27/09/2014

Cinzeiros que não apagam

Vadio que sou, adio os compromissos e as responsabilidades que a princípio doem, mas me fariam bem. Adio o processo de remoção da letra I que inicia a palavra imaturidade, que muitos me cobram, numa transição a prazo, mas que eles querem o quanto antes, à vista.

Vadio e vaidoso que sou, adio conversas e tira-teimas. Não vou direto ao ponto, porque como diz a canção: "se eu tentar ser mais direto, vou me perder, melhor deixar quieto." E quieto, na inquietude do silêncio, transbordo e deságuo aqui as influências e afluentes de mais um dia, pouco antes de nascer o próximo com o sol.

E nublado da mente prossigo. Inválido para o que interessa para a maioria. Insuficiente nas carências dos outros que procuram soluções. Carente na busca das minhas próprias respostas. Analisador dos arredores, com poucos credos a crer. Tenho credores de favores que não posso cumprir. Há credores em minha família, que faz, reconheço, sua parte. E de minha pessoa, já os disse: não esperem de mim mais do que este aviso. Não mais do que estas linhas.

Caminhar posso e pelos meus percursos tenho ideias. Abstratas e incompletas, na incessante procura por respostas. Por repostas, que reponham minha mente no âmbito da sanidade. Não me sinto são, nem de saúde e nem de santo. Faz algum tempo. Os lamentos se acumulam em uma imensa fogueira que clareia minhas retinas. Me cega. Me encerra em suas labaredas. Me cerca e não me deixa avançar.

O extintor está extinto. Mais uma mão de tinta recobre o muro das lamentações. O visual é berrante, o cheiro da tinta enjoa. As quatro paredes parecem reduzir o espaço. Os metros quadrados se estreitam. Os centímetros cúbicos de água sobem e, por mais que eu saiba nadar, nada me protege se a quantidade chegar até o teto.

Mais um texto. Mais um dia.



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