Conversava sobre como se entreter, mesmo que infantilmente, nos restaurantes. Abordava o assunto rememorando quando eu era mais jovem. Sempre gostei de me alimentar em casa. A comida de minha mãe era muito, muito boa. Acima da média do que os restaurantes podem me oferecer. No custo-benefício então, nem se fala. E eu apertava a mão (mão de vaca) nessas questões. Meu jeitinho. Enfim, gostava de comer em casa e saía com o pessoal. Mas o pessoal, no improviso, seja por não terem uma mãe como a minha, seja por necessidade de horário, gostavam improvisar ou APROVEITAR o momento reunindo as pessoas para uma ocasião especial: a jantar.
Enfim, muitas vezes eu poderia já ter comido em casa, como era minha preferência. Assim, se me reunia cedo demais com os demais, precisava encontrar métodos de aproveitar o tempo nos ambientes tediosos que podem ser os restaurantes se você já comeu ou está sem fome. Conversando com Camila, pensava sobre como servir de passatempo. As ideias foram surgindo, sempre no improviso do aproveitamento de todos os objetos possíveis, de guardanapos a palitadores de dentes.
Nã, nada de poesia de guardanapo. A caligrafia neles sai tão ruim que só seria aproveitável caso fosse a urgência de esquecer uma ideia. Mas, vá lá, bastante já enviei mensagens de texto para mim mesmo para não esquecer algo. Hoje em dia bloco de notas, grupo solitário no whatsapp e tantas outras opções semelhantes são possíveis. O guardanapo não me agrada para esses fins. Mas ele está entre meus métodos preferidos de pirralhear em restaurante.
Os canudos, ela sugeriu colocá-los na boca e fingir ser um inseto. Uma mosca. Criativo. Pensei naqueles canudos - quase todos - encaixáveis nas suas extremidades. Pessoal gostava de desperdiçar dessa maneira. Acho que desde a época eu não aprovava muito. Hoje menos. Engenharia desnecessária que me irritava um pouco. E tantas as legislações que estão proibindo os canudos plásticos. Deixemos eles de lado.
Em casa ou em casa de amigos e parentes próximos, com a segurança e confiança que o utensílio possa proporcionar, seria possível girá-lo no dedo. Não no ar, na ponta do dedo, mas apoiando o indicador sobre o prato e fazendo-o girar entorno do seu próprio eixo, criando um efeito visual interessante. Além do efeito visual que o prato em movimento pode aplicar, ele também serve como instrumento musical. Os talheres como baquetas e o som é garantido. O copo e sua transmissão de ondas sonoras também pode ser assim aproveitado.
Mas o meu preferido, como bom fã de basquete, era arremessar os guardanapos usados contra o copo dos convivas. Eles que perdoem, mas isso nunca perde a graça quando o arremesso é certeiro. É preciso direcionar o tempo certo para essa façanha. Em festas de aniversário, casamentos e formaturas, então, após o pouco do álcool encorajar ao fazer efeito no organismo, a sucessão de arremessos é garantida. É preciso não começar a noite dessa forma imatura. Não. Ao longo da jornada, ganhará o arrojamento necessário e saberá o timing destinado à essa atividade encantadora. As pessoas já devem ter degustado suas bebidas nos copos e taças. Taças o tanto melhores porque mais largas possibilitam melhor índice de acerto. As pessoas já beberam nelas, ou seja, já tiveram a oportunidade de desfrutar do uso típico a que são destinados os utensílios. Porém, quando acham que podem repetir mais uma rodada ou dispor do desembuchante para a sequência de salgadinhos ou outros comes - PÁ - você mirou e tacou-lhe o guardanapo amasado direto no gargalo. A pessoa pode ter visto ou não visto. Pode ser surpreendida, pode rir ou ficar irritada. E o efeito em nós, caçadores natos, é o cômico de qualquer maneira. Azar o delas. Sim, sim, um dia seremos vítimas, prejudicados pela própria (quase) inocente brincadeira, mas as lembranças passadas nos serão válidas na memória. Dias de caça e dias de caçadores. Sobretudo, noites, como bem entenderam.
Atividades também com selo certificado, mais do que indicado, para churrascos em família e outros almoços e jantares. Boa mira e façam bom proveito.
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