanar. A Idade Média corria assim antes da luz renascentista e o avanço das ciências. 

Os ratos permeiam a narrativa. A doença era uma chaga constante. As mortes passam a ocorrer. Suicídio ou vilania? Alguém empurrou o irmão de uma altura para morte ou se matou? E o outro que amanhece descoberto de cabeça para baixo? Questões que interrompem a tranquilidade da vida no monastério.

Por fora do treinamento dos padres, ocorria a vida pagã, que, para os compromissados na pureza cristã, eram profanadores, pecadores dos mais sérios. Renegar a Jesus nessas condições renderia penas máximas. A Inquisição atuava forte, perseguição a ser destacada com i maiúsculo. A destruição das barreiras é evidenciada ao final na cena que com certeza usou maiores recursos financeiros.

Diary of a Country Priest

Este filme de 1951 se tornou um de meus favoritos. A vida do jovem padre transferido para o interior da França. Os desafios em que ele passa para ser aceito, para dominar seu vício em álcool, para deter ou não seus desejos pela mulher que se apresenta.

O jovem ganhou a desconfiança dos demais em um primeiro momento. Tenta fazer amizade com um contraditório caçador, profissão mais comum ainda para época. 

A sequência da vida do jovem D'Ambricourt (papel de estreia do ator Claude Laydu) é permeada de enigmas, contradições, debates de valores sociais. Até hoje é notável a diferença do tratamento, da confiança em cidades grandes ou vilarejos de interior. Os valores católicos foram testados e metamorfeados constantemente. As possibilidade de mudanças sociais para indivíduos do campo se apresentavam muito limitadas. Entre o ser e o parecer a diferença pode ser gritante.

Quais os requisitos para alguém liderar uma vila? Para ser um líder respeitado? Para ser um padre confiável? A religião seguida à risca seria o antídoto aos vícios ou pode se tornar o próprio vício?

Os desvios da vida Santa devem ser sempre contornados ou nos fazem humanos? Perguntas que saltam e que podem permanecer após acompanhar as trajetórias cristãs de ambos os casos transcorridos nos filmes em questão. Perguntas que se modificam conforme as épocas ou que até em nosso período contemporâneo permanecem torneadas.

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