Seu Manuel era o porteiro da escola. Mal era possível que fosse de verdade. Velhinho desde mais novo, barba que fundia-se ao cabelo. Mais grisalho do que negro. Óculos que ajeitavam-se bem à sua face. Ficava escorado contra a parede com a roupa repetitiva. Um moletom cinza com detalhes grenás. Transmitia um aspecto confortável como roupas de algodão.
Seu Manuel parecia vir direto de alguma regravação da novela Carrossel, destinada a acostumar as crianças aos ritmos da pré ou já iniciada escola. Parecia um personagem, um porteiro de qualquer portão da Terra ou do céu, de tão caricato.
Transmitia a nós algo de bom velhinho, de avô que a maioria não tivemos. E aí morava parte do conforto de seu aspecto.
Parecia com algum projeto de papai noel ainda pouco barrigudo e/ou não totalmente grisalho. Ou parecia um revolucionário russo. Mas nós infantis não conhecíamos o poder dos sovietes. Imaginação minha.
- Sr. Levy Ivanovich, o Sr. não pode ser porteiro da escola com este nome. Será acusado de comunismo, de ser subversivo aos jovens!
- Pois então que me chamem de Manuel.
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