16/10/2013

Primavera


Escolhemos despreocupadamente e sentamos foi mesmo ali, em frente ao Guarany. Lado a lado, meio fio, em frente ao 7 de Abril. O movimento na rua era mínimo e os batimentos do coração eram constantes. Chutei para adiante uma lata vazia de refrigerante. Inclinamos os corpos para trás, nucas a tocar o solo. Travessura sem travesseiros. Ignoramos a sujeira da calçada, pois o céu estava limpo. Olhei para a esquerda, para o par de olhos mais latino em que me aprofundei. Novamente mirei o céu e o teto de estrelas compunha o cenário em que eu era o ator da vida real. Naquele raro momento, mais perfeita do que a ficção, em meu mais brilhante papel. Estiquei o braço ao alto, o máximo que pude. Catei do bazar de astros uma estrela e emaranhei-a nos cabelos dela. Ela não se mexia, confiava na minha ação, mas pareceu desconfiada do resultado. Reagiu como uma debutante que experimenta um vestido. “Ficou bonito?”, perguntou. De prontidão, respondi: Tão bela como agora é. É primavera.

Nenhum comentário:

Postar um comentário