02/03/2020

tous les jours

A informação é o bem mais valioso, mas circula pelos ares. Quem a pega? Quem a precisa pegar? Ela não é tateável, se ela circula das bocas aos ouvidos. Tateável no máximo das escritas aos olhos, mas armazenada novamente na cabeça. Quem a tem? Quem a rouba? Quem a influencia? Quem a transfere? Quem a reescreve? Quem a edita? Quem a reedita? A quem beneficia? A quem desagrada? A informação.

A informação circula como prioridade nos seus dias. Não é mais aquela imagem do senhor que acorda e lê o jornal no café da manhã, mas está no seu celular, no seu computador. Alguém a escreveu. Quanto vale? Alguém escreveu a sinopse para aquele filme, para aquela série, para aquele jogo. Quem escreveu? Quanto vale?

Alguém escreveu sobre o jogo de futebol que não foi visto, ou outra modalidade que aconteceu, que está acontecendo, que vai acontecer. Quem? Quanto vale? Alguém escreveu divulgar o evento, para informar do protesto, para informar o dia e o horário disponíveis no feriado, para anunciar o tipo de sangue que está em falta do hemocentro, para informar o dia e a hora do enterro, para informar onde o trânsito está bloqueado, como e o porquê de estar, alguém escreveu para informar o dia do pagamento do parcelado salário proposto pelo governo. Quem escreveu? Quanto vale?

Alguém esteve em contato com as principais autoridades, foi atrás. Alguém foi onde ninguém tinha ido, naquele momento, naquele contexto. Alguém foi atrás, foi buscar. Alguém traduziu o que diziam os técnicos, os meteorologistas, os químicos, os engenheiros, os médicos, nos laudos da ciência, nas perícias medicinais, nas avaliações dos peritos, alguém ouviu, analisou e traduziu. Quem? Quanto vale?

Alguém acordou cedo, alguém dormiu tarde, alguém correu para leres, ouvires, perceberes parado, alguém esteve lá, alguém está lá, alguém estará lá e vai enviar para leres, ouvires e perceberes parado. Para dar assunto no barbeiro, no salão de beleza, no ponto de ônibus, no consultório odontológico, na estação do trem, no restaurante, na televisão no canto, no rádio no interior sobre as janelas das construções sobre minifúndios. Alguém no verbo está. Quem? Quanto vale?

Alguém deu aula a todas essas profissões, mas alguém também informou a todas essas profissões, nas matérias, reportagens, revistas, sinopses, críticas literárias, telejornais, radiojornais, resumos, resenhas, boletins informativos diários. Fichas, designes, cadastros, programas e seus preenchimentos. Alguém. Quem? E quanto vale? Laboral, autoral, o que circula, além dos lombos dos pesos de mulas, grãos, safras e sal, pulula e não pula um dia sequer, em todos marca presença, marca novidades, nascenças, mortes, barreiras, proenças, registros e crenças opinativas. Aditiva a locomotiva da vida no dia a dia da ciência do cotidiano.

Por anos e anos. Sempre alguém. Mas quem? E quanto vale?

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