24/03/2019

domingos

acordei tarde. descobri que havia visita e não quis almoçar. fingi um pouco dormir e depois peguei o celular. e depois fingi dormir e depois peguei o celular. e as visitas não ficaram muito tempo. meio que notam sua ausência e depois esquecem e conversam alto e se empolgam e lembram de sua ausência e depois esquecem e conversam alto. e segui ali, pensei em ler, mas a cabeça ainda doía, aí penso que a leitura vai avançar como se fosse uma pedra se movimentando no rim e talvez eu tenha mais dificuldade de gravar as informações, o que torna a leitura ainda mais inútil, porque, pra quê ela serve se não armazenarmos? só para dizer que leu? não li. e, sim, minha memória piora, são meus péssimos hábitos noturnos. ponto ou interrogação? ponto, porque é uma afirmativa, são meus péssimos hábitos noturnos, sim.

esperei saírem e esperei mais uns minutos pra não ficar tão evidente meu desejo que saíssem e então saí do quarto. só voltei a mexer nos lençóis para ajeitá-los após a refeição. não senti vontade de me higienizar. um dos poucos amigos jogou na timeline um texto sobre a relação entre saúde mental e saúde bucal. faz sentido, eu devia ter percebido a relação havia algum tempo.

tive que aquecer o almoço que há tão pouco era uma refeição familiar. o arroz estava empedrado, ou seja como chamem, mas o pouco de água quente ajudou a esvair esse processo de solidificação excessiva. era arroz com massa, muita gente tem preconceito com arroz com massa, porque é muito, como que chamam? carboidratos. é, carboidratos. mas eu até como. aqueci tudo novamente, menos os bifes. se havia salada, não sobrou pra mim. normal. uma alface me deixaria 5 ou 6% mais feliz. não comi muito. achei que esperar até às 14 pra me levantar me daria fome, mas não deu. um outro cara de porto alegre coloca na timeline que está com vergonha do quanto emagreceu e nem consegue mais usar bermuda, outro fruto da doença aquela. aquela maldita, vitimiza gente muito boa. eu considero muito boa. nem é me juntar ao grupo, mas é uma espécie de consciência de que ela atinge muita gente inteligente, ou muito sensível, ou na somatória, aquela inteligência perspicaz, e é gente decepcionada, decepcionada com as demais, com o mundo em volta, com a incapacidade de mudar as coisas, quiçá sua própria vida, imagina o mundo, cara, moçambique, zimbábue, esses eu conhecia os nomes desde que explorei o mapa-múndi aos 5 anos, mas tem um terceiro, malawi, creio que é malawi. se não for, vai ficar assim, porque é a sinceridade de quem não pesquisou durante a elaboração disso aqui, sacas?

é minha mente trabalhando tal qual o desenho de um mapa em carbono, o mais fiel e fidedigno possível. enfim, não almocei muito, não tenho exatamente vergonha de usar bermuda, embora me incomode a quantidade de pelos e as pernas por vezes muito finas também. tirei uns pelos esses dias e o púbis segue coçando, já deveria ter passado a sensação pela minha experiência nisso. ainda uso a mesma espuma de barbear da adolescência. pensava que precisaria renovar e gastar com isso seguidamente, mas que nada, ela ainda está ali, ainda é cheirosa e resolve na hora de aparar a barba. quando a gente é jovem pensa muita coisa errada, falta a vivência e a malícia e hoje que tu adquire um pouco disso, adquire o que não devia também e segue fudido dos pensamentos.

não tenho problema em lavar a louça, tenho lavado seguido até, verdade pura. mas a cuba, a pia levantou um cheiro horrível. aquele detergente amarelo já não me agrada, mas hoje foi péssimo. e só precisava lavar o que sujei, porque o que eles sujaram já havia sido limpo e seco e guardado. mas foi uma péssima sensação, logo depois do almoço, que não foi grande coisa. almocei, mas terminei sem vontade e despejei um pouco do arroz que sobrou para o balde que alimentava nossas galinhas, mas elas morreram. só sobrou uma, a mais moribunda de outros tempos, que meu pai chegou a dar remédio e comida no bico e a bicha velha sobreviveu, de forma inacreditável mesmo. tá lá agora, manca e solitária, esperando a morte chegar. as pombas em volta, aqueles bichos malditos, comem tudo e parece que troçam depois. as pessoas são como as pombas, se juntam nas praças, fazem merda e cagam por sobre as outras se for o caso.

agora pude retornar os afazeres, mandei as poucas mensagens que precisava, preciso me readequar ao calendário acadêmico, enquanto escrevo isso, lembro que posso utilizar a carteira estudantil pra ganhar descontos, pra rever pombas e tentar desviar delas. assim a gente segue. meu celular estava com quase nenhuma bateria, mas agora está na tomada, carregando no mais pleno dos gerúndios, a barrinha subindo. e assim tento subir a minha barrinha de energia também. meu time tem desfalques, mas é bem superior, o céu está bem azul. vai ser um dia legal pra muita gente. bom domingo a todos e todas.

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