12/11/2023

Impressões sobre o cinema alemão

Tratam-se de meras impressões, suposições observadas sobre o cinema alemão contemporâneo, em especial na obra do diretor Christian Petzold, do qual estou acompanhando o sétimo filme em ordem cronológica desde os curtas com os quais iniciou a carreira.

Em parênteses, estou assistindo aos filmes na tela de meu compacto celular e quando os filmes são escuros podemos ver nosso rosto como em um espelho, às vezes atônito, às vezes indiferente, naturalmente.

Bom, sobre o cinema alemão, a observação que resultou na publicação dessas linhas consiste em analisar que, diferente de outros países mais bem demarcados com traços que muitas vezes beiram ou escracham o nível do estereótipo. Por exemplo, as conversações animadas e os muitos rolos amorosos dos italianos, ou dos quais também compartilham os franceses, porém mais polidos, preocupados em uma postura chique apesar de toda falsidade do charme burguês- já nos denunciavam há décadas. Os franceses como o próprio nome aponta em francos apontamentos, muitas vezes vistos por nós categóricos da sutileza como gestos grosseiros. Porém o cinema alemão, e além da contemporaneidade desde alguns primórdios como o filme do Golem em vilarejo judeu, ou até traços árabes ou turcos em histórias contadas pelos primeiros cineastas alemães, é notória a presença de muitos elementos estrangeiros ao que seria delimitação de Alemanha.

Wim Wenders trabalhou com histórias em diferentes países, dos Estados Unidos a Portugal. Portugal que está em destaque na obra A segurança interna (2000) de Christian Petzold, história na qual um casal de ditos terroristas com todas as aspas de esquerda criam uma filha adolescente mas tendo que pular de galho em galho pelos riscos das perseguições que sofrem.

Assim que a suplementação estrangeira está diretamente ligada ao cinema alemão. Não há um cinema alemão puro. País central, capital de uma Europa Central, desde a economia forte de Frankfurt aos portos de Hamburgo, da rica Baviera de Munique, da ligação com o leste nas complexas Leipzig e capital Berlim. No charme e nos bosques de interior por onde se possa passar nas histórias, até uma Stuttgart mais voltada nas proximidades da fronteira francesa. Um país de muitos migrantes, de africanos a árabes, chineses e turcos, e por que não brasileiros e outros seres americanos? Alemanha miscigenada porque assim é na busca pela qualidade de vida, nas saídas fugitivas de conflitos de violência e econômicos. Alemanha miscinegada também será por demonstrar superações passadas traumáticas em sua formação nacional e histórica?

O cinema alemão que observo é bastante complexo, com uma gama de assuntos, personagens, cenários, atuações. Já vi retratados prostitutas, mafiosos, drogados, banqueiros, famílias turcas, famílias miscigenadas, famílias a partir de homossexuais, de outras letras do LGBTQI+, bêbados, artistas, portuários, taberneiros, donos de redes hoteleiras, funcionários públicos, paisagistas, ecologistas, mulheres independentes em seus cabelos curtos, homens em seus cabelos compridos, bigodudos, fumantes machistas e os mais diversos personagens que se possa imaginar. 

Se imaginem cópias do cinema estadunidense, deboche com o cinema estadunidense, produções próprias mais silenciosas de viajantes, camponeses, andarilhos, passageiros de ônibus ou de trens, observadores das florestas, das belas estradas ou das águas, gente ligada aos vizinhos países, da França aos mais variados tipos do leste europeu.

O cinema alemão é um rico campo sociológico, semântico, de linguajares os mais diversos e atrativos. Antropologicamente variado, com seus personagens dos mais simplórios e caricatos aos mais desenvolvidos, que identificamos da realidade ou das imaginações mais profundas e surrealistas. 

Enfim, aqui apenas uma mostra para o que se pode explorar de ideias de observações a partir das mais diversas obras sejam elas de Wim Wenders, Fassbinder, Christian Petzold, Margarette von Trotta, Werner Herzog, Fatih Akin e outros e outras.

Nenhum comentário:

Postar um comentário