14/01/2024

Depressão e padrões

Acredito que após se passarem os dias de maior depressão, sente-se um sentimento de tempo perdido pelos dias desperdiçados. Apenas acredito nisso, porque, na verdade, não sinto que superei esses dias para olhar com outra ótica.

Em um exercício de imaginação, estava apenas imaginando como seria estar escape das garras da depressão, que cercam e encurralam, limitando nossas atuações no cotidiano.

O sol brilha forte lá fora, mas não quero sair. Tenho preguiça e vergonha e desinteresse. Às vezes mais preguiça, às vezes mais vergonha, às vezes mais desinteresse. Deixo minha cidade e meus amigos me perguntam quando irei voltar. Não sei quem encontrarei futuramente. A insegurança do futuro é prejudicial, mas, para o pleno exercício do viver, apenas o presente seria agora essencial. E no presente o sol brilha lá fora e não saio. Por preguiça, vergonha ou desinteresse.

O primeiro verão que vim para cá foi melhor. O tom da novidade, a proximidade a menos de quadra do mar. Caminhadas longas de exploração. Nem a ausência de Internet impedindo que eu caminhasse ouvindo músicas sortidas nos fones impedia. Nem o descontentamento constante com meu próprio corpo, de julgamentos imaginários ou existentes por outrem - certo é que eu sim me julgo.

Na Internet tiraram a semana para debater corpo feminino. A verdade é que uma tal indústria da moda construiu paradigmas antes inexistentes. Para vender roupa ou não vender, dificultar que se compre. Esses tempos ouvi uma ótima teoria que os estilistas, muitos deles gays, projetavam roupas para alterar a percepção das mulheres, concorrentes deles pelos homens. Se verdade ou não, há pingos de razão e sentido. A indústria é muito mais cruel do que o homem "comum". Ok, a indústria, as indústrias são comandadas por homens, mas pelos poucos capitalistas detentores do capital. Eles que mandam, constroem padrões inexistentes, mais fáceis ou mais difíceis de romper com.

O tal mercado de trabalho, a televisão também moldam padrões que em geral nem concordamos. Às vezes é escrachado, e tão falsa a aparência sobressaindo sobre a competência que o sentimento é repugnante ou de vergonha alheia.

Se o homem "comum" age em julgamento tão cruel quanto a indústria, ele é, sem meias palavras, um otário.

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