A mostra explora uma situação de Portugal rural, afastado, longe das maiores cidades do país, Lisboa e Porto. A falta de perspectiva é evidente no contexto dos jovens. Sem muitas alternativas, a saída das asas da família poderia ser uma solução. Mas, mal planejados, o destino é trágico aos novos pombos.
O filme perpassa diálogos filosóficos, ouvidos com intensidade, sem o intermédio usual de trilhas sonoras que muitas vezes tornam-se ruídos na comunicação. A palavra buscando ser sábia dos mais velhos. A palavra sonhadora e esperançosa da juventude. Ascensão e queda sendo construídos na simplicidade de um filme que desempenha uma narrativa feijão com arroz.
A melancolia de um povo português assentado após o tempo das grandes navegações e conquistas. Um Portugal que deixou Ásia, deixou América e deixou África. Um Portugal que mais lamenta a diminuição de seu poderio do que faz um minha culpa por tudo que ocasionou negativo a outros povos. Melancólico, refugiado nas entranhas de seu próprio país de atrasos e de agros campos distantes. Um preto e branco bucólico na tela de quase a totalidade do filme. Portugueses que já não mais guerreiros, mas mais recolhidos, resignados, observadores e maleados pelos campos, não mais enfrentando a severidade alentadora e destemida dos mares mundanos.
Um Portugal que se fecha e compõe músicas tristes. Sente saudades, aproveitando o bom Português, de quem não está mais, do que não é e nunca mais será. Fados contra os fardos do mundo. Portugal da narrativa de um Frágil como o Mundo, mas também como dica um filme mais antigo, em formato de imagens-documentário, o Movimento das Coisas, se não me engano, de 1985.
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