21 de setembro de 2024

Forró da Morte

A morte bateu na porta

Mulher de porte

Já não importa

A morte em seu trottoir 

Não veio à trote

Nem absorta

Veio em sua missão

Tirar palavras da sua boca

Morte em liquidação

Morte lenta

Morte em vão 

Morte na cidade

Apartamento, pensão 

Morte na avenida

Atropelada, morte ferida

Celebridade, desconhecida

Morte encomendada

Morte suada, abençoada

Morte assistida

Morte casada, morte de sorte

Morte de azar, morte em boicote

Morte no shot 

Headshot, bon soir 

Morte noir, morte tranquila

Morte shot de tequila

Morte em banco, morte na vila

Morte televisiva 

No walk talk, na bohemia 

Morte na delegacia 

No doi codi, no final de um disco

De Pink Floyd, morte de risco

Morte por vidro, por inalado

Morte do viciado

Morte por idade

Morte sem identidade

Morte beldade

Bate na porta

Mulher de porte

Já não importa

Morte com os olho aberto

A boca torta

Morte chamou 

Tu já se troca

Vestido longo

Gravata bota

Morte da velha 

Da meninota 

Morte veloz

Morte jabota 

Morte bandida

Do suicida 

Morte homicida

Morte por cota 

Investigada 

Ou esquecida

Ou arquivada 

Morte vingada 

Ou esquisita

Morte sem saída

Cara virada 

Para baixo ou para cima

Morte, morte, morte

De rotina 

Aves de rapina

Que sobrevoam 

Que saboreia

Morte na ceia

Ou no seio do forró

Morte, morte, morte

Só sobra o pó 

Sobra o pó

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