22/11/2013

PONTOS



Eis que em meio ao bate-papo descontraído, na troca de histórias e informações, muitas que entravam por um ouvido e saiam pelo outro, surgiu uma pergunta paralisante:
- E você tem certeza? – Questionaram-o.
Seu sorriso não se desmanchou instantaneamente e ainda balançou a cabeça em afirmação. – Mas claro que tenho!
Começou a remexer os bolsos à procura de alguma. Eram bolsos grandes e as mãos adentravam cada vez mais neles, já com um misto de preocupação inserido juntamente. Alarmante tornou-se o caso quando chegou ao fundo do bolso esquerdo. Em seguida, foi a vez do direito. Uma gota de suor brotou a escorrer na testa, friamente. “Afinal, onde estavam?”
Não poderia perder a compostura nesse constrangedor instante. “Vou tomar mais um gole”, pensou. Inclinou o copo para molhar as palavras que se sucederiam. A angulação foi a maior possível. Nenhuma gota. Nada.
A cadeira havia desaparecido. Não caiu no chão, pois também não estava mais lá. Queda livre e sem paradouro definido, apenas para baixo. Como galhos a quem desce a corredeira de um rio, enxergou exclamações aparecerem aos poucos, logo, aos montes. Tentava com a mão esquerda, tentava com a direita, em vão, aproveitamento de 0 / 22.
As dúvidas então surgiram. Chaves com nomes, mas que nada abrem. Valores de X, Y e outras variáveis. Tudo fugiu, com o perdão do trocadilho, como se pelo buraco da fechadura. A única alternativa para segurar nesse tombo era a que menos esperava: um ponto de interrogação.

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