01/04/2022

Até a Hora de Parar

O tempo passa

Como qualquer um sabe

Como qualquer indivíduo percebe

Cedo ou tarde

Longe ou perto de sua sede

Por fatos que comprovam 

Mais fácil ou mais difícil o que se mede

Mas percebe


Que o tempo passa

O caminho retrospectivo da memória 

Se torna mais longo 

A bagunça é maior 

Demoramos um pouco 

O que estava ao redor 

Agora é só um ponto 

Distante talvez oculto 

Outro mundo

Inalcançável porque - já passou


E o tempo segue a passar

O trem apita na madrugada

Faróis na estrada - luz alta

Logo passa na devolução 

Da escuridão que se alastra

Por todos os lados até a alvorada

A luz que penteia o relvado

E diagnostica sem sombra

De dúvida 


Que o tempo passa

Que os bois que pastavam agora são

Carcaças; que quem os governava 

Já não ameaça mais o mundo 

Porque se fundiu com a terra 

Partiu - sem assinar acordos em Genebra

Sem combinar com os demais habitantes

Microscópicos nos submundos utópicos 

Que não enxergamos e mesmo assim

São nosso destino - a todos humanos

Entra ano e sai ano em calendários 

Gregorianos nas paredes e nas telas 

De smartphones e alofones que pronunciamos

Sem saber as regras da morfo ou da fono

Logia - magia que as cordas de movimentos vocais 

Pronunciam; e anunciam 

Enquanto tenho lenha para queimar

E vocabulário a gastar: poesia



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