19/10/2022

Migalhas de Expectativa

Senhor, se for da tua vontade, saiba que aguentarei os sofrimentos e as dores. Mas só por determinado tempo, naturalmente.


O candidato Lula disse até que, sendo eleito, todo mundo vai namorar. É bom que seja eleito. Ou minha namorada vai ser viúva e eu serei viúvo dela. Não aguentaremos mais uma vitória do pior de todos.


Pela minha morte, hoje lamentaria mais por ela, que é mais jovem. Minha família tem mais alguns anos e daria algum jeito de superar. Ou, caso não superasse, seriam menos anos de martírio. Além do mais, quanto a superar: tomara sejam coisas que o tempo cure.


Comecei a ler O Estrangeiro, de Albert Camus. Que vergonha a minha. Li 10 páginas e já quero emitir algum parecer. O argelino consegue emitir personagens de psicológico avançado. Ora, parece ele mesmo raciocinando por meio de terceiros. E está ótimo. É filosofia disfarçada em romances. É Camus de sobretudo e bigodes falsos.


3 horas da manhã e tem alguém online no grupo da imprensa de clube local. Alguém além de mim. Alguém que foi emissor. Fui receptor de constatar alguém online que não seja eu. São 3 da manhã.


Tenho me sentido mais cansado, resignado, menos esperançoso, menos encontrador de onde posso depositar minhas migalhas de expectativa. Antecipei minha velhice em muitos anos, muito além do recomendado. É a minha mente, além dos problemas de saúde, os quais não os condeno exclusivamente pela culpa. Um tanto quanto eu já era assim e isso não se pode negar. As circunstâncias e os contextos me tornam desacreditado e ranzinza. Só não me sinto ranzinza o suficiente para decorar como se escreve essa maldita palavra. Um dia me tornarei ranzinza o suficiente para escrevê-la de forma certeira e indubitável. Nessa missão nem o intrometido corretor deu as caras.



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